domingo, 8 de novembro de 2020

COVID-19: Recolher obrigatório



O Governo decretou o recolher obrigatório entre as 23 e as 5 horas nos dias de semana, a partir de segunda-feira (dia 9) e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia, território onde vivem mais de 7 milhões de portugueses. O executivo determinou ainda que, ao fim de semana, o recolher obrigatório se inicia a partir das 13 horas nos mesmos 121 concelhos. O Primeiro Ministro, António Costa, justificou as novas medidas com o facto de ter havido este sábado mais de 6000 novos casos e 2420 pessoas internadas, 366 das quais nos cuidados intensivos. Conforme pode ler-se no link, o concelho de Aveiro está abrangido, mas Ílhavo não faz parte da lista.

SINAL DE PASSARADA


 A Nina é uma gata com sentidos apurados. Foi visitar-me ao sótão, hábito que cultiva há muito, e foi para a janela apreciar o ambiente, julguei eu. De repente, o instinto sobressaiu. A passarada passeava tranquilamente na cobertura e a Nina ficou muito atenta a pensar na forma de caçar um qualquer passarito. Desta vez não teve sorte.

DEUS NÃO É UM RIVAL

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

A grandeza e beleza do universo 

 Frei Bento Domingues
1. A Humanidade de Deus [1] é o título do primeiro volume que reúne algumas das minhas primeiras crónicas no PÚBLICO. Por razões de trabalho, tive de revisitar a introdução que escrevi para essa minha colectânea. Hoje, parece-me que foi a procura de fidelidade, à significação implicada na escolha desse título, que explica a alegria que encontro nos gestos e textos do Papa Francisco e dos quais tenho procurado dar testemunho em algumas crónicas dos últimos anos.
Encontrei, nessa introdução, a referência a um acontecimento dos agitados anos 50 do século passado, que provocou em mim, para sempre, o desassossego teológico.
Eram anos em que se consumava a repressão das vozes livres na Igreja, retomada nos finais do século XIX e na primeira metade do século XX. Esse acontecimento, aparentemente banal, foi para mim o encontro com um texto dos anos 30, recomendado por Paul Denis, um professor que buscava as fontes dos rios filosóficos e teológicos a partir da sua foz, o mundo contemporâneo.
Em 1935, pediram a Yves Congar O.P. para comentar os resultados alarmantes de um Inquérito realizado pela famosa revista La Vie Intelectuelle, sobre as “razões da descrença actual”!
Depois de analisar o longo processo de divórcio entre a Igreja e os movimentos científicos, culturais e sociais, que agitaram a gestação do mundo moderno, sintetizou-o numa expressão que me marcou: “a uma religião sem mundo, sucedeu um mundo sem religião.”

sábado, 7 de novembro de 2020

O Outono em casa


O Outono mora cá em casa. A ideia partiu da Lita, um dia destes, quando cirandámos pelo Jardim Oudinot. Enquanto eu fotografava as paisagens circundantes, com ria e horizontes de perto e de longe, a Lita apreciava a natureza que por vezes nos passa ao lado. Folhas espalhadas pelo chão e um ramo verde que o vento arrancou seduziram-na. E em casa expos o seu Outono que aqui partilho. Bom fim de semana, com muita saúde e otimismo. Dias melhores hão de vir. 

O Papa Francisco confessa-se. 1

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Aura Miguel, da RR, com Papa Francisco

1. Francisco é o Papa que mais entrevistas deu. É claro que, ao conceder entrevistas a grandes meios de comunicação social mundiais, acaba por falar mais directa e espontaneamente de temas que nem sequer apareceriam se se mantivesse nos pronunciamentos formais de homilias e documentos oficiais. De facto, os jornalistas são curiosos e fazem perguntas que o grande público também gostaria de fazer. 
Acaba de ser este o caso com uma longa entrevista concedida ao director da agência italiana AdnKronos, Gian Marco Chiocci. Concedida na sequência e no contexto da destituição do cardeal Angelo Becciu, acusado de ter desviado fundos normalmente destinados aos pobres, para beneficiar a sua família, Francisco declara que a corrupção é “um mal antigo que se transmite e se transforma nos séculos”. Na Igreja, “a corrupção é uma história cíclica, repete-se, depois vem alguém que limpa e põe em ordem, mas depois recomeça-se, na expectativa que chegue outro para pôr fim a esta degeneração.” Numa Igreja para os pobres, mais missionária, não há lugar para quem enriquece e faz enriquecer o seu círculo, vestindo indignamente a batina. “A Igreja é e permanece forte, mas o tema da corrupção é um problema profundo, que se perde nos séculos. No início do meu pontificado fui ao encontro de Bento XVI. Ao passar-me a ‘pasta’, entregou-me uma caixa grande, dizendo: ‘Está tudo aí dentro, estão os procedimentos com as situações mais difíceis, eu cheguei até aqui, afastei estas pessoas, e agora... cabe a ti.’ E eu não fiz mais do que recolher o testemunho do Papa Bento, continuei a sua obra.” 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

ESTAI PREPARADOS, VIGILANTES E ACTIVOS

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo XXXII do Tempo Comum



Insensatas, umas e prudentes, outras. Assim se divide o grupo das jovens que aguardam a chegada do noivo da amiga. Néscias, umas e sábias, outras. Qual o critério para esta distinção, se o grupo todo se diverte durante o tempo da espera, se está apetrechado com as lanternas para iluminarem o cortejo nupcial, se escuta o mesmo anúncio, sente o correspondente apelo e entra num mesmo corrupio: “Eis que chega o noivo, ide ao seu encontro”? Mt 25, 1-13. 
Jesus, o autor das parábolas agrupadas numa só, pela comunidade de Mateus, por razões que têm a ver com a compreensão da última vinda do Senhor, quer dar uma resposta clara aos discípulos preocupados com a chegada do reino dos Céus e com os sinais que a manifestam. E a resposta começa assim: “Cuidado, para que ninguém vos engane”, e prolonga-se por uma série de ensinamentos apresentados em parábolas, sentenças, recomendações. O cenário, onde esta “catequese” ocorre é o Monte das Oliveiras que, segundo a tradição, seria o espaço assinalado para esse derradeiro acontecimento. Aqui tem início, pouco tempo depois, o drama da paixão que leva Jesus à morte e à ressurreição. 
O ensinamento da parábola das “virgens loucas e prudentes” desloca o centro de preocupações dos discípulos e, neles, o de todos os que se preocupam com o futuro. Mais do que saber quando e como acontece, importa estar preparado e vigilante, saber agir a tempo, tomar providências adequadas, alimentar a chama da esperança, aguentar os desafios da “noite” que parece interminável, manter-se activo e interveniente, ir ao encontro da “notícia” que pode surpreender-nos. Eis que chega Aquele por quem ansiamos. Está aí, não o vedes? 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

A VOLTINHA DOS TRISTES

O Forte da Barra com marina
O grande espaço com as palmeiras 
O Farol sempre nos nossos horizontes
Traineira a caminho da pesca 
O inverno saiu à rua 

Um pouco trôpego como resultado do confinamento e do receio de contágio que teima em nos assustar. Sim!... Não nego que me assusta a ideia de poder vir a ser contaminado pelo Covid-19 por distração, desleixo de minha parte ou fruto de contactos inesperados. Em casa, julgo que estou seguro, mas há sempre quem tenha de passar por aqui por razões compreensíveis, familiares ou pessoas que vêm em trabalho. 
A cabeça, a minha sobretudo, tem de estar ativa, fresca e inquieta. Doutro modo, o incómodo manifesta-se e mexe com todo o corpo. Foi isso que senti. E para afugentar maleitas fomos dar uma volta. A chamada voltinha dos tristes: repetitiva, mas não assim tão triste. Os mesmos espaços, as mesmas paisagens, os mesmos ares marinhos, os mesmos reflexos na laguna e arredores, as mesmas nuvens que enfeitam o céu de vez em quando. E depois o regresso, com juras de que havemos de mudar de rumo. 

F. M. 

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