quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Mais quadras de António Aleixo


P´ra que tentaste subir
tão alto, mulher vaidosa?
quem sobe assim vai cair
na lama mais vergonhosa...

Meu amor, vê se te ajeitas
a usar meias modernas,
dessas meias que são feitas
da pele das próprias pernas.

De te ver fiquei repeso,
em vez de ganhar, perdi;
quis prender-te, fiquei preso,
e não sei se te prendi.

Que feliz destino o meu 
Desde a hora em que te vi; 
Julgo até que estou no céu 
Quando estou ao pé de ti.

Vemos gente bem vestida,
no aspeto desassombrada;
são tudo ilusões da vida,
tudo é miséria dourada.

Para não fazeres ofensas 
E teres dias felizes, 
não digas tudo o que pensas, 
mas pensa tudo o que dizes.

Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei,
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.

Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.

Esses por quem não te interessas
produzem quanto consomes:
vivem das tuas promessas
ganhando o pão que tu comes.

Não me deem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!

Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.


António Aleixo

NOTA: Se repararem, aqui ao lado esquerdo há o registo das mensagens mais vistas no meu blogue. Na lista figura, como curiosidade, a procura das quadras de António Aleixo. Por isso, aqui publico mais algumas.

Sem comentários:

Enviar um comentário