Isabel dos Santos |
Com razão, criticamos os que enriquecem rapidamente sem possuírem ordenados por aí além, sem grandes heranças e sem negócios reconhecidamente rentáveis. De um dia para o outro, apresentam-se na praça pública de brutos carros, férias de sonho, moradias de luxo e hábitos de vida sumptuária. De onde lhes vem o suporte para tudo isso? Está no segredo dos deuses.
Porém, quando se trata de figuras públicas, nomeadamente, políticos e empresários, ninguém escapa à possível denúncia do povo que se sente traído pela confiança nelas depositada. E a comunicação social encarrega-se de denunciar segredos, que os poderes judiciais não terão tempo nem pessoal para investigar ou sequer procurar saber a origem dos
rendimentos patentes aos olhos de toda a gente.
O caso de Isabel dos Santos saltava à vista. Todos se espantavam com os seus investimentos e negócios de projeção internacional, mas ninguém ousava alertar o mundo para o que se passava em Angola. Seu pai, José Eduardo dos Santos, seria o escudo oficial que protegia fortunas acumuladas por sua filha, deixando na miséria milhões de angolanos. Sem dó nem piedade. O ex-presidente até poderá declarar que nunca se meteu em negócios nem rascunhou cartas de recomendação para sua filha Isabel singrar na alta finança. Nem seria preciso. O apelido “dos Santos” seria o suficiente.
Felizmente, a democracia conseguiu impor-se e o novo Presidente da República, João Lourenço, abre as portas dos cofres fortes para mostrar que estão vazios.
Há, como não podia deixar de ser, cúmplices em Portugal e um pouco por toda a parte, alguns dos quais terão comido do mesmo saco, direta ou indiretamente. E agora, curiosamente, não sabem de nada.
Aguardaremos as conclusões das investigações em curso com serenidade. Não podemos acreditar que tudo venha a cair em saco roto.
Aguardaremos as conclusões das investigações em curso com serenidade. Não podemos acreditar que tudo venha a cair em saco roto.
Fernando Martins