quinta-feira, 7 de julho de 2016

Festa do Crisma na Gafanha da Nazaré

A vida é para a gastarmos ao serviço dos outros




«Se alguém quiser ser como Jesus, ser seu discípulo, tem de tomar a sua cruz todos os dias para O seguir”. Assim falou o nosso Bispo, D. António Moiteiro, na parte final da homilia, na Eucaristia das 19h, dia 18 de junho,  onde ministrou o sacramento da Confirmação a 39 jovens e 11 adultos.
D. António sublinhou que «a vida é para ser dada, para ser oferecida, para a gastarmos ao serviço dos outros». E referindo-se ao Padre Danny Santos Rodrigues, com origens nas Gafanhas da Nazaré e Carmo, que no domingo seguinte celebraria a Missa Nova na nossa igreja matriz, o prelado aveirense disse que «também ele um dia sentiu que Jesus o chamou para ser seu discípulo». 
Aos jovens e adultos que iam ser crismados, D. António salientou que também «Jesus passou hoje por aqui e está no meio de vós» para perguntar a cada um se quer ser seu discípulo, pegando na cruz de cada dia para O seguir. E para concretizar, lembrou que a cruz pode ser a do estudo, da incompreensão dos amigos, das dificuldades do trabalho, da própria família. 
O Bispo de Aveiro formulou o desejo de que, «se Jesus passa por vós e diz vinde comigo, vós deveis fazer com que o Espírito que ides receber e que enche o vosso coração seja fonte de vida nova para trabalhar na paróquia, fonte de vida nova para vos comprometerdes no lugar onde vos encontrais, fonte de vida nova para serdes também agentes para transformar o mundo em que vivemos». 
D. António Moiteiro disse que o Crisma não pode ser apenas uma celebração, uma festa, devendo ser, sobretudo, «um compromisso de viver a nossa fé e a nossa vida cristã, como dom para os outros». «Ser discípulo implica sempre duas realidades: o anúncio do Evangelho e o testemunho da nossa vida que somos chamados a dar cada dia».

terça-feira, 5 de julho de 2016

S. Miguel: Gatos


Sesta nos penedos. Mãe e filhote. Mar à vista. Sem programa marcado ou desejado. Sós. Nós, os estranhos, perturbámos o seu sossego. Ergueram-se desconfiados. Que querem de nós? Deixem-nos em paz. Saímos apressados e a sesta porventura continuou.

Ribeira Grande vista por Raul Brandão e por mim

Matriz ao longe
«A estrada sobe, a estrada desce, e a vegetação é cada vez mais impetuosa e forte. Já ao longe reluz uma brancura — Ribeira Grande. O panorama alarga-se, mas as nuvens começam a forrar o céu e o cheiro da humidade a entrar-me pelas ventas. Todo este ar lavado e amplo se emborralha. O calor amolece. Mais um lanço de estrada que sobe, e tenho diante de mim a rica planície da Ribeira Grande, largo quadro de tons variados, desde o loiro do trigo até ao verde-escuro do milho. Ao fundo, a toda a largura do céu, uma nuvem recortada e imóvel, estendida como um toldo, deixa um feixe de sol iluminar o oceano, enquanto o campo se conserva envolto em claridade esbranquiçada e magnética até à linha cinzenta dos montes.»

Raul Brandão, 
1924, 4 de agosto

Matriz de outro ângulo. Árvore secular marca presença
Jardim anexo à ribeira
Outro aspeto da ribeira
As árvores com idade avançada
As nuvens, sempre as nuvens
Na ponte, os nossos interlocutores

Ao volante do seu carro, que chiava a cada curva apertada e roncava em cada subida íngreme, com montes teimosamente no horizonte e mar em múltiplas esquinas, o meu João Paulo não se cansava de nos indicar povoações, miradouros, culturas e gentes. Trigo e milho jamais. Casas bonitas, bem caiadas e asseadas, flores e verdura a ornamentarem a paisagem. Vacas aqui e ali. E nas aldeias, de ruas estreitas desafiando a perícia dos condutores, lá estavam monumentos singelos com evocações histórias.
As nuvens de Raul Brandão a forrarem o céu e a humidade abafada a envolverem-nos eram presença assídua e incomodativa. Depois o largo, a Ribeira Grande, a maior da ilha, segundo o testemunho de três ribeirenses que cavaquearam connosco na ponte. De conversa simpática. A Ribeira Grande afinal trazia pouca água. E explicaram. — Quando chove bem, a água escorre dos montes e o caudal cresce bastante e com força; depois vem a normalidade, mas nunca seca.
E continuaram: — As árvores enormes são como monumentos; ninguém as pode cortar; quando éramos meninos já cá estavam e gostamos muito de as ver sempre bem tratadas. 
Depois falaram da prisão que estava num lado do largo, numa espécie de torre quadrangular. E orgulharam-se das ruas ajardinadas e limpas, das casas pintadas sob fiscalização da Câmara, dos jardins com arte. E um acrescentou: — Um dia um morador abusou, pintando a sua casa com uma cor esquisita; a Câmara resolveu o problema; as leis são para ser cumpridas.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Faleceu o meu amigo Plínio Ribau Teixeira

Plínio Ribau Teixeira
Inesperadamente, como acontece com todas as mortes, faleceu o meu amigo Plínio Ribau Teixeira, 76 anos, que conheci desde a infância, quando nos intervalos da escola brincávamos, imensas vezes, na eira dos seus pais. Filho de Manuel Teixeira, o Tio Elviro, e de Madalena Ribau, Tia Madalena Ruça, era membro de uma família numerosa, muito conceituada na terra. Irmão do Manuel, do Ângelo, do Diamantino, do Josué e da Maria de Fátima, viu partir para Deus, para além dos seus pais, os seus irmãos Ângelo e Josué. Ambos, tal como ele, ainda longe da velhice.
Curvo-me perante a sua memória, dirigindo a toda a família, para mim muito querida, palavras de esperança e de certezas de que a vida continuará no seio maternal de Deus. «… porque nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em Vós», no dizer sábio de Santo Agostinho. Isto nos consola e há de consolar de forma especial a família do meu amigo Plínio.
Da sua juventude, permitam-me que evoque o trabalho que o envolveu desde cedo. Na agricultura ao lado do pai, depois durante bom tempo na marinha de que Tio Elviro, seu saudoso pai, era marnoto, avançou a seguir com ânsia para mudar de vida. Estudou, tendo eu acompanhado a sua vontade de vencer, orientando-o em estudos de contabilidade. Havia de singrar, porque o Plínio queria realmente vencer. Como de facto venceu.
Casou com a Fátima, tendo-me convidado para o casamento a que fui, com gosto, com minha esposa. Emigrou e da Venezuela trouxe um filho, o Juan Carlos, que foi meu aluno. A seguir nasceu o Paulo Jorge, também meu aluno. E assim se foram cruzando as nossas vidas. De vez em quando lá nos encontrávamos e o Plínio nunca se me mostrou triste, nem preocupado, nem doente. Sempre de sorriso nos lábios, com uma ou outra recordação de tempos idos, de que ríamos a bom rir.
Em casa do avô, Manuel Ribau Novo, o homem que foi a alma da construção da nossa Igreja Matriz, mesmo ao lado da casa paterna, os domingos eram passados à volta da música. O Manuel com o seu violino era o maestro, o Ângelo com a viola, o Plínio com o banjo ou bandolim e o Diamantino com a guitarra. A Maria passava leve como uma pena, olhava, ria-se, e seguia. E o Josué alheio às melodias musicais. Mais tarde, este mesmo, o Josué, apaixonou-se pela teoria musical e pelo colecionismo de instrumentos. 
Em pouco tempo três Ribaus nos deixaram. Mas deles guardo, na gaveta sagrada das minhas memórias, histórias sem fim que dão cor à minha existência. 
O seu funeral realizar-se-á amanhã, 3.ª feira, 5 de julho, às 11 horas, para o cemitério da Gafanha da Nazaré.

Fernando Martins 

Festa de Nossa Senhora dos Navegantes

17 e 18 de setembro, no Forte da Barra

Capela de N. Senhora dos Navegantes
Procissão pela Ria 
A Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, no Forte da Barra, Gafanha da Nazaré, está já agendada para 17 e 18 de setembro, dela se destacando a procissão pela Ria de Aveiro, com o acompanhamento, já habitual, de barcos moliceiros, mercantéis, bateiras, lanchas e barcos de recreio. A organização é do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, em cooperação com a paróquia, autarquias, APA (Administração do Porto de Aveiro) e demais autoridades, militares, civis e religiosas. 
Pelas 11 horas do dia 18, domingo, haverá na Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré a receção aos ranchos e grupos folclóricos, nomeadamente, Rancho Folclórico “Os Marceneiros de Rebordosa”, Rancho Folclórico de S. Pedro de Roriz e Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, o grupo anfitrião.
A procissão pela Ria de Aveiro sairá do cais na Cale da Vila, pelas 14h30, passando por S. Jacinto e culminando no Forte da Barra, onde será celebrada a Eucaristia, por volta das 16h30, ficando os cânticos a cargo dos Ranchos convidados. 
Às 18h30 será dado início ao Festival de Folclore.

domingo, 3 de julho de 2016

Gostar de sofrer: mística ou doença

Crónica de Bento Domingues 


1. Só acreditas em Deus porque te dá jeito. Recebo muito bem esta velha censura de amigos agnósticos e ateus. Só me faltava acreditar porque via nisso uma desgraça.
O que torna a ideia de Deus inacreditável ou inaceitável para muitas pessoas, já foi expressa de mil maneiras. Em alguns meios, a mais corrente é esta: Deus não pode ser simultaneamente omnisciente, omnipotente e bom. Diante do sofrimento do mundo não sabe, não pode, ou não é tão infinitamente bom como se diz. Há outras razões mais sofisticadas de ateísmo. Não pretendo refutar nenhuma. Haverá sempre razões para dizer sim e razões para dizer não. Quando perguntaram a Einstein se acreditava em Deus, respondeu: primeiro gostaria de saber em que Deus está a pensar ao fazer essa pergunta.
Conheço confissões de fé em Deus que, para mim, são tão perversas que gostaria que não existissem. A Divindade foi e é invocada para fazer guerras e extermínio de populações. Na própria Bíblia há passagens, Livros e Salmos, absolutamente insuportáveis, mas não aconselharia a sua eliminação. Ao dizerem o que não se deveria nunca dizer de nenhum deus, revelam aquilo de que somos capazes: de colocar na boca de Deus os nossos interesses, mesquinhos ou detestáveis.
Por outro lado, quando, perante uma desgraça, natural ou provocada, se diz que é a vontade de Deus, sei que não acredito nessa peça do determinismo. Espero que Deus não tenha tão má vontade.

S. Miguel — Furnas



A legenda esclarece. Símbolo do primeiro laço entre as Furnas e os EUA

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