sábado, 1 de setembro de 2007

Recordando


ANTIGA PONTE DA GAFANHA
:
A minha geração, tal como a anterior, não pode deixar de se comover com esta fotografia da ponte de Gafanha. Comover com as recordações a que ela nos conduz, mas também com as lembranças que ela nos traz à memória da evolução dos nossos mundos. Nos tempos de hoje, seria impensável ver, entre nós, uma ponte como esta, de madeira, com as suas fragilidades. Lembro que, por exemplo, quando os sinais dessa fragilidade se faziam sentir, os passageiros da camioneta da carreira tinham de passar a ponte a pé (Não confundam com pontapé), retomando a camioneta no outro lado. Não fosse o diabo tecê-las e a ponte ruir com o peso.
Esta fotografia anda por aí na Net. Foi-me enviada por mão amiga, o que agradeço, e é com muito gosto que a partilho com os meus leitores.

Etnográfico em festa

Durante a viagem à Polónia
Grupo Etnográfico
da Gafanha da Nazaré
celebra mais um aniversário



Foi no dia 1 de Setembro de 1983 que nasceu o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. Até hoje, pelo trabalho desenvolvido, merece os nossos parabéns. Com o seu amor ao legado dos nossos avós, tem levado, bem longe, a nossa Terra.
Isto não significa que vai ficar por aqui. O Grupo vai continuar, certamente, a descobrir, a estudar, a preservar e a divulgar, no País ou no estrangeiro, a riqueza da nossa cultura, alicerçada em povos de matriz gandareza ou dos areais de Vagos, mas também dos mais variados recantos de Portugal.
Quando eu era miúdo, por exemplo, recordo-me bem das gentes do Norte, sobretudo de Fafe e suas redondezas, que, a caminho das secas do bacalhau, onde trabalhavam de sol a sol, cantavam em grupo as modas das suas terras, enquanto faziam meias de lã. Penso que estas áreas da etnografia e do folclore precisam de ser estudadas.
Neste dia de aniversário, aqui fica a sugestão.
Um abraço para todos quantos dirigem e trabalham, com muito amor, no Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

O JESUS DE RATZINGER-BENTO XVI (2)
:
Passados dois mil anos sobre a sua execução, um terço da população mundial acredita hoje em Jesus como o Cristo, o Messias, o Filho de Deus, o Salvador. Sobre ele escreveram-se centenas de milhares de livros e artigos. Os debates filosófico-teológicos por causa dele não têm conta. Por causa dele se morreu, por causa dele se matou. Há milhares de lugares consagrados ao seu culto. Não houve na História nenhum homem tão discutido e sobre o qual se tenha debatido e escrito tanto. "Ele dividiu a História ao meio" (padre Carreira das Neves). A questão de Jesus é a da relação entre o Jesus da História e o Cristo da fé. Como se chegou à confissão de que Jesus é o Cristo, que quer dizer o Messias, e o Filho de Deus? É a fé que estabelece esse laço, mas baseada na História. Sem o Jesus da História, o Cristo não passaria de um mito, mas, sem a confissão de fé de que o Jesus da História é o Cristo, Jesus não passaria de um mestre espiritual e mais uma vítima no calvário do mundo. A vida e a morte de Jesus abrem para a sua interpretação e reconhecimento como o Cristo; o Cristo ilumina a vida e a morte de Jesus. A chave acaba por ser a experiência da ressurreição - o Crucificado é o Vivente em Deus para sempre. J. Ratzinger-Bento XVI, no seu "Jesus de Nazaré", resultado de "uma longa caminhada interior" e que não é "um acto do Magistério", pressupõe esta tensão dinâmica e entrecruzada da História e da fé, mesmo se, como disse o cardeal Carlo Martini, especialista em estudos bíblicos, "ele não é exegeta, mas teólogo e, se bem que se mova agilmente por entre a literatura exegética do seu tempo, não fez estudos de primeira mão, por exemplo, sobre o texto crítico do Novo Testamento". Num horizonte mais paulino e agostiniano, acentua o Cristo eterno da fé, mas sublinhando que esse é o Jesus da história, "o dos Evangelhos". O cristianismo tem o seu núcleo na cristologia e, portanto, na confissão de fé da mais íntima unidade de Jesus com o Pai. Em Jesus, Deus vem ao nosso encontro. Ele é Deus presente no meio dos homens. Quem ler atentamente depara-se com um belo testemunho sobre Jesus e a fé tradicional da Igreja. O seu pendor conservador é notório, por exemplo, quando, ao explicar a oração do Pai Nosso, afirma que, apesar de todas as imagens sobre o amor materno de Deus, "Mãe" não é um título com o qual possamos dirigir- -nos a Ele. Embora a dimensão sociopolítica da actividade de Jesus fique na penumbra, Ratzinger- -Bento XVI não deixa de reconhecer a importância da presença das mulheres na comunidade mais próxima de Jesus e que é inegável "a opção preferencial pelos pobres". Apesar de declarar que o lugar do Reino de Deus é "a interioridade do Homem", alerta para os horrores do totalitarismo e da injustiça: "Face ao abuso do poder económico, face às crueldades de um capitalismo que degrada o Homem a simples mercadoria", compreendemos a advertência de Jesus frente ao deus Dinheiro, que "mantém grande parte do mundo numa opressão cruel". Comentando a parábola do bom Samaritano, sublinha a sua actualidade, e escreve sobre a África: quando traduzimos a parábola para as dimensões da comunidade mundial, "vemos que nos dizem respeito os povos de África, roubados e espoliados. Vemos então como são realmente nossos 'próximos', que também o nosso estilo de vida e a nossa história os espoliaram e espoliam. E isto não se passa apenas com a África." Não vemos também à nossa volta "o Homem espoliado e destroçado"? "As vítimas da droga, do tráfico de seres humanos, do turismo sexual, seres humanos intimamente destruídos, que, no meio da riqueza material, estão vazios." O fio condutor da obra de Ratzinger-Bento XVI é que o sinal de Deus para os homens é o próprio Jesus. Agora, sabemos que Deus é amor. É preciso "converter-se do Deus--Lei ao Deus maior, o Deus do amor". Para se não trair o essencial da mensagem, não se pode misturar a fé e a política. O preço da fusão da fé e do poder político é "a fé pôr-se ao serviço do poder e ter de se dobrar aos seus critérios."

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Bispo que aprovou a criação da paróquia


D. Manuel Correia de Bastos Pina, Bispo-Conde de Coimbra, diocese a que pertencia a Gafanha da Nazaré, foi o autor da erecção canónica da paróquia, em 31 de Agosto de 1910. 
Há dias, o prior da freguesia, Padre José Fidalgo, lembrou, numa celebração, que este bispo não tinha o seu nome perpetuado na cidade. Pediu, então, às autoridades, que diligenciassem nesse sentido. Concordo plenamente, até porque há pela cidade muitas ruas com nomes que nada nos dizem. 
D. Manuel de Bastos Pina nasceu no lugar da Costeira, freguesia de Carregosa, Oliveira de Azeméis, em 19 de Novembro de 1830. Começou os seus estudos em Ílhavo, com o Dr. José António Pereira Bilhano, que depois foi Arcebispo de Évora.
Foi confirmado Bispo de Coimbra a 22 de Dezembro de 1871. Foi Bispo-Conde de Coimbra mais de 40 anos. Faleceu na sua casa de Carregosa em 19 de Novembro de 1913, dia em que completava 83 anos de idade.

Paróquia de Nossa Senhora da Nazaré celebra aniversário


Em 31 de Agosto de 1910, D. Manuel Correia de Bastos Pina, Bispo-Conde de Coimbra, assinou a criação da paróquia da Gafanha da Nazaré. A freguesia havia sido criada por Decreto Real de D. Manuel II, com data de 23 de Junho do mesmo ano.

NOTAS:

- A Gafanha da Nazaré era, à data, um lugar de São Salvador, Ílhavo, Diocese de Coimbra. A Diocese de Aveiro seria restaurada em 1938;

- Tinha já gente em número suficiente para exercer de forma capaz os diferentes cargos paroquiais;

- Estava nas condições de exigidas por lei para poder ser erecta freguesia;

-Possuía uma capela, sob a invocação de Nossa Senhora da Nazaré, com capacidade, paramentos, vasos sagrados e alfaias necessárias para servir, provisoriamente, de igreja paroquial;

- Estava a construir uma nova igreja, já numa fase adiantada;

- Obrigava-se a pagar, anualmente, cem mil reis de côngrua ao pároco, que ficava ainda com as demais benesses e emolumentos que fossem de uso, direito e costume na freguesia de que era desanexada.

In Boletim Cultural da Gafanha da Nazaré, n.º 1

O AR QUE RESPIRAMOS



PÓ DO PORTO COMERCIAL
INVADE TUDO
NA GAFANHA DA NAZARÉ

É público que o Prof. Carlos Borrego, da Universidade de Aveiro, vai coordenar um estudo sobre o ar que se respira na Gafanha da Nazaré. Pela sua indiscutível competência, penso que todos vamos ficar a saber se podemos, ou não, andar descansados.
Ninguém ignora que uma zona industrial e portuária tem custos acrescidos na área do ambiente. Há produtos tóxicos e poluentes a serem armazenados e manipulados, o que não pode deixar de inquietar as populações, já que, com regularidade ou esporadicamente, há o perigo de derrame ou de fuga para o ambiente.
Há anos, e por mais do que uma vez, a Gafanha da Nazaré sofreu as consequências de situações dessas, com produtos químicos altamente perigosos a serem derramados para a atmosfera, na área do Porto Industrial. Na altura foi dito que a região das Gafanhas, e em especial a Gafanha da Nazaré, estava constantemente sob um “barril de pólvora”, prestes a rebentar a qualquer hora. Depois vieram os técnicos garantir que tudo estava controlado, não havendo perigo para ninguém.
Entretanto, a Gafanha da Nazaré começou a ser invadida por areias e pós que vinham do Porto Comercial. Incomodavam, obviamente, toda a gente, chegando a invadir as casas. O povo começou a protestas e desses protestos se fizeram eco os diversos órgãos de comunicação social.
Promessas e mais promessas de que tudo se iria resolver, tranquilizaram as pessoas. Mas a cena vai-se repetindo, ao ponto de os responsáveis resolverem avançar com o estudo entretanto anunciado.
É bom que ele seja feito, para tirar dúvidas e para ficarmos com certezas. Não é possível sentir o pó em tudo quanto é canto das nossas próprias casas. Mas o pior é que ele também vai ocupando um lugar garantido nos nossos pulmões. E isto não pode ser.

Fernando Martins

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Jardim Oudinot vai ter nova cara

Réplica da Guarita, já no espaço do jardim,
espera um enquadramento mais bonito

Jardim Oudinot
remodelado no próximo Verão

O projecto de qualificação urbana e ambiental do jardim Oudinot abre a concurso neste mês de Setembro. Se tudo correr como previsto, as obras estarão concluídas no Verão do próximo ano. Percursos pedonais, parques infantis, um ancoradouro de recreio e um pequeno hotel são apenas algumas das infra-estruturas a incluir neste espaço.
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