domingo, 9 de março de 2025

GAFANHA - Propriedade Agrícola


Sobre a propriedade agrícola diga-se que nos primeiros tempos do povoamento desta região ela era razoavelmente extensa. Porém, à medida que o número de famílias foi aumentando, por força de novos colonos ou dos seus descendentes, em grande número, dos primeiros gafanhões, logo a terra começou a ser retalhada. E nunca mais deixou de o ser, até hoje. Também a venda de propriedades se fazia com muita facilidade, numa prova evidente de pouco apego à terra. Daí dizer-se, por exemplo, que se trocava um terreno por uma fornada de boroa ou por uma caldeira de papas.
Sublinha a propósito disto o Padre Resende que “ainda hoje se diz que um tal José Gafanha vendeu uma grande propriedade por... um GABÃO!” E continua: “Manuel Petinga, da Nazaré, possui uma escritura de 1807, pela qual Jacinto Francisco Sarabando tinha comprado a Luísa Maria, viúva de António Ferreira, uma terra no sítio da Chave por vinte e quatro mil reis. Apesar daquele local ser o terreno das primeiras culturas, e portanto o mais valorizado, foi vendido por este preço insignificante. Hoje [1944] ‑ continua o Padre Resende – vende-se o metro quadrado a 17$00 ao norte, a 5$00 ao centro e a 2$00 ao sul da Gafanha”. Bons tempos, dizemos nós!

Fernando Martins

sábado, 8 de março de 2025

PRAIA DE SÃO JACINTO


Há 17 anos passei pela praia de São Jacinto. A garantia vem da foto registada nos meus arquivos. O tempo passa a correr, mas é sempre agradável recordar. Não se diz que recordar é viver?
Presentemente, vivo muito de recordações e quando delas escrevo ou falo é porque nelas fui feliz. E ainda bem que o faço, para regalo meu e de quem comunga dos mesmos prazeres.

FM

A MULHER NA IGREJA

Crónica de Anselmo Borges

1. Neste Dia Internacional da Mulher, solidarizando-me com todas as que lutam contra a misoginia da Igreja, retomo o que já aqui escrevi em 2011: “As mulheres têm motivo para estar zangadas com a Igreja, que as discrimina. Jesus, porém, não só não as discriminou como foi um autêntico revolucionário na sua dignificação, até ao escândalo.” Veja-se a estranheza dos discípulos ao encontrar Jesus com a samaritana, que tinha tudo contra ela: mulher, estrangeira, herética, com o sexto marido, mas foi a ela que se revelou como o Messias.
Condenou a desigualdade de tratamento de homens e mulheres quanto ao divórcio. Fez-se acompanhar — coisa inédita e mesmo escandalosa na época — por discípulos e discípulas. Acabou com o tabu da impureza ritual. Estabeleceu relações de verdadeira amizade com algumas.
Maria Madalena constitui um caso especial nessa amizade: ela acompanhou-o desde o início até à morte e foi ela que primeiro intuiu e fez a experiência avassaladora de fé de que o Jesus crucificado não foi entregue à morte para sempre, pois é o Vivente em Deus, como esperança e desafio para todos os que crêem nele, a ponto de Santo Tomás de Aquino e outros, apesar da sua misoginia, a declararem a “Apóstola dos Apóstolos”, precisamente por causa do seu papel fundamental na convocação dos outros discípulos para a fé na Ressurreição: na morte, não caímos no nada, pois entramos na plenitude da vida em Deus, Deus de vivos e não de mortos. Aliás, já São Paulo, na Carta aos Romanos, pede que saúdem Júnia, “Apóstola exímia”.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Espírito e graça da Camilo

«Uma vez, Alberto Pimentel e Camilo conversavam sobre vários assuntos literários. A certa altura, disse Alberto Pimentel:
— Talvez o sr. Camilo não acredite, mas sei de cor todos os seus pseudónimos?
— Não é possível.
— Quer ouvir… Egresso Bernardo de Brito Júnior, A Voz da Verdade, F. Fagundes, Gervásio Lopes Canavarro, Saragoçano, José Mendes Enxúndia, Rosária dos Gogumelos, Manuel Coco, Anastácio das Lombrigas, A. E. I. O. U. Y., Felizardo, João Júnior, O antigo Juiz das Almas de Campanhã, O Possesso Anacleto dos Coentros, Archi-Zero, Visconde de Qualquer Coisa…
— Que rica memória, Alberto! — comentou Camilo.
— O curioso é que se esqueceu precisamente do meu pseudónimo mais vulgar…
— ?
— Camilo Castelo Branco!»


Em “O Espírito e a Graça de Camilo”,
de Luís de Oliveira Guimarães

Gafanha da Nazaré ganha nova biblioteca


A partir de 11 de março, data em que se assinala o Dia da Rede Nacional das Bibliotecas Públicas, a Gafanha da Nazaré ganhará uma Biblioteca situada num espaço renovado da Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré. Entre 11 e 14 de março há um programa especial de atividades.
Com a abertura deste espaço, o Município de Ílhavo devolve à Gafanha da Nazaré uma valência que já teve anteriormente, estendendo a esta cidade a aposta que já tem vindo a realizar na Biblioteca Municipal de Ílhavo, na promoção das diversas literacias junto da comunidade.
Desde maio de 2024, o Município de Ílhavo já disponibiliza as habituais valências de biblioteca no Convés da Fábrica das Ideias, mas a partir de terça-feira, a Biblioteca abre as portas num espaço dedicado e renovado, em frente ao Centro de Saúde da Gafanha da Nazaré.

Nota. Texto oficial de divulgação 

quinta-feira, 6 de março de 2025

PIÓDÃO - Aldeia Histórica


De Arganil, rumei a Piódão, uma Aldeia Histórica que é uma referência nacional. Foram 41 quilómetros, por estrada que serpenteia a Serra do Açor, do cimo da qual se pode apreciar um panorama único, pela verdura que o enche e pelos desfiladeiros que atemorizam o viajante mais destemido. Por aqui e por ali, casebres abandonados, de xisto, e, lá no alto, as torres que aproveitam a energia eólica. Nem vivalma pelo caminho. Apenas a serenidade e a beleza do ambiente, o ar puro que desentope os brônquios e a alma a sentir-se livre e a querer voar para chegar ao infinito. Depois, ao longe, ao virar de uma esquina serrana, meta à vista, com o casario da aldeia, como um bloco único de xisto.

NOTA - Há 10 anos andei por   aqui 

ESCRITO NA PEDRA

"Eu sou um céptico profissional. Vivemos num mundo de mentiras sistemáticas."

José Saramago

Prémio Nobel da Literatura

No PÚBLICO de hoje