O CATITINHA
Penso que não haverá ninguém que não tenha saudades das memórias de infância. Sobretudo das que foram marcadas por momentos agradáveis, de momentos que nos fizeram felizes. Só é pena que, ao tentar reproduzi-las, nem sempre tenhamos possibilidades de recorrer a registos fidedignos e a testemunhos que nos levem a viver, com mais realismo, esses momentos felizes.
Hoje, por exemplo, acordei, sem saber porquê, com memórias do Catitinha, que na minha infância passava pela Gafanha da Nazaré e por muitas outras regiões do País, tanto quanto sei. Era ele um ancião de barbas brancas, bondoso, amigo das crianças, que toda a gente acolhia como se fora da família. A qualquer casa a que se dirigisse, ali se comportava como se fosse sua. Comia, dormia, conversava, contava histórias, dava conselhos, mostrava fotografias de outras terras e de outras tantas estadas mais ou menos curtas, ajudava quanto podia, deambulava por aqui e por ali, sempre a olhar para as crianças, a quem recomendava muito cuidado ao atravessar a rua.
Da minha infância, lembro as conversas serenas que ele mantinha com toda gente, ao jeito de filósofo e sábio que de tudo sabia falar, a figura de patriarca que a todos dirigia palavras amigas, o homem que se apresentava sempre vestido com elegância, limpo e asseado.
Vinha à Gafanha da Nazaré sobretudo no Verão. Daqui passava pelas praias, onde no areal olhava obsessivamente as crianças, como se tivesse medo que elas fossem levadas pelas ondas traiçoeiras.
Desse tempo, há mais de 60 anos, recordo que se dizia que esta inquietude, que levava o Catitinha a andar de terra em terra, como fugido de alguém ou da sua própria imagem ou sombra, se devia ao facto de ter perdido uma filhinha, por atropelamento, nas ruas de Lisboa. Dizia-se, também, que tinha sido deputado e que enlouquecera. Depois, nunca mais ouvi falar dele. Mas gostava de saber quem foi o Catitinha que ainda hoje enriquece as minhas memórias de infância.
Fernando Martins
NB: Quem souber mais, pode contactar-me para rochamartins@hotmail.com
sábado, 23 de julho de 2005
MÁRIO PORTUGAL expõe na OP ART


“RIA DE CRISTAL”
Mário Portugal tem em exposição, na OP ART, Avenida José Estêvão, 436, Gafanha da Nazaré, pintura sobre a Ria de Aveiro. “Ria de Cristal”, assim baptizou o artista a sua mostra, que não é mais do que um desafio dirigido a todos os gafanhões, e não só, para que apreciem a sensibilidade de quem conseguiu reproduzir na tela cores, sombras, silhuetas e imagens a que os amigos da laguna aveirense não são alheios.
Natural da Póvoa do Varzim, iniciou a sua carreira plástica em 1981, tendo trabalhado em arte sacra, restauro e decoração. Em 1991 Mário Portugal avançou para a escultura. Participou em 53 exposições colectivas e em 12 individuais, tendo recebido inúmeros prémios, menções honrosas e outras distinções.
No catálogo da exposição que está patente na OP ART, sublinha Maria Barroso que “O olhar do artista detém-se sobre o mundo que o rodeia e dá-nos o que a sua sensibilidade e imaginação dele colhe. Mais delicada ou mais forte, mais realista ou mais abstracta, a imagem que nos reflecte uma maneira única e irresistível de sentir, de ver e transmitir o que esse mundo lhe desperta as emoções e reflexos de uma interioridade, rica e inquieta, que não pode conter-se”.
Também o crítico de arte Afonso Almeida Brandão diz que a arte de “Mário Portugal consiste numa procura constante de investigação, a natureza, o casario, o recanto, as suas gentes… transparências, luz e sombra no equilíbrio das suas cores”.
Em boa hora a OP ART trouxe para a Gafanha da Nazaré mais um artista quiçá pouco conhecido dos gafanhões, mas que, certamente, não deixará de passar a figurar na lista dos que gostam de pintura fortemente marcada pelo realismo que a Ria de Aveiro tanto favorece. Como prova do sucesso desta exposição, o gerente da OP ART António Branco garantiu-nos que nos primeiros dias foram vendidos sete quadros de Mário Portugal, havendo grande optimismo quanto à venda de muitos mais.
A exposição está patente ao público até 31 de Agosto.
Fernando Martins
XIS: uma revista com ideias para pensar
Os homossexuais querem e merecem
muito mais do que ser tolerados
O “Público” edita, todos os sábados, a revista XIS, que oferece ideias para pensar. A directora, Laurinda Alves, que é a alma, tanto quanto se sabe, da revista, traz sempre, a abrir cada número, uma reflexão oportuna e corajosa. Desta vez, abordou, com uma serenidade muito grande, a questão da homossexualidade, tabu entre nós, artigo que merece ser lido e meditado. Daí, mas não só, esta referência.
Diz ela que “o facto de muitos homossexuais continuarem a ser estigmatizados, excluídos ou tratados com tolerância obriga-nos a reflectir e a ir mais fundo no conhecimento que temos desta causa”. E acrescenta que “não é possível continuar a ignorar algumas estatísticas, que nos dizem que entre cinco e sete por cento da humanidade é homossexual, [pelo que] temos a obrigação moral de perceber que os homossexuais querem e merecem muito mais do que ser tolerados”.
No interior da XIS há, depois, artigos e testemunhos que podem e devem ser lidos sobre este assunto e sobre outros, nomeadamente uma crónica de Faíza Hayat, filha de um muçulmano e de uma cristã, em que aborda a pertinente questão do fundamentalismo islâmico e dos ódios que proclama e provoca. “Amanhã voo para Londres para confortar o meu pai. Estou preparada para a inquietação habitual que o meu passaporte suscita aos polícias de fronteira. Uma portuguesa com nome árabe e estadias prolongadas em vários países do norte de África. Sei, porém, como os vencer: sorrindo. Tenho um grande talento para sorrir”, sublinha Faíza Hayat.
F.M.
sexta-feira, 22 de julho de 2005
Seminário de Santa Joana Princesa


um OÁSIS na cidade
Um desdobrável bonito e apelativo, em jeito de convite a quem puder e quiser conhecer mais de perto o Seminário de Santa Joana Princesa, acaba de me chegar às mãos. A edição é de SSJP.2005. São quatro páginas com excelentes ilustrações e algumas frases, poucas mas elucidativas quanto baste, que dizem assim, como breve resenha histórica:
O Seminário de Santa Joana Princesa é uma instituição da Igreja Católica da Diocese de Aveiro, sonhada e fundada pelo Bispo de então D. João Evangelista de Lima Vidal. Acolheu os primeiros seminaristas em 14 de Novembro de 1951.
É destinado ao “desenvolvimento e maturação de gérmenes vocacionais ao sacerdócio”. No mesmo edifício está instalado o Instituto de Ciências Religiosas de Aveiro (ISCRA), destinado à formação cristã dos leigos.
Depois de obras de beneficiação dispõe de espaços para fins religiosos: retiros espirituais e actividades de formação para grupos eclesiais.
Situa-se na zona de Santiago, ladeado pela Universidade e pelo Hospital.
Contactos
Morada: Av. João Jacinto de Magalhães, Apartado 258, 3811-901 Aveiro
Telefone: 234422171
Fax: 234422632
www.seminarioaveiro.org
geral@seminarioaveiro.org
Um artigo de Francisco Perestrello, na ECCLESIA


O Evangelho visto pelo Cinema
«O Evangelho segundo S. João»
nas salas portuguesas
Quando se fala no Evangelho sujeito a tratamento cinematográfico duas obras ocorrem logo à memória: «O Evangelho segundo S. Mateus», de Pasolini, e «Jesus de Nazaré», de Zeffirelli. São obras de tratamento verticalmente oposto, a primeira espartana, objectiva, despida de quaisquer efeitos adicionais; a segunda tirando partido de um certo tom poético, de cores ricas e de um ambiente quanto possível amaciado.
A obra agora estreada - «O Evangelho segundo S. João» - situa-se numa posição totalmente diferente de qualquer das anteriores. Partindo da tradução da American Bible Society segue rigorosamente o original, sacrificando, de forma consciente, as potencialidades da linguagem cinematográfica. Prefere dar-se a oportunidade de conhecer o texto na sua versão exacta, para o que se recorre à “voz off” de Christopher Plummer para proferir as passagens que não estejam em discurso directo. A ligação com os diálogos apresenta-se como uma tarefa difícil, e é aí que Saville revela o seu talento evitando choques ou descontinuidades permitindo que não se sacrifique mais o ritmo da narrativa, já de si limitado pelo processo adoptado na sua adaptação.
Os actores, pouco populares na área do cinema, equilibram-se entre si para que não haja vedetas, excepção feita para Henry Ian Cusick, no papel de Jesus Cristo. Este último, embora fisicamente pouco adequado ao papel, dado a sua aparência demasiado moderna, ao manter-se quase permanentemente em cena vai-nos habituando a ouvir a Palavra em detrimento da observação do aspecto físico menos adequado.
É mais um filme de catequese que uma obra cinematográfica para o grande público. Mas para este tem o interesse do enorme volume de informação (e formação) que contém, ensinado a uns e relembrando a outros como São João nos revelou a Palavra de Cristo.
Mesmo que a crítica lhe venha a pôr algumas reservas é uma obra importante e que merece uma análise cuidada.
Depois da tempestade… virá a bonança


A imagem de um Portugal em crise não nos pode deixar de imediato. Está à vista de todos. Mas o optimismo também não nos pode abandonar. Dias melhores virão, estamos certos, porque depois da tempestade vem a bonança.
Com a crise económico-financeira a teimar em ficar, com a seca a alimentar a fome de muitos agricultores e a matar animais por todo o lado, com os incêndios a mostrarem-nos cenas dramáticas, com gente que viu e vê o fogo reduzir a cinzas os bens amealhados durante anos e anos, tudo isto indicia, seguramente, dias ainda mais difíceis para muitos portugueses. Os pobres, esses, serão os que mais vão sofrer.
Apesar de tudo, não podemos interiorizar desânimos e pessimismos, porque estou convencido de que, mais tarde ou mais cedo, tudo se recomporá e dias melhores brotarão das cinzas da seca e do fogo. Que fazer, então, face a todos estes dramas com que a natureza nos castigou impiedosamente? Sem dúvida que o mais importante, o mais urgente, será a solidariedade de todos nós, uns para com os outros, sobretudo para com os mais pobres e para com os mais prejudicados.
F.M.
POSTAL ILUSTRADO: Sugestão de férias
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Penacova - Paisagem |
Penacova está inserida numa área de rara beleza, com montanhas de média altitude, grande biodiversidade, vales correspondentes aos rios Mondego e Alva, proporcionando um panorama deslumbrante ao longo do Vale do Mondego (o maior dos rios inteiramente portugueses), desde o Porto da Raiva até à Foz do Caneiro. É por isso natural, que Eugénio Moreira, um dos maiores expoentes da pintura paisagística portuguesa, tenha encontrado em Penacova, o cenário adequado a dois dos seus mais célebres quadros: «A Ferreirinha» e «O Vale de Penacova».
Do "site" do Município
(Para saber muito mais, clique aqui)
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