sábado, 27 de julho de 2019

Há dias assim...



LIBERDADE

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Barra de Aveiro - Petroleiros de partida...



A  Barra de Aveiro proporciona-nos momentos agradáveis a cada instante. A cenas de embarcações num vaivém constante de entradas e saídas convidam-nos a olhar e a confirmar quanto é fundamental um porto multifacetado (pesca costeira e longínqua, recreio, industrial e comercial) para a economia local, regional e nacional. Esta imagem, por exemplo, diz-nos muito sobre a mais-valia que representa o Porto de Aveiro nas nossas vidas.

Georgino Rocha - Jesus ensina-nos a rezar



A resposta de Jesus abre novas dimensões ao pedido que o seu discípulo lhe faz para ensinar o grupo a rezar. São dimensões familiares que manifestam o ser de Deus, na sua relação connosco, que o fazem presente nas entranhas filiais de cada humano, que o definem e tornam reconhecido como a fonte de vida comum que gera “um nós” inconfundível e original. Constituem, por isso, a verdade que nos identifica e consolida na existência e a realidade performativa que nos impele a viver, cada vez mais, de acordo com a matriz do nosso ser humano.
O pedido do discípulo surge após a oração de Jesus. Lc 11, 1-13. Que haveria de especial, neste gesto de Jesus, para ele se sentir tão desejoso e impressionado? É certo que os mestres ensinavam os discípulos a rezar, transmitindo-lhes o resumo da mensagem que pretendiam difundir. Jesus praticava a oração, com normalidade, no decorrer do dia e das festas, sozinho e em família, com o grupo de acompanhantes, em lugares silenciosos, nos espaços públicos, na sinagoga, no templo. O grupo sabia-o e podia testemunhá-lo.
A novidade está, sem dúvida, na relação filial que manifesta ao dirigir-se a Deus como Abba, Papá querido, e consequentemente em “reconfigurar” o rosto de Deus no coração humano, em condensar o seu projecto de salvação em preces e atitudes vividas por ele e transmitidas aos discípulos, seus fiéis seguidores.
O desejo expresso pelo discípulo desvenda o melhor do ser humano: ser chamado a conhecer as suas capacidades e limitações, a ultrapassar-se a si mesmo – a sua vocação é Deus, a plenitude que Jesus nos revela -, a crescer na relação solidária, fruto da irmandade comum, a cuidar e apreciar tudo o que é humano como dom recebido a transmitir.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Figueira da Foz à noitinha - Edifícios e Forte



O Casino Oceano foi inaugurado em 3 de Agosto de 1898, para servir de café-concerto. Trata-se de um belo edifício representativo da "belle époque". No auge da sua vida, apresentava-se ricamente mobilado e decorado. O exterior é digno de ser apreciado.
Castelo Engenheiro Silva, antigo edifício do Turismo e Casa das Conchas.  Referência do último quartel do século XIX. Voltado para o mar, foi restaurado, apresentando-se, presentemente, com a dignidade necessária, merecendo a admiração de quem passa.






O Forte de Santa Catarina começou a ser edificado nos finais do século XVI para defesa da entrada do Mondego. Durante a primeira invasão napoleónica, foi ocupado pelas tropas de Junot, mas em 27 de Julho de 1808, um exército popular, armado de foices e lanças, comandado pelo académico Bernardo Zagalo, dominou o militares franceses ali aquartelados.

Mandela - A felicidade humana


"Estou mais do que nunca influenciado pela convicção 
de que a igualdade social é a única base da felicidade humana"

Nelson Mandela (1918-2013), Nobel da Paz


NOTA: Li no PÚBLICO

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Praia da Figueira à noitinha







Hoje, à noitinha, com a neblina a dar sinais de si, ainda foi possível registar alguns apontamentos que são marcas indeléveis de vida na Figueira da Foz. O Relógio que deu nome à praia está a perder terreno como pode ser visto. Outro valores mais altos sobressaem na paisagem. Sinais dos tempos. O mar está ali com torres de sinais ou coisa parecida. O paredão desafiou o oceano por decisão dos homens, mantendo-se tranquilo. E o porto exibiu a sua beleza com mastros e mastaréus, mais cabos que se cruzam e entrecruzam. 

terça-feira, 23 de julho de 2019

Férias - Da janela da minha sala

Da janela da minha sala

Só noite fechada é que olhei a cidade onde me instalei para uns dias de férias, não de trabalhos obrigatórios mas de rotinas. A máquina registou por mim um sinal do ambiente que anseio há tempos: Silêncio, ausência do trivial, perspetiva de abertura a novas formas de estar no meu tempo, que é bem diferente do comum dos mortais que gostam da agitação. 
Na hora da partida, peguei num livro da Agustina para uma releitura: “Os meninos de ouro”. Foi o que veio à mão. Podia ser outro, mas foi este o que mais me desafiou. Foi desafio que colhi da Biografia de Agustina Bessa-Luís, escrita por Isabel Rio Novo. Descobrir, nas personagens dos seus livros, figuras, factos, temperamentos, paisagens e vidas que deram vida aos seus romances foi trabalho extraordinário da biógrafa.
Entretanto, outra biografa da renomada e multifacetada escritora estará na forja, da autoria do historiador Rui Ramos. Será interessante, para mim, apreciar o que cada autor gostou de nos transmitir. A primeira biografia não foi autorizada pela família; a segunda foi encomendada pela família, muito antes de surgir nas livrarias o trabalho de Isabel Rio Novo. 
Por aqui, pela Figueira da Foz, nesta época balnear, já não se respira o ambiente cosmopolita doutras eras. Por exemplo, na minha ótica, há 20 anos, eu sentia um certo ar que a diferenciava das praias do centro, as que mais conhecia, com marcas palpáveis nos palacetes que têm resistido ao sol escaldante do verão e ao frio húmido e ventoso das outras estações. Mas ainda ao abandono. Mas disso direi algumas coisas simples do que vier a encontrar quando deambular pela cidade e arredores.
Boas férias para todos.

Fernando Martins