Conceição Serrão |
As boas notícias acontecem felizmente a cada esquina, sobretudo quando me cruzo com amigos que não vejo há muito tempo. Uma família que se apressava para se aproximar de mim interpelou-me no momento próprio para saber como tenho passado. Percebi a amizade estampada no rosto deles. No dia seguinte, um carro de matrícula estrangeira travou rápido e dele saiu um adulto que quis confirmar se não estava engado. E sorriu feliz quando me identifiquei. Acabei por reconhecer um antigo aluno de há uns 30 anos. Outros casos semelhantes emolduraram os meus dias de gratas recordações. Não me considero um nostálgico, mas sinto-me agradado com vivências que jamais olvidarei.
Flores para D. Conceição Serrão |
Vinha com estas evocações da minha já longa vida de mais de três quartos de século quando me ocorreu um hábito que cultivei com uma colega e amiga. Todos os anos, no dia 24 de novembro, ela costumava telefonar-me para me saudar pelo meu aniversário; o mesmo fazia eu no dia 22 de dezembro, data em que ela celebrava a sua vinda ao mundo em Viseu.
Estranhando o facto de não ter recebido o seu telefonema, talvez por me ter ausentado umas horas, hoje tive um toque premonitório, porque amanhã teria de cumprir o ritual. O que terá acontecido à professora Conceição Serrão para não me telefonar?
Mal cheguei a casa, liguei-lhe. Nem telefone fixo nem telemóvel deram sinais da sua voz caraterística.
Ocorreu-me que talvez estivesse a residir na Associação de Solidariedade Social dos Professores por força da idade e de alguns achaques. Em contacto com esta associação, recebi a triste notícia do seu falecimento há pouco tempo e de forma inesperada. Paz à sua alma.