sexta-feira, 24 de março de 2017

2.º Volume da Bíblia de Frederico Lourenço

Já nas livrarias 

Ainda não terminei a leitura do 1.º volume, que inclui os quatro Evangelhos, e já chegou às livrarias o 2.º volume, para completar o Novo Testamento. Tenho muito que ler, sem contar outras novidades literárias que estão à minha espera.

Frederico Lourenço, sublinha, conforme li no Diário de Notícias: «A tradução completa do Novo Testamento é o melhor trabalho que fiz até hoje.» E sobre as críticas referentes ao 1.º volume, diz: «Nenhuma me irritou porque senti que o acolhimento foi muito positivo. Houve a expressão de um ponto de vista previsível, vindo de um determinado setor religioso, mas isso é normal. Cada denominação do cristianismo tem a sua maneira de abordar a Bíblia. A minha tradução não está pensada para nenhuma delas, portanto tem potencial para desagradar igualmente a católicos, a protestantes, a mórmones ou a Testemunhas de Jeová. Ao mesmo tempo, dentro desses quadrantes religiosos, houve pessoas que se interessaram pela minha abordagem e que acham que esta Bíblia não-dogmática pode ser complementar à abordagem teológica e religiosa. Penso que as pessoas já perceberam que ler a Bíblia dentro de uma Igreja é diferente de a ler numa universidade laica, como é a de Coimbra - são duas realidades. Os historiadores e os linguistas não fazem a mesma leitura da Bíblia que farão os teólogos católicos e protestantes. Tudo isso é normal.»

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Eu fui, lavei-me e comecei a ver

Reflexão de Georgino Rocha


«Acreditar em Jesus 
é acreditar no ser humano, 
como ele sempre faz. 
Em todas as circunstâncias.» 


A clareza da afirmação deixa perceber a grandeza do acontecido. A simplicidade da resposta reenvia o sentido da pergunta. A brevidade da frase indicia o início de um longo processo. A cura do cego operada por Jesus de Nazaré manifesta as maravilhas de Deus e gera um dinamismo interpelante em círculos humanos progressivamente alargados. Surge um novo modo de ver que marca a caminhada na fé de quem faz o itinerário de iniciação ao baptismo, à vida cristã. (Jo 9, 1-41).
Jesus anda em missão. Encontra um cego de nascença. Os discípulos que o acompanhavam ficam inquietos e querem saber o por quê da situação. Pensam que, de acordo com a moral judaica, a doença é fruto do pecado, que tem de haver alguém responsável e era preciso repor a justiça ferida. Não descortinam outros horizontes nem alvitram novas hipóteses.
Jesus tem outro olhar. Em vez do por quê, responde com o para quê. Não está voltado para o passado, mas aberto ao futuro. E por isso desliga do pecado o sucedido e de quem o possa ter cometido, e desvenda o sentido real do que está em causa: ser oportunidade para se manifestarem as obras de Deus. E exorta os discípulos a estarem atentos ao que acontece, a discernirem na sua complexidade o sentido que veiculam, a captarem a mensagem que transmitem, a saberem adoptar a atitude ética coerente, a sonharem outras ousadias.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Hoje acordei assim

Pedras com expressão

Hoje acordei assim. Nem podia ser de outra forma, ou não fôssemos nós influenciados pelo ambiente que nos envolve. Que nos envolve e que faz de cada um de nós seres tristes ou alegres, otimistas ou pessimistas, satisfeitos ou insatisfeitos, comunicativos ou taciturnos. E as pedras também sabem dar-nos recados ou refletir verdades. Nuas e cruas, como diz o povo na sua sabedoria sem limites. O frio, próprio do inverno, está a fazer mossa nas pessoas e noutros seres vivos. E até em seres inanimados. O frio estraga tudo. Dá-nos cabo da paciência: Acicata as dores ósseas e musculares, afeta o nosso pensar e agir, obrigando-nos a ficar por casa no aconchego dos cobertores ou dos aquecedores, para quem os tem ou pode ter. Mas ele há de cansar-se de nos incomodar. E a primavera virá, mais tarde ou mais cedo.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Dia Mundial da Água — Razões para refletir

CARTA ENCÍCLICA LAUDATO SI’
DO SANTO PADRE FRANCISCO
SOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM






29. Um problema particularmente sério é o da qualidade da água disponível para os pobres, que diariamente ceifa muitas vidas. Entre os pobres, são frequentes as doenças relacionadas com a água, incluindo as causadas por microorganismos e substâncias químicas. A diarreia e a cólera, devidas a serviços de higiene e reservas de água inadequados, constituem um factor significativo de sofrimento e mortalidade infantil. Em muitos lugares, os lençóis freáticos estão ameaçados pela poluição produzida por algumas actividades extractivas, agrícolas e industriais, sobretudo em países desprovidos de regulamentação e controles suficientes. Não pensamos apenas nas descargas provenientes das fábricas; os detergentes e produtos químicos que a população utiliza em muitas partes do mundo continuam a ser derramados em rios, lagos e mares.

30. Enquanto a qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável. Esta dívida é parcialmente saldada com maiores contribuições económicas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres. Entretanto nota-se um desperdício de água não só nos países desenvolvidos, mas também naqueles em vias de desenvolvimento que possuem grandes reservas. Isto mostra que o problema da água é, em parte, uma questão educativa e cultural, porque não há consciência da gravidade destes comportamentos num contexto de grande desigualdade.

31. Uma maior escassez de água provocará o aumento do custo dos alimentos e de vários produtos que dependem do seu uso. Alguns estudos assinalaram o risco de sofrer uma aguda escassez de água dentro de poucas décadas, se não forem tomadas medidas urgentes. Os impactos ambientais poderiam afectar milhares de milhões de pessoas, sendo previsível que o controle da água por grandes empresas mundiais se transforme numa das principais fontes de conflitos deste século.

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Arqueologia na Casa da Cultura de Ílhavo


segunda-feira, 20 de março de 2017

Não tardes, Primavera!

Flores do meu jardim 









Chegou tímida, muito tímida, a Primavera deste ano. Sol ausente a contrariar a nossa ansiedade, talvez para nos ensinar a esperar, a ter confiança no ciclo da vida a que estamos habituados. A natureza, no seu pensar e agir, tem destas coisas: Gosta de intervir, exercendo o seu papel pedagógico em nosso proveito. A capacidade de espera e a paciência  tranquila são virtudes um pouco desvalorizadas. 
A Primavera, a autêntica, sobre a qual fazíamos redações no Ensino Primário cantando a sua beleza, com o desabrochar da vida, das plantas e demais seres vivos, do sol ameno e temperaturas gostosas, hoje muito pouco nos disse. 
Agasalhado, saí do meu sótão de máquina em punho. Teimosamente à descoberta de sinais anunciadores de que a Primavera, mais dia, menos dia, estará a bater-nos à porta para nos garantir que vem para ficar. E confirmei que ela vem mesmo a caminho.Oxalá venha depressa. 

F.M.