segunda-feira, 21 de março de 2022

Dia Mundial da Poesia - Navegar



NAVEGAR

Eu tinha um barco
um barquinho de navegar
Tinha balsas bóias e bandeiras a flutuar
tinha âncora cordas marinheiros e eu para comandar
e já tinha dito adeus adeus
aos lenços no cais a acenar

Eu tinha um barco
um barquinho de navegar
Tinha tudo
só me faltava
o mar

Orlando Figueiredo
In POETAS DE UM TEMPO PRESENTE
Poetas ilhavenses
Dia Mundial da Poesia
21 de março de 2016

domingo, 20 de março de 2022

UCRÂNIA: Papa denuncia massacre sem sentido

Foto da rede global

O Papa denunciou o “massacre sem sentido” da guerra na Ucrânia, apelando à intervenção da comunidade internacional para travar a agressão russa, li na Agência Ecclesia.
Sublinha o Papa Francisco  que “Não para, infelizmente, a violenta agressão contra a Ucrânia. Um massacre sem sentido, onde todos os dias se repetem destruição e atrocidades”. “Não há justificação para isto”, acrescentou.
Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, que saudaram a intervenção com várias salvas de palmas, Francisco pediu a todos os responsáveis da comunidade internacional que se “empenhem, realmente, para fazer cessar esta guerra repugnante”. E adiantou: “Esta semana, mísseis e bombas abaterem-se sobre civis, idosos, crianças, grávidas”, recordou.
“Fui a encontrar-me com crianças feridas, que estão aqui em Roma: a um falta-lhe um braço, outro ferido na cabeça. Crianças inocentes”, lamentou.
"Penso nos milhões de refugiados ucranianos, que têm de fugir, deixando tudo para trás, e sinto uma grande dor pelos que não têm sequer a possibilidade de fugir. Tantos avós, doentes e pobres, separados dos próprios familiares”, referiu o Papa.

A "Primavera" de Zé Penicheiro



Zé Penicheiro, o artista plástico que se radicou em Aveiro, pintou a nossa ria como poucos. Aqui fica, como homenagem, o seu acrílico s/tela, 35X27, intitulado "Primavera".

Nota: A Primavera entrou hoje, domingo, pelas 15h33

Primavera




Depois do Inverno, morte figurada,
A Primavera, uma assunção de flores.
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.

Miguel Torga

sábado, 19 de março de 2022

Em memória de meu pai

Celebra-se hoje o Dia do Pai. Também a Igreja celebra S. José. Associo muito o meu pai, Armando Lourenço Martins, a S. José. Ambos trabalhadores com responsabilidades familiares. Ambos humildes e dados a um certo e normal silêncio. Ambos conscientes dos seus deveres sociais e religiosos. Ambos crentes num Deus Criador. Ambos disponíveis para enfrentarem dificuldades. Ambos com grande capacidade de sacrifício. E ambos capazes de amar muito.
O meu pai faleceu nos idos de 75 do século passado, mas permanece vivo na minha memória pela riqueza da sua humildade e nobreza dos seus sentimentos. 
O seu sorriso aberto e franco, a sua palavra oportuna, a sua capacidade de trabalho e o seu amor à família permanecem comigo. Capacidades que eu procuro seguir e imitar, mas fico sempre longe da sua sabedoria.
Crente em Deus, tal como eu, haveremos de nos encontrar para uma vida eterna lado a lado, no regaço maternal do Senhor da Vida.

Fernando Martins

Religião e sacrifício

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Quem diz que ama e não está disposto a sacrificar-se por aquele que ama anda enganado e mente a si próprio. Quem ama verdadeiramente está disposto a sacrificar-se por aquele, por aquela, por aqueles que realmente ama. É esse amor que salva o mundo.

Ele foi Auschwitz. Ele foi o Goulag. Ele foi e é a Ucrânia... Ele foi/é o abuso ignominioso de crianças pelo clero... A tantos homens e mulheres a quem foi prometida a liberdade, e eles desafiaram o medo! Depois, precipitaram-nos no inferno. Deportaram-nos, fuzilaram-nos, massacraram-nos. Eles gritaram, clamaram, já não havia lágrimas... O Calvário do mundo...
Onde está o Homem? Quanto vale um homem, uma mulher, uma criança? Perante tanta iniquidade e horror, assalta-nos a vergonha.
As palavras dignidade, indignidade, direito, justiça, injustiça, vergonha, bondade, civilização, honra, ternura, compaixão... ainda fazem parte das línguas dos humanos ou foram varridas dos dicionários?
"Senhora, tem piedade... Senhor, tem piedade de nós! Senhor, tem piedade do povo... Senhor, tem piedade de mim!"
Mas, aparentemente, também Deus se mantém mudo.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Não haverá sol para os que provocam a guerra


Em dias de frio, o sol tarda em aparecer. Só ele aquece verdadeiramente o ar que respiramos. Há o calor da fogueira que aquece os pés, o calor humano que reconforta a alma, mas o calor que nos vem do astro rei brilha nos nossos olhares. E no verão, quando ele é mais forte e poderoso, então deliciamo-nos numa das nossas praias.
Nas praias, sobretudo, todos somos iguais, todos olhamos, estirados na areia macia, o sol amigo que a todos trata com carinho. Não há reis, nem príncipes, nem ricos nem pobres. Todos somos amigos do sol e o sol gosta de todos.
Espero, por isso, o sol acariciador, que vem para os homens e mulheres livres e sonhadores, para os de consciência tranquila e alma lavada, para os puros de coração, para os generosos e amantes da liberdade. Para os solidários e justos. Para os amantes da paz.
Só não vem para os tiranos, para os que provocam guerras, para os que matam inocentes, para os que deixam sem abrigo e sem pão milhões de pessoas. Jamais  haverá sol para os que provocam a guerra. O povo nunca lhes perdoará.