Teresa Reigota acaba de lançar mais um livro — Gafanha... Crianças de antanho e suas vivências — que decerto nos levará a recordar tempos idos. Temos vivências espontâneas ainda muito longe das brincadeiras e saberes comandados ou telecomandados pelas revolucionárias tecnologias da comunicação. Será um livro, imagino eu, que as antigas e novas gerações hão de saber apreciar. Depois direi...
quinta-feira, 13 de abril de 2017
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Faleceu António Augusto Afonso
Recebi hoje a dolorosa notícia do falecimento do meu bom amigo António Augusto Afonso. Tinha 92 anos e vivia há muito nos Estados Unidos da América. A doença que o vitimou ceifou-lhe a vida terrena em três semanas. Homem profundamente crente, ligado às Igrejas Evangélicas, morreu serenamente como, aliás, sempre viveu.
O senhor António Afonso, como era mais conhecido, foi um cidadão exemplar e um crente evangélico convicto, amigo dos seus amigos, melhor dizendo, amigo de todos os que com ele se cruzaram na vida, independentemente das convicções religiosas, políticas, sociais ou outras de cada um. Por isso mesmo, era respeitado e venerado por toda a gente.
Foi durante muitos anos alfaiate, acumulando, durante certo tempo, a atividade de barbeiro. Mas foi como mestre alfaiate que mais se distinguiu, pelo rigor do corte e perfeição dos acabamentos, não lhe faltando clientes. Porém, um dia emigrou para os Estados Unidos, carregando as saudades da sua Gafanha de que falava continuamente com ternura, evocando pessoas e acontecimentos que o marcaram indelevelmente.
Durante umas férias entre nós, António Augusto Afonso exibiu uma memória fresca e fiel e garantiu-me que, «para vencer a solidão, nascida com a reforma, se dedicava a recordar o passado, construindo miniaturas de madeira e de outros materiais, com as quais avivava e enriquecia a sua existência, reproduzindo, de cor, edifícios e objetos que tinham lugar cativo na sua cabeça. Tornando-os presentes, longe da terra-mãe, podia, então, ao apreciá-los, voltar a recuar décadas e sentir-se gafanhão de coração. Mas António Afonso não se fica por aí. Como gostava de escrever, passou ao papel, numa caligrafia personalizada, certinha e bem medida, estórias vividas há muitas décadas.
Nessas memórias, que o são de facto, o nosso conterrâneo pede a todos quantos tiverem a paciência de ler a sua «gatafunhada» tolerância pelos seus erros gramaticais, dedicando-a à sua Gafanha da Nazaré, que nem sequer sabe quanto ele a amava.
Os seus manuscritos são, ao jeito de memórias, retalhos de eras que tive o privilégio de ler e apreciar. A partilha dos seus sentimentos, emoções e evocações, em que retrata colegas de infância, estórias de vizinhos, brincadeiras e visitas aqui e ali, foram outras tantas lições que guardarei nas gavetas das boas recordações, para tornar presente a nossa amizade, cimentada há muito tempo, apesar das convicções religiosas de cada um.
Sei que Deus já acolheu no seu regaço maternal o nosso bom amigo António Augusto Afonso. Esta é a minha certeza.
Fernando Martins
Semana Santa
Estamos
na Semana Santa, também chamada Semana Maior, por nela vivermos mais intensamente
as verdades essenciais da nossa fé. Semana de silêncio, meditação, oração e de
certeza de que a Ressurreição de Jesus, ano a ano renovada no coração dos
crentes, está próxima, para júbilo de quantos acreditam que a vida de cada um
de nós é sempre um recomeço.
Jesus
Cristo, um marco histórico indiscutível, é luz do mundo que anuncia Boas Novas
a todos os homens e mulheres de boa vontade, para glória de Deus e redenção de
toda a humanidade, derrotando as nossas fragilidades que tornam agreste a nossa
sociedade.
A
Semana Santa, vivida e sentida na humildade, leva-nos mais até aos que sofrem
no corpo e na alma as incompreensões dos egoísmos e as injustiças a diversos níveis.
A Semana
Santa é também uma semana de purificação e de compromissos permanentemente
renovados. E no culminar dela, teremos a alegria da Ressurreição de Cristo, que
nos garante a plenitude da vida.
Santa
Páscoa para todos na feliz certeza de Cristo Ressuscitado.
Fernando
Martins
terça-feira, 11 de abril de 2017
Morreu Fernando Campos, romancista histórico

“A Casa do Pó é um romance sem padrinhos. Fernando Campos, o seu autor, é um homem que durante dez anos persistiu na demanda do enigma de Frei Pantaleão, franciscano no Itinerário da Terra Santa. O enigma resistiu à investigação, mas a ficção portuguesa ganhou um romance extraordinário, melhor entre os melhores.”, escreveu Clara Ferreira Alves no Expresso sobre o autor que escreveu o seu primeiro romance aos 61 anos.
Texto de ISABEL COUTINHO, no Público
NOTA: Li este e outros livros de Fernando Campos, todos com entusiasmo, tanto pela escrita fluente e sem mácula que o autor cultivava, mas também pela abordagem de temas de matriz história. Neste eu primeiro livro debruçou-se sobre o aveirense Frei Pantaleão.
domingo, 9 de abril de 2017
S. Jorge: Fajã da Caldeira de Santo Cristo
A Fajã da Caldeira de Santo Cristo merece sem dúvida o percurso de uma hora a pé por um caminho de terra batida que bordeja as encostas íngremes e verdejantes do Norte da Ilha de São Jorge. Vivem ali poucas famílias e a lagoa de água salobra produz as melhores e maiores amêijoas que jamais comi em toda a minha vida.
Se há paraíso e se há sítio na terra onde se esteja próximo do céu, este é seguramente um desses locais. Não pelas amêijoas mas pela paz e desprendimento que o lugar oferece, protegido por uma imagem de Cristo que, segundo a lenda, se recusou a sair dali, provocando intempéries de cada vez que os homens tentavam tirá-la, por mar, do lugar que Ele escolheu!
Pedro Martins
A Bíblia em praça pública
O projecto de Frederico Lourenço, assumido pela Quetzal, não se limita a uma nova tradução do Novo Testamento mas à tradução de toda a Bíblia Grega, judaica e cristã.
1. Como escreveu, em 2016, o Prof. José Augusto Ramos, o universo cultural, editorial, científico e académico português foi recentemente presenteado com o aparecimento do primeiro volume de uma tradução da Bíblia grega, conceito que nos tem sido estranho, desde há muitos séculos [1]. Este ano, nos finais de Março, Frederico Lourenço inundou todas as livrarias com o segundo volume da tradução da Bíblia grega, o Novo Testamento completo, escrito há quase 2000 anos, cujo original é irrecuperável. Esta tradução está baseada no texto fixado por Nestle-Aland [2].
Para F. Lourenço, a leitura comparativa dos evangelhos canónicos e dos restos que nos chegaram dos apócrifos não deixa qualquer dúvida quanto à imprescindibilidade de Marcos, Mateus, Lucas e João, talvez os livros mais extraordinários da História da Humanidade.
Um padre, espantado com este fenómeno, perguntou-me: mas esse tradutor é padre? Quando lhe respondi que não era padre nem ex-padre, não era católico nem protestante e que neste trabalho prescinde, metodologicamente, de pressupostos religiosos, mostrou-se desconfiado. Aí há gato!
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