Na praia da Barra, no molhe sul, há blocos de cimento com expressão. O registo aqui fica. O que se vê em primeiro plano está triste; o outro é que parece feliz. Parece feliz, com o sorriso notório, mas até dá a entender que está envergonhado, encolhido lá atrás. Também não é para menos, com um Verão tímido que nem permite, a quem chega à praia, dar largas ao sonho de apanhar sol. Outros tempos virão, estou em crer.
sábado, 12 de julho de 2008
Semana Gastronómica da Ria
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ATÉ 20 DE JULHO
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Quem resiste a um bom prato de enguias de escabeche?

A Câmara Municipal de Aveiro organiza a Semana Gastronómica da Ria até dia 20 de Julho, com a participação de 18 restaurantes. Trata-se de uma iniciativa que conta com o apoio das Juntas de Freguesia da Glória e da Vera Cruz.
Os restaurantes foram convidados a apresentar uma “Ementa de pratos típicos Aveirenses”.
Os apreciadores da boa gastronomia aveirense não deixarão de aproveitar esta ocasião para se deliciarem. Faltar a uma festa destas é crime imperdoável, para gente de bom gosto.
Semana Gastronómica da Ria
A Câmara Municipal de Aveiro organiza a Semana Gastronómica da Ria até dia 20, com a participação de 18 restaurantes. Trata-se de uma iniciativa que conta com o apoio das Juntas de Freguesia da Glória e da Vera Cruz.
Os restaurantes foram convidados a apresentar uma “Ementa de pratos típicos Aveirenses”.
Os apreciadores da boa gastronomia aveirense não deixarão de aproveitar esta ocasião para se deliciarem.
Mergulho gratuito na Praia da Barra


HOJE, SÁBADO, 12 DE JULHO
Baptismos de mergulho gratuitos na Praia da Barra.
Não perca esta oportunidade única. Mergulhe em segurança, na companhia de um instrutor credenciado. Uma parceria do Porto de Aveiro com a aveirosub.
Os mergulhos gratuitos vão continuar até Agosto. Aproveite as oportunidades que lhe oferecem.
Informações: 234 367 666, 932 367 667,
aveirosub@aveirosub.com, geral@portodeaveiro.pt
SOBRE O FUTURO DA IGREJA CATÓLICA

Foi notícia nos média: a diocese de Lisboa perdeu nos últimos sete anos à volta de cem mil fiéis praticantes.
O próprio cardeal-patriarca reconheceu que há muita negatividade nas celebrações e na Igreja: inadaptação aos novos tempos; deficiências na formação dos padres; má proclamação da Palavra de Deus; má qualidade e falta de mensagem religiosa dos cânticos; homilias inadequadas e deficientes.
Os jovens queixam-se de que as celebrações são um seca e, frequentemente, têm razão. Onde estão a possibilidade de participação e de diálogo e homilias iluminantes da vida e dos seus problemas e a festa?
Por outro lado, há a invasão do materialismo e do consumismo hedonista. Ora, numa sociedade que procura fundamentalmente o bem-estar material, Deus tem cada vez menos lugar. Mesmo que haja - e há - procura de espiritualidade, já não é necessariamente através da mediação da Igreja. Aliás, há uma imensa crise de fé, que atinge o próprio clero, e sinais de que o cristianismo se pode tornar minoritário na Europa.
Mas é necessário também prevenir para equívocos e falsas idealizações. Assim, como mostrou J. Delumeau, não se pense, por exemplo, que a Idade Média foi sempre modelo de vida cristã. Apesar de tudo, talvez a Igreja hoje seja mais autêntica do que em todas as outras épocas, com excepção dos primeiros tempos do cristianismo. Não se pode esquecer que o mais importante é a prática cristã na vida: praticar a justiça, amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo. A outra prática - a frequência da missa - deveria vir na sequência da primeira.
De qualquer forma, embora, segundo estudo recente, mais de dois terços dos portugueses apresentem o ser católico como factor de identidade nacional, há uma crescente desafeição em relação à Igreja institucional. De facto, ela não acompanha os tempos e é vista como retrógrada: veja-se, por exemplo, a moral sexual e a relação entre fé e ciência.
Ainda recentemente dizia Eduardo Lourenço: "Lamento que o catolicismo se refugie em coisas arcaizantes que têm efeitos éticos e sociais deploráveis. Não sei se está condenado a morrer, mas está condenado a transformar-se."
Quando se pensa nas transformações do mundo moderno, percebe-se quanto será necessário, sem perder o núcleo da sua mensagem, a Igreja mudar. Dificilmente serão aceitáveis estruturas piramidais, sem participação activa, democrática. As mulheres andam magoadas com a Igreja e vão, legitimamente, exigir tratamento de igualdade. A Igreja não pode pregar os direitos humanos para fora, não os praticando dentro dela. Um dogmatismo rígido e inflexível, sem uma sadia opinião pública, não lhe é de modo nenhum favorável.
Depois, há vícios que é preciso combater, como proclama, do alto dos seus 81 anos, o cardeal Carlo Martini, considerado papabilis durante anos. Para ele, "o vício clerical por excelência" é a inveja. Há muitas pessoas dentro da Igreja "consumidas" pela inveja, perguntando: "Que mal cometi eu para nomearem fulano como bispo e não a mim?"
Para Martini, há outros pecados capitais fortemente presentes na Igreja: a vaidade e a calúnia. "Que grande é a vaidade na Igreja! Vê-se nos hábitos. Antes, os cardeais exibiam capas de seis metros de cauda de seda. A Igreja reveste-se continuamente de ornamentos inúteis. Tem essa tendência para a ostentação, o alarde."
E "o terrível carreirismo" clerical, especialmente na Cúria Romana, "onde todos querem ser mais"? Por isso, "certas coisas não se dizem, já que se sabe que bloqueiam a carreira". Isso é "péssimo para a Igreja". A verdade brilha pela ausência, pois "procura-se dizer o que agrada ao superior e age-se como cada um imagina que o superior gostaria, prestando deste modo um fraco serviço ao Papa".
Autênticas comunidades cristãs têm de assentar em três pilares: fé viva e capaz de dar razões, prática do amor e da justiça, celebrações belas a fortalecer a vida e a fé e a dar horizonte de sentido último à existência.
A Igreja só pode ter futuro, cumprindo o núcleo da sua missão: manter a pergunta acesa e activa a compaixão.
Anselmo Borges
In DN
PONTES DE ENCONTRO

No passado dia 4 de Julho, partilhei com os leitores um texto com o título “O país do copo meio cheio ou meio vazio”, referindo-me, concretamente, a Portugal e ao perigoso estado de coisas que teimam em persistir nesta terra lusitana, que não deixam o copo esvaziar nem encher de vez. Não há nada pior para um país, uma sociedade ou um qualquer cidadão do que andarem, permanentemente, em “águas paradas”, que acabarão, com o tempo, por ficarem fétidas e insalubres. Quando assim é, o melhor é cair-se, de vez, no fundo, ou seja, esvaziar o copo, definitivamente, pois, a partir daí, todos passam a saber que só há uma perspectiva para ver as coisas e uma só alternativa com saída e futuro: criar as dinâmicas e as sinergias necessárias para recomeçar tudo de novo, para que o copo seja cheio de vez.
Oscar Wilde (1854-1900) dizia que o “pessimista é uma pessoa que, podendo escolher entre dois males prefere ambos”, pelo que a questão do copo meio cheio ou meio vazio se aproxima muito mais deste comportamento patológico e paralisante. Como não há nada nem ninguém que sobreviva envolto numa atmosfera de pessimismo e indefinição, as alternativas, a partir daqui, só podem levar ao desânimo, à descrença, à maledicência e à desresponsabilização, pessoal e colectiva, em que cada um procura sobreviver de expedientes e da “esperteza saloia”.
Vem tudo isto a propósito do relatório que o Tribunal de Contas (TC) fez à Empresa pública Águas de Portugal (AdP), referente ao período de 2003 a 2006, que foi tornado público no passado dia 4 de Julho, onde são feitas críticas bastantes contundentes à forma de gestão da referida Empresa pública.
Nesse mesmo dia, o Presidente da AdP, Pedro Serra, reagiu aos dados apontados no Relatório do TC negando mesmo que a Empresa que dirige esteja em “situação económico-financeira débil”, ainda que tenha reconhecido que existem vários problemas, que estão identificados pela actual administração, e que serão corrigidos.
Eis, aqui, mais um exemplo do copo meio cheio ou meio vazio: uma mesma realidade pode ter, pelo menos, duas interpretações ou leituras diferentes, se não mesmo opostas. Quando assim é, o copo nunca mais se enche nem nunca mais fica vazio, o que dá para falar de tudo e de nada e permite que nada se altere, verdadeiramente.
Independentemente dos números revelados pelo TC e dos argumentos que os acompanham, há três indicadores (que não foram desmentidos pela Empresa AdP) que não devem passar em claro. O primeiro valor, refere-se aos 2,3 milhões de euros de prémios distribuídos a alguns trabalhadores da AdP, entre 2004 e 2006, “sem critérios claros e transparentes”, exactamente num período em que a AdP teve “resultados globais negativos de 75,5 milhões de euros”! Diz o Presidente da AdP que há que premiar quem se esforça por tirar a empresa da situação difícil em que se encontra. Pela lógica deste gestor público, também o Governo teria que dar “prémios” aos cidadãos do país que estão em dificuldades económicas e não se desculpar, como até aqui, que não pode distribuir riqueza quando não a tem para o fazer. Pelos vistos, o Ministro das Finanças tem que ir à AdP aprender como se fazem estas contas de dividir.
Um dos outros valores apresentados no Relatório do TC relaciona-se com os gastos de 2,5 milhões de euros na atribuição de viaturas a administradores e a alguns trabalhadores da AdP (viaturas trocadas de 3 ou de 4 em 4 anos), a que se junta o terceiro indicador, no valor de 478 milhões de euros, em gastos com combustível, para as viaturas anteriormente referidas. A tudo isto, há que juntar uma estrutura empresarial que deixa muitas dúvidas ao TC, quanto ao modelo em que está organizada. Dizer que isto é um escândalo ou uma irresponsabilidade é pouco e não leva à resolução de nada. É, isso sim, mais uma manifestação que confirma a regra de um hábito instituído e generalizado em todas as Empresas públicas deste país, em nome da dignidade de alguns cargos e de quem os ocupa e da perpetuação do país do copo meio cheio ou meio vazio. Como se verifica, por mais este exemplo, isto dá para tudo. Mesmo para o indefensável. Seja em nome de que dignidade for ou da falta dela, como é o caso!
Vítor Amorim
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