sábado, 7 de novembro de 2020

O Outono em casa


O Outono mora cá em casa. A ideia partiu da Lita, um dia destes, quando cirandámos pelo Jardim Oudinot. Enquanto eu fotografava as paisagens circundantes, com ria e horizontes de perto e de longe, a Lita apreciava a natureza que por vezes nos passa ao lado. Folhas espalhadas pelo chão e um ramo verde que o vento arrancou seduziram-na. E em casa expos o seu Outono que aqui partilho. Bom fim de semana, com muita saúde e otimismo. Dias melhores hão de vir. 

O Papa Francisco confessa-se. 1

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Aura Miguel, da RR, com Papa Francisco

1. Francisco é o Papa que mais entrevistas deu. É claro que, ao conceder entrevistas a grandes meios de comunicação social mundiais, acaba por falar mais directa e espontaneamente de temas que nem sequer apareceriam se se mantivesse nos pronunciamentos formais de homilias e documentos oficiais. De facto, os jornalistas são curiosos e fazem perguntas que o grande público também gostaria de fazer. 
Acaba de ser este o caso com uma longa entrevista concedida ao director da agência italiana AdnKronos, Gian Marco Chiocci. Concedida na sequência e no contexto da destituição do cardeal Angelo Becciu, acusado de ter desviado fundos normalmente destinados aos pobres, para beneficiar a sua família, Francisco declara que a corrupção é “um mal antigo que se transmite e se transforma nos séculos”. Na Igreja, “a corrupção é uma história cíclica, repete-se, depois vem alguém que limpa e põe em ordem, mas depois recomeça-se, na expectativa que chegue outro para pôr fim a esta degeneração.” Numa Igreja para os pobres, mais missionária, não há lugar para quem enriquece e faz enriquecer o seu círculo, vestindo indignamente a batina. “A Igreja é e permanece forte, mas o tema da corrupção é um problema profundo, que se perde nos séculos. No início do meu pontificado fui ao encontro de Bento XVI. Ao passar-me a ‘pasta’, entregou-me uma caixa grande, dizendo: ‘Está tudo aí dentro, estão os procedimentos com as situações mais difíceis, eu cheguei até aqui, afastei estas pessoas, e agora... cabe a ti.’ E eu não fiz mais do que recolher o testemunho do Papa Bento, continuei a sua obra.” 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

ESTAI PREPARADOS, VIGILANTES E ACTIVOS

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo XXXII do Tempo Comum



Insensatas, umas e prudentes, outras. Assim se divide o grupo das jovens que aguardam a chegada do noivo da amiga. Néscias, umas e sábias, outras. Qual o critério para esta distinção, se o grupo todo se diverte durante o tempo da espera, se está apetrechado com as lanternas para iluminarem o cortejo nupcial, se escuta o mesmo anúncio, sente o correspondente apelo e entra num mesmo corrupio: “Eis que chega o noivo, ide ao seu encontro”? Mt 25, 1-13. 
Jesus, o autor das parábolas agrupadas numa só, pela comunidade de Mateus, por razões que têm a ver com a compreensão da última vinda do Senhor, quer dar uma resposta clara aos discípulos preocupados com a chegada do reino dos Céus e com os sinais que a manifestam. E a resposta começa assim: “Cuidado, para que ninguém vos engane”, e prolonga-se por uma série de ensinamentos apresentados em parábolas, sentenças, recomendações. O cenário, onde esta “catequese” ocorre é o Monte das Oliveiras que, segundo a tradição, seria o espaço assinalado para esse derradeiro acontecimento. Aqui tem início, pouco tempo depois, o drama da paixão que leva Jesus à morte e à ressurreição. 
O ensinamento da parábola das “virgens loucas e prudentes” desloca o centro de preocupações dos discípulos e, neles, o de todos os que se preocupam com o futuro. Mais do que saber quando e como acontece, importa estar preparado e vigilante, saber agir a tempo, tomar providências adequadas, alimentar a chama da esperança, aguentar os desafios da “noite” que parece interminável, manter-se activo e interveniente, ir ao encontro da “notícia” que pode surpreender-nos. Eis que chega Aquele por quem ansiamos. Está aí, não o vedes? 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

A VOLTINHA DOS TRISTES

O Forte da Barra com marina
O grande espaço com as palmeiras 
O Farol sempre nos nossos horizontes
Traineira a caminho da pesca 
O inverno saiu à rua 

Um pouco trôpego como resultado do confinamento e do receio de contágio que teima em nos assustar. Sim!... Não nego que me assusta a ideia de poder vir a ser contaminado pelo Covid-19 por distração, desleixo de minha parte ou fruto de contactos inesperados. Em casa, julgo que estou seguro, mas há sempre quem tenha de passar por aqui por razões compreensíveis, familiares ou pessoas que vêm em trabalho. 
A cabeça, a minha sobretudo, tem de estar ativa, fresca e inquieta. Doutro modo, o incómodo manifesta-se e mexe com todo o corpo. Foi isso que senti. E para afugentar maleitas fomos dar uma volta. A chamada voltinha dos tristes: repetitiva, mas não assim tão triste. Os mesmos espaços, as mesmas paisagens, os mesmos ares marinhos, os mesmos reflexos na laguna e arredores, as mesmas nuvens que enfeitam o céu de vez em quando. E depois o regresso, com juras de que havemos de mudar de rumo. 

F. M. 

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Joana Gramata

Figuras da nossa terra 


Joana Gramata, natural de Ílhavo, nasceu a 28 de novembro de 1788, filha de António Fernandes Cardoso e Luísa Francisca. 
Estabeleceu-se nas Gafanhas com os seus pais até 1805, altura em que contrai matrimónio com o vaguense José Domingues Graça, pastor. 
Esta mulher é também muito conhecida pelas suas alcunhas: “Joana Maluca” pensa-se que devido ao primeiro marido ter falecido louco; e “Joana, a Gramata”, que, segundo o Padre Vieira Resende, talvez esteja relacionada com o facto de esta se ter fixado num local da Gafanha onde é abundante a gramata, uma planta marinha. 
Joana Rosa de Jesus tem com o seu primeiro marido, José Domingues Graça, um total de 11 filhos (só dois faleceram sem deixar descendência), o que lhes permite congregar muitos aforamentos na Gafanha, devido à capacidade laboral da família mais próxima para amanho deste terrenos. Esta vasta prole permite-lhe contribuir, sem sombra de dúvidas, para a fixação neste local inóspito de população, daí que se atribua a esta matriarca o epíteto de povoadora da Gafanha. 
Além da sua contribuição para demografia da Gafanha, o seu papel social fica definitivamente marcado nas gentes desta terra ao ceder o local para a construção da Capela de Nossa Senhora da Encarnação na sua propriedade, junto à sua casa, dando assim um passo decisivo para a edificação deste local de culto. 
A importância desta senhora é de tal ordem que diversas personalidades da época lhe retribuíam amizade, como é o caso de José Estêvão, que a visitava quando passava férias na Costa Nova. 
Joana Rosa de Jesus faleceu a 28 de janeiro de 1878 com 89 anos. 


NOTAS:
1. Estudo elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo) elaborado no âmbito do projeto "Se esta rua fosse minha";
2. A Rua Joana Gramata localiza-se na Gafanha da Encarnação e é referida no Plano Geral de Urbanização das Gafanhas (1984). No entanto, ainda não foi localizada a criação do topónimo pelo Centro de Documentação de Ílhavo; 
3. Quanto ao Beco Joana Gramata, antiga Travessa Joana Gramata, localizada também na Gafanha da Encarnação, foi atribuído em 5 de maio de 2008 (Ata da Câmara N.º 12/2008), por proposta da Comissão Municipal de Toponímia; 
4. Falam os Munícipes: Bruno Pinto, colaborador da Câmara Municipal de Ílhavo, viu-se com o desafio, aquando do lançamento do número da revista “A Nossa Gente”, dedicado a Joana Rosa de Jesus, de arranjar uma imagem que representasse esta figura. Assim, baseado nas descrições da época que descrevem esta senhora, nasceu a ilustração abaixo.

OBJETOS QUE FALAM: Faca de Escala



As facas de escala nas mãos certas eram instrumentos de precisão e rapidez, vários escaladores afirmam também que nem todos eram capazes de ter a agilidade suficiente para ‘tratar do peixe’. 

Elmano Pio da Maia Ramos, que iniciou a sua vida no mar como piloto e mais tarde foi imediato e capitão, descreve como eram selecionados os homens para a função de escalador: 
"Todos os anos o Imediato escolhia ou perguntava quem é que tinha menos medo de trabalhar com a faca. Sim é preciso ter-se coragem, estar ali a trabalhar com uma faca bem afiada. Havia os que diziam ‘eu quero ser!’. Então eles iam praticar. É claro que o peixe ficava mal escalado, porque é natural. Mas depois de terem praticado começavam por substituir algum que adoecesse." 

"Um bom escalador tinha que conseguir fazer 16 peixes por minuto." afirma com um certo tom de satisfação o antigo escalador do arrastão "David Melgueiro", José Simões Marques. 

Com facas tão afiadas era usual ocorrerem acidentes. O cozinheiro Manuel Pinto recorda que chegou a ser enfermeiro e a realizar vários curativos aos colegas que na azáfama de escalar o bacalhau acabavam por fazer golpes nas mãos. 

NOTA: Transcrito da "Agenda Viver em..." da CMI

terça-feira, 3 de novembro de 2020

POSTAL ILUSTRADO: Ria na Vista Alegre


A Ria de Aveiro possui imensos Postais Ilustrados todos diferentes em todas as horas do dia. Este foi registado no dia 22 de Outubro de 2017, por volta das 12 horas.

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