segunda-feira, 20 de março de 2017

Não tardes, Primavera!

Flores do meu jardim 









Chegou tímida, muito tímida, a Primavera deste ano. Sol ausente a contrariar a nossa ansiedade, talvez para nos ensinar a esperar, a ter confiança no ciclo da vida a que estamos habituados. A natureza, no seu pensar e agir, tem destas coisas: Gosta de intervir, exercendo o seu papel pedagógico em nosso proveito. A capacidade de espera e a paciência  tranquila são virtudes um pouco desvalorizadas. 
A Primavera, a autêntica, sobre a qual fazíamos redações no Ensino Primário cantando a sua beleza, com o desabrochar da vida, das plantas e demais seres vivos, do sol ameno e temperaturas gostosas, hoje muito pouco nos disse. 
Agasalhado, saí do meu sótão de máquina em punho. Teimosamente à descoberta de sinais anunciadores de que a Primavera, mais dia, menos dia, estará a bater-nos à porta para nos garantir que vem para ficar. E confirmei que ela vem mesmo a caminho.Oxalá venha depressa. 

F.M.

Primavera - 2017

 O brinde do Google para esta primavera

domingo, 19 de março de 2017

O meu pai

Para o meu querido pai, 
com imensa saudade da sua presença física


O meu pai está sempre presente na minha vida. Faz parte integrante do meu pensar e agir. Nunca o vi zangado e quando a minha mãe, Facica de temperamento, lhe dizia alguma coisa menos agradável, o que acontece, aliás, com qualquer casal normal, era certo e sabido que o meu pai reagia com um sorriso. Era um sorriso que nos envolvia e contagiava pela sua serenidade.
O meu pai, Armando Lourenço Martins, Armando Grilo como era mais conhecido, foi menino para a pesca do bacalhau. Nunca teve tempo para brincar, muito menos para estudar. E por lá andou enquanto pôde e a família exigia. A sua grande preocupação concentrava-se no bem-estar da mulher e filhos. E como gostava ele de me ver brincar com o meu irmão, três anos mais novo do que eu… E às tantas dizia: «Chega por hoje, também é preciso fazer outras coisas, vamos ajudar a mãe.»
Tenho a certeza de que Deus, que meu pai me ajudou a descobrir pela porta da bondade, da ternura e do amor, o tem no seu regaço maternal, onde espero encontrá-lo um dia. Aí, teremos todo o tempo do mundo para conversar, na companhia da mãe Rosita Facica e do Armando, o nosso Menino.

Fernando Martins

Nota: O meu pai nunca usou barbas, mas um dia, quando chegou da viagem, apresentou-se assim para espanto de todos nós. Perante a nossa reação, logo esclareceu: «Calma, é só para tirar a fotografia.» E lá foi a Aveiro resolver a situação.  

Não rezem como os gentios

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO




Seria grossa asneira supor que Deus é o substituto da investigação científica, da organização do Estado, do bom funcionamento do ensino, do serviço nacional de saúde, de hospitais de qualidade, do funcionamento da Justiça, da solidariedade, etc.

1. Dizem-me que, hoje, no campo religioso, a espiritualidade é a sua expressão mais chique e o esoterismo, a mais democrática pela numerosa oferta de expedientes, sem os aborrecidos mandamentos das religiões.
Há espiritualidades para tudo e mais alguma coisa. Cada uma das ordens e congregações religiosas reclamam-se de uma espiritualidade original, marca da sua identidade. Os diferentes movimentos do laicado católico alargaram esse pluralismo ao apresentar e justificar os seus caminhos e mediações pretensamente inconfundíveis.
Redescobriu-se, no diálogo inter-religioso, que o divino Espírito não é propriedade privada de ninguém. Existem movimentos agnósticos e ateus que se reclamam de uma profunda sabedoria espiritual. Mas ficava sempre alguma coisa de fora. A chamada espiritualidade holística é tão abrangente que nela há lugar para tudo.
O todo é inabarcável e, como diz o Novo Testamento, o Espírito sopra quando e onde quer, sem pedir licença a ninguém, resistindo a ser domesticado. As classificações humanas dos carismas não podem impedir, no seu catálogo, a espiritualidade dos insatisfeitos.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Transhumanismo e pós-humanismo (1)

Crónica de Anselmo Borges 
no DN


"Não se pode compreender nada actualmente, 
passando ao lado das revoluções tecnológicas."

Embora pouco debatido, está em marcha todo um projecto para modificar o homem, no limite, pensando até na imortalidade, e cientistas trabalham nele, com o apoio financeiro de grandes grupos, como o Google, que tem em Raymond Kurzweil, um génio informático, autor de The Singularity Is Near: When Humans Transcend Biology, o seu mais afirmado profeta. É, pois, relevante que o filósofo Luc Ferry, que já foi ministro da Educação em França, venha, numa obra exigente e pedagógica, La Révolution Transhumaniste, alertar para a urgência da reflexão sobre tão complexa temática: "Não se pode compreender nada actualmente, passando ao lado das revoluções tecnológicas."

1. O transhumanismo, explica Ferry, é um filho da terceira revolução industrial, a do digital e das NBIC: nanotecnologias, biotecnologias, informática, ciências cognitivas, isto é, ciências do cérebro e inteligência artificial. Tem três características fundamentais: a passagem de uma medicina terapêutica a uma medicina de "aumento", concretamente através da engenharia genética e da hibridação (um exemplo: mediante um implante, ficar com uma visão de águia); passagem do acaso à escolha, "from chance to choice", da lotaria genética a um eugenismo; o aumento da vida humana, lutando contra o envelhecimento e a morte (a Universidade de Rochester já aumentou em 30% a vida de ratos transgénicos). Numa palavra: avançar para "homens aumentados".

A água de Jesus sacia a nossa sede

Reflexão de Georgino Rocha


O encontro de Jesus com a samaritana contém uma riqueza admirável de ensinamentos. Pelo que mostra e pelo que simboliza. Para todos os tempos. Centrado nas sedes humanas, envolve outras dimensões pessoais e colectivas, conjugais e familiares, étnicas e religiosas, espirituais e transcendentes. Centrado em dois protagonistas – o judeu Jesus e a anónima samaritana – decorre em ambiente de diálogo pedagógico esclarecedor. Quem necessita passa a dar ajuda e quem dispõe de meios acolhe os que lhe são oferecidos. João, o evangelista encenador e narrador do episódio do poço de Jacob, em Sicar da Samaria, elabora uma excelente catequese que a Igreja integra na preparação dos candidatos ao baptismo, início da vida cristã. (Jn 4, 5-42).
Era cerca do meio dia, hora avançada para quem madruga. Jesus anda em missão pelas terras áridas da Samaria. Sente-se cansado e aproxima-se de Sícar. Senta-se à beira do poço de Jacob. Fica só, pois os discípulos vão à procura de alimento à povoação. A paixão do anúncio da novidade de Deus “assalta-lhe” o coração. Ergue o olhar e vê uma mulher que vem com um cântaro vazio. O encontro pressentido e desejado vai acontecer, embora seja preciso cautela prudencial. “Dá-me de beber” é a saudação inicial que soa muito estranha ao ouvido daquela mulher. E a réplica tem algo de censura: Tu, judeu, atreves-te a fazer pedidos a uma samaritana? Jesus avança com uma proposta de sentido diferente e garante-lhe: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que que te diz: “Dá-me de beber, tu é que lhe pedirias e Ele te daria água viva”.

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