domingo, 16 de abril de 2017
sábado, 15 de abril de 2017
FELIZES OS PACÍFICOS
felizes
felizes os pacíficos, que suspendem a violência
e reparam as redes de logradas fainas
(ai a guerra, mãe da pobreza e irmã da morte)
felizes os que aos olhos do mundo
passam por inútil carga social ou rendimento zero
e que escondidamente participam da alegria
que aligeira a vida
(ai aqueles que a sede de poder afoga)
felizes os pobres de alguma pobreza boa
felizes os que lavam as feridas e vivem com os cegos
honrando neles o fundo de humanidade
que lhes é comum
felizes os que nas situações-limite
decidem da singularidade do fazer, da urgência
felizes os que, excluídos, despojados de qualquer imagem
no documento mortal pregado na cruz
inscrevem os seus corpos
felizes os que, intacta, guardam a sensibilidade
à injustiça, apegados só à força da Palavra que cura
felizes os que não pactuam com os anjos
escuros da morte total
nem desculpam os «erros humanos»
das nossas sociedades sem olhos
(ai os que no inferno climatizado sobrevivem
ai o terror mole do dia a dia sobre os ombros)
felizes os que, à imagem de Deus, perdoam
alargando o coração às dimensões de um mundo abençoado
José Augusto Mourão
In "O nome e a forma", ed. Pedra Angular
felizes os pacíficos, que suspendem a violência
e reparam as redes de logradas fainas
(ai a guerra, mãe da pobreza e irmã da morte)
felizes os que aos olhos do mundo
passam por inútil carga social ou rendimento zero
e que escondidamente participam da alegria
que aligeira a vida
(ai aqueles que a sede de poder afoga)
felizes os pobres de alguma pobreza boa
felizes os que lavam as feridas e vivem com os cegos
honrando neles o fundo de humanidade
que lhes é comum
felizes os que nas situações-limite
decidem da singularidade do fazer, da urgência
felizes os que, excluídos, despojados de qualquer imagem
no documento mortal pregado na cruz
inscrevem os seus corpos
felizes os que, intacta, guardam a sensibilidade
à injustiça, apegados só à força da Palavra que cura
felizes os que não pactuam com os anjos
escuros da morte total
nem desculpam os «erros humanos»
das nossas sociedades sem olhos
(ai os que no inferno climatizado sobrevivem
ai o terror mole do dia a dia sobre os ombros)
felizes os que, à imagem de Deus, perdoam
alargando o coração às dimensões de um mundo abençoado
José Augusto Mourão
In "O nome e a forma", ed. Pedra Angular
Li aqui
sexta-feira, 14 de abril de 2017
O Calvário do mundo
1- Perante o horror todo do mundo, guerras e cidades a desmoronar-se, crianças a jorrar sangue e a gritar de dor ao colo de pais perdidos e a fugir não sabem para onde, violações, crucifixões, fome e mortes, terror e impotência, a palavra que sobe à mente: "Um calvário!" Às vezes, vêm ter comigo pessoas destroçadas e contam e contam e contam... destroçadas: "Sabe? A minha vida tem sido um calvário." E parte-se-me a alma.
2- Hoje, Sexta-Feira Santa, o que se lembra é o calvário de Cristo e, nele, os calvários todos da história. Perante o horror da morte a aproximar-se, diz o Evangelho que Jesus "começou a sentir-se apavorado e a angustiar-se" e rezava: "Meu Pai, tudo te é possível, afasta este cálice de mim. Mas faça-se não o que eu quero, mas sim o que Tu queres." E morreu, gritando esta oração: "Meu Deus, meu Deus, porque é que me abandonaste?"
3- Segundo a fé cristã, não faz sentido lembrar a Sexta-Feira Santa sem a esperança da Páscoa. Os discípulos viveram na perplexidade e angústia o calvário de Cristo. Foi lentamente que, reflectindo em tudo quanto tinham vivido com Jesus, e meditando sobre a sua vida, a sua mensagem, o modo como se dirigia Deus - Amor incondicional, Pai e Mãe -, o modo como se relacionou com todos, o modo como se dirigiu para a morte, fizeram a experiência de fé de que esse Jesus não morreu para o nada, mas para dentro da plenitude da vida em Deus. Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos e da Vida. Essa experiência foi tão intensa e avassaladora que disso deram testemunho até à morte.
quinta-feira, 13 de abril de 2017
Mastro do Milenário — Eu estive lá
Efeméride
13 de abril de 1958
13 de abril de 1958
O presidente da Câmara Municipal, Dr. Alberto Souto, inaugurou, na ponte da Dobadoura, o «Mastro do Milenário», cujo simbolismo esclareceu na mensagem, dirigida aos aveirenses, que então proferiu (Litoral, 19-4-1958) – A.
"Calendário Histórico de Aveiro",
de António Christo e João Gonçalves Gaspar
Eu assisti aos trabalhos de erguer o mastro do Milénio da povoação de Aveiro e Bicentenário da cidade, datas que se celebraram em 1959. Comandou as operações delicadas o Mestre Manuel Maria Bolais Mónica, com muita gente a assistir, porventura receosa, alguma, de o mastro não entrar no buraco para ficar com as bandeiras a assinalar as efemérides, que se esperavam festivas.
Como manobrador do camião do estaleiro do Mestre Mónica estava o então meu amigo Henrique Correia, que veio a ser o primeiro presidente do Grupo Desportivo da Gafanha, sendo eu o secretário.
O camião estava carregado, julgo que com toros, para garantir a estabilidade do veículo quando aplicava a máxima força para erguer o mastro. Cordas grossas postas em lugar estratégico, naturalmente, garantiam a resistência suficiente para o êxito esperado. O Mestre falava alta, gritava mesmo, para que todos ouvissem as suas ordens. E quando veio a ordem para o Henrique Correia acelerar o camião, paulatinamente, o mastro começou a levantar-se e no sítio certo, bem aprumado, lá ficou a lembrar a todo o nosso mundo que Aveiro existia desde 959, como povoação ligada a Mumadona Dias, e como cidade a partir de 1759.
Mestre Manuel Maria Bolais Mónica morreu no ano seguinte, mais concretamente em 16 de julho de 1959.
F.M.
Mais um livro de Teresa Reigota
Teresa Reigota acaba de lançar mais um livro — Gafanha... Crianças de antanho e suas vivências — que decerto nos levará a recordar tempos idos. Temos vivências espontâneas ainda muito longe das brincadeiras e saberes comandados ou telecomandados pelas revolucionárias tecnologias da comunicação. Será um livro, imagino eu, que as antigas e novas gerações hão de saber apreciar. Depois direi...
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Faleceu António Augusto Afonso
Recebi hoje a dolorosa notícia do falecimento do meu bom amigo António Augusto Afonso. Tinha 92 anos e vivia há muito nos Estados Unidos da América. A doença que o vitimou ceifou-lhe a vida terrena em três semanas. Homem profundamente crente, ligado às Igrejas Evangélicas, morreu serenamente como, aliás, sempre viveu.
O senhor António Afonso, como era mais conhecido, foi um cidadão exemplar e um crente evangélico convicto, amigo dos seus amigos, melhor dizendo, amigo de todos os que com ele se cruzaram na vida, independentemente das convicções religiosas, políticas, sociais ou outras de cada um. Por isso mesmo, era respeitado e venerado por toda a gente.
Foi durante muitos anos alfaiate, acumulando, durante certo tempo, a atividade de barbeiro. Mas foi como mestre alfaiate que mais se distinguiu, pelo rigor do corte e perfeição dos acabamentos, não lhe faltando clientes. Porém, um dia emigrou para os Estados Unidos, carregando as saudades da sua Gafanha de que falava continuamente com ternura, evocando pessoas e acontecimentos que o marcaram indelevelmente.
Durante umas férias entre nós, António Augusto Afonso exibiu uma memória fresca e fiel e garantiu-me que, «para vencer a solidão, nascida com a reforma, se dedicava a recordar o passado, construindo miniaturas de madeira e de outros materiais, com as quais avivava e enriquecia a sua existência, reproduzindo, de cor, edifícios e objetos que tinham lugar cativo na sua cabeça. Tornando-os presentes, longe da terra-mãe, podia, então, ao apreciá-los, voltar a recuar décadas e sentir-se gafanhão de coração. Mas António Afonso não se fica por aí. Como gostava de escrever, passou ao papel, numa caligrafia personalizada, certinha e bem medida, estórias vividas há muitas décadas.
Nessas memórias, que o são de facto, o nosso conterrâneo pede a todos quantos tiverem a paciência de ler a sua «gatafunhada» tolerância pelos seus erros gramaticais, dedicando-a à sua Gafanha da Nazaré, que nem sequer sabe quanto ele a amava.
Os seus manuscritos são, ao jeito de memórias, retalhos de eras que tive o privilégio de ler e apreciar. A partilha dos seus sentimentos, emoções e evocações, em que retrata colegas de infância, estórias de vizinhos, brincadeiras e visitas aqui e ali, foram outras tantas lições que guardarei nas gavetas das boas recordações, para tornar presente a nossa amizade, cimentada há muito tempo, apesar das convicções religiosas de cada um.
Sei que Deus já acolheu no seu regaço maternal o nosso bom amigo António Augusto Afonso. Esta é a minha certeza.
Fernando Martins
Semana Santa
Estamos
na Semana Santa, também chamada Semana Maior, por nela vivermos mais intensamente
as verdades essenciais da nossa fé. Semana de silêncio, meditação, oração e de
certeza de que a Ressurreição de Jesus, ano a ano renovada no coração dos
crentes, está próxima, para júbilo de quantos acreditam que a vida de cada um
de nós é sempre um recomeço.
Jesus
Cristo, um marco histórico indiscutível, é luz do mundo que anuncia Boas Novas
a todos os homens e mulheres de boa vontade, para glória de Deus e redenção de
toda a humanidade, derrotando as nossas fragilidades que tornam agreste a nossa
sociedade.
A
Semana Santa, vivida e sentida na humildade, leva-nos mais até aos que sofrem
no corpo e na alma as incompreensões dos egoísmos e as injustiças a diversos níveis.
A Semana
Santa é também uma semana de purificação e de compromissos permanentemente
renovados. E no culminar dela, teremos a alegria da Ressurreição de Cristo, que
nos garante a plenitude da vida.
Santa
Páscoa para todos na feliz certeza de Cristo Ressuscitado.
Fernando
Martins
Subscrever:
Comentários (Atom)





