quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Um poema de Orlando Figueiredo: MAR

Publicado 
em 25 de agosto de 2006 
no meu blogue




MAR 

Aqui está o mar
inteiro e firme
olhos abertos e azuis
voz rouca e veemente

Cresce em mim como espuma
o desejo de amar o mar


In “Guardador de Sonhos”

NOTA: Os anos passam a uma velocidade estonteante, ficando para trás, cansados da caminhada, vivências,  experiências, encontros e desencontros, leituras e escritos. Fui ver o que escrevi no dia 25 de agosto de há 10 anos e encontrei este poema do meu familiar, amigo e poeta Orlando Figueiredo. Aqui fica ele em jeito de homenagem e na esperança de voltar à leitura da sua poesia. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Porto de Pesca Costeira: A vontade de comer

Porto de Pesca Costeira
Ao longe vi apenas o Porto de Pesca Costeira com tempo enevoado. Sombra de barcos de pesca e ponte ao longe emolduravam o quadro. E disparei sem mais para registar a minha passagem por aquelas bandas. Porém, no computador tudo se mostrou diferente, mais nítido e mais desafiante. Sinais de vontade de saborear algum peixito caído de qualquer barco geraram esta moldura de gaivotas atentas às manobras de quem por ali trabalhava. E será, garantidamente, coisa habitual.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Andanças pela Figueira da Foz em agosto

Bairro no meio do arvoredo
Vela em terra à espera de barco

Perdeu o Norte ou está a descansar?
Câmara Municipal da Figueira da Foz construída em 1897

A Lita numa das suas praias preferidas (Buarcos)
Sempre a perscrutar outros horizontes
Para viver com mar à vista
Pedras que dão sempre jeito
Navegar muito ao largo para não perturbar quem está a banhos

Todas as posições são válidas para ficar no retrato
Mais uma vez a tentar ver nem sei o quê

Decisões da República

1911 - 23 de agosto

Convento das Carmelitas renovado
«Um decreto assinado pelos ministros Afonso Costa e José Relvas determinou o seguinte:
1.º – São cedidos à Câmara Municipal do Concelho de Aveiro os edifícios e suas dependências dos extintos conventos de Jesus e das Carmelitas nessa cidade, a fim de neles instalar repartições públicas, escolas, tribunais e quartéis de polícia;
2.ºA parte do convento de Jesus, contígua ao claustro e à igreja, a qual já foi declarada monumento nacional, será destinada à instalação de um museu regional de arte antiga e moderna, na medida do que for sendo necessário e sob a administração da Câmara Municipal».
A Edilidade viu-se incapaz de levar por diante a iniciativa do museu, pelo que, em 7 de Junho de 1912, o Estado chamou a si a sua instalação e conservação (Diário do Governo, n.º 198, 25-8-1911, pg. 3608. Em Arquivo, XLI, pgs. 241 e ss., há diversas inexactidões em datas; também há inexactidões em Museu de Aveiro – Roteiro, pg. 4, da autoria de António Manuel Gonçalves) – J.»
"Calendário Histórico de Aveiro"
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Ainda os Açores — Leituras (1)

“Mulher de Porto Pim — Uma ode aos Açores” 
de Antonio Tabucchi



Quando fui aos Açores, mais concretamente à ilha de S. Miguel, levei no saco da bagagem um livro de Raul Brandão — “As Ilhas Desconhecias” —, escrito em 1926 (há precisamente 90 anos), a partir de uma viagem que o escritor e jornalista havia feito em 1924. Levei também outra literatura avulsa de caráter propagandístico, mas interessante.
Hoje, porém, inicio referências a outros livros que tanto podem ser lidos antes da partida para os Açores como no regresso. Começo com “Mulher de Porto Pim — Uma ode aos Açores” de Antonio Tabucchi, professor e escritor italiano que se radicou em Portugal por tanto gostar do nosso país. Morreu em 25 de março de 2012.
A edição que tenho em mãos e que já li tem a chancela da editora Dom Quixote e foi publicada este ano. Apresenta o Prólogo com data de 23 de setembro de 1982. São apenas 126 páginas, capa dura, tradução de Maria Emília Marques Mano, pois o original foi escrito em italiano, em Vecchiano. 
Curiosamente, depois de ler o livro, de formato pequeno, li no Expresso uma referência crítica de Pedro Mexia, que lhe deu a classificação de quatro estrelas, num máximo de cinco. Tanto basta para aquilatarmos da qualidade e do interesse desta obra de Antonio Tabucchi.
No trabalho deste autor há naufrágios, destroços, passagens e lonjuras, mas há baleias e baleeiros, onde cabe a história da Mulher de Porto Pim. Permitam-me que destaque uma biografia, algo ficcionada, de Antero de Quental, a qual nos mostra António Feliciano de Castilho, a quem o pai do poeta açoriano confiou a instrução de seu filho. Mestre de Antero, na infância, e mais tarde adversários e polemistas na chamada Questão Coimbrã. 

Um retalho 

«Quando o menino chegou à idade de aprender, o pai chamou para sua casa o poeta António Feliciano de Castilho [Residiu algum tempo em S. Miguel] e confiou-lhe a sua instrução. Castilho era considerado então grande poeta, talvez por causa das suas traduções de Ovídeo e de Goethe, e talvez também pela sua infeliz cegueira que, por vezes, dava aos seus versos um tom pomposo muito apreciado pelos românticos. Na realidade era um erudito irascível e austero que privilegiava a retórica e a gramática. Com ele o pequeno Antero aprendeu latim, alemão e métrica. E com estes estudos chegou à adolescência.»

E no Post Scriptum — Uma baleia vê os homens

«Não gostam da água e têm medo dela, e não se percebe por que razão a frequentam. Também se deslocam em bandos, mas não levam fêmeas e adivinha-se que elas se encontram algures, mas sempre invisíveis. Às vezes cantam, mas só para si, e esse canto não é um chamamento, mas uma forma de lamento pungente. Cansam-se depressa, e quando a noite cai estendem-se sobre as pequenas ilhas que os transportam e talvez adormeçam ou olhem para a lua. Passam deslizando em silêncio e percebe-se que são tristes.»


Fernando Martins

Alexandre O'Neill morreu há 30 anos

  
“A poesia é a vida? Pois claro!
Conforme a vida que se tem o verso vem
— e se a vida é vidinha, já não há poesia
que resista. O mais é literatura,
libertinura, pegas no paleio;
o mais é isto: o tolo dum poeta
a beber dia a dia a bica preta,
convencido de si, do seu recheio…
A poesia é a vida? Pois claro!
Embora custe caro, muito caro
e a morte se meta de permeio.”
 
(Alexandre O’Neill, in Feira Cabisbaixa, 1965)
 
Nota: Foto e texto do Observador

sábado, 20 de agosto de 2016

Forte da Barra em obras de conservação e pintura








Por ter estado uns dias ausente e, decerto, por andar também um pouco distraído, fiquei surpreendido quando deparei com obras de conservação e pintura das fachadas dos edifícios adjacentes ao Forte da Barra de Aveiro, também conhecido por Forte Novo ou Castelo da Gafanha. Depois de tanto se ter reclamado alguma dignidade para aquela estrutura de defesa militar, considerada Imóvel de Interesse Público pelo Decreto - Lei n.º 735/74 de 21 de Dezembro, fiquei deveras satisfeito por vislumbrar ao fundo do túnel solução para aquele espaço. As obras são da responsabilidade da APA (Administração do Porto de Aveiro) e incluem ainda a pintura da capela dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes, venerada pelos homens do mar e seus familiares.
O Forte da Barra é um imóvel do século XVII, embora haja quem o considere anterior. Trata-se de «uma obra do tipo abaluartado, restando, atualmente, uma pequena cortina de dois meios baluartes. Quando se tornou desnecessária a defesa do Rio Vouga foram edificadas diversas construções», diz Nogueira Gonçalves no seu Inventário Artístico de Portugal.
O Guia de Portugal da Fundação Calouste Gulbenkian acrescenta que a «torre de sinalização que aqui se ergue foi construída em 1840, sob a direção do Eng. Oliveira Antunes». Por sua vez, o Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses do General João de Almeida diz que «este forte teria sido construído durante a Guerra da Restauração e reconstruído nos anos de 1801 a 1802, em obediência ao plano de defesa do reino, elaborado nos fins do século XVIII». Acrescenta que, «em fins do século passado, perdida a sua eficiência militar, foi construída, contígua à fortaleza, da banda do sul, uma bateria rasa, de tiro de sinal para avisar a defesa da entrada da barra».
A descrição do Forte da Barra de Aveiro sugere‑nos uma referência a um outro forte, o Forte Velho, que existiu na Vagueira estando bem assinalado em diversas cartas, possivelmente construído com finalidades semelhantes pela mesma altura e há muito destruído. Estará em estudo a hipótese de abrir o Castelo da Gafanha à investigação histórica para, tanto quanto possível, se definir a razão da sua construção e sequentes alterações, no quadro da defesa militar, mas não só.
O Presidente da APA, Braga da Cruz, disse ao Diário de Aveiro que está «atento ao que possa surgir» para aproveitamento do Forte da Barra, desde que «tenha viabilidade económica». E a Câmara Municipal de Ílhavo sugere a sua utilização num investimento ligado à hotelaria, restauração ou de lazer.

Fernando Martins

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