domingo, 13 de setembro de 2015

Postal Ilustrado — Cemitério da Gafanha da Nazaré

Um lugar de memórias e de fé


O Cemitério da Gafanha da Nazaré, inicialmente designado por Cemitério Paroquial, foi benzido no dia 25 de julho de 1921, provavelmente pelo então primeiro prior, Padre João Ferreira Sardo. 
Não sendo um daqueles cemitérios que atraem turistas, por túmulos e capelas com arte, nem por ali estarem sepultadas figuras gradas da política, das ciências e da cultura, a verdade é que naquele espaço de fé e memórias repousam os restos mortais de muitos dos nossos antepassados entre outros de pessoas que assumiram a nossa terra como sua. Antes da inauguração, os que faleciam na Gafanha da Nazaré eram sepultados no cemitério de S. Salvador, Ílhavo.
Depois da bênção, foi sucessivamente aumentado em 28 de dezembro de 1933 e em abril de 1939. No ano anterior, a Câmara de Ílhavo pagou 1150 escudos pela planta do cemitério, provavelmente para legalizar diversas alterações entretanto feitas, conforme se lê nos arquivos da CMI.
Com a construção do Cemitério Paroquial, terminaram os sacrifícios do nosso povo que acompanhava os seus entes queridos falecidos até Ílhavo, por acessos difíceis e morosos de percorrer.
Graças ao desenvolvimento demográfico da nossa terra, as ampliações e melhoramentos sucederam-se e a Capela das Almas foi dada por concluída em 30 de Dezembro de 1933.
Entretanto, foi edificado o jazigo dos Priores da Gafanha da Nazaré e a Capela Mortuária, construída pela Câmara de Ílhavo, junto à igreja matriz. A Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré administra o cemitério e a referida capela.
Quando entramos no cemitério, ao olhar com alguma atenção, deparamos com referência históricas dignas de nota. Identificamos nomes de pessoas que nos foram queridas, que exerceram cargos de relevo, pobres e ricos. Há sinais de amor e de abandono, declarações de ternura e de fé. Rostos que nos marcaram pelo bem que nos fizeram. E a oração sentida brota naturalmente nos nossos corações.

Fernando Martins

O mar é fundamental

Um texto de Sofia Lorena no Público

“O clima será a economia do futuro 
e nesta equação o mar é fundamental”

Porto de Aveiro (Foto do meu arquivo)

Tiago Pitta e Cunha, especialista em políticas do oceano e assuntos marítimos, repete duas ideias: a “globalização não existe sem mar” e “não faz sentido lutar contra a geografia”.


Continuamos de costas viradas para o mar?
Na ausência de desígnios e de concertações nacionais prevalecem os interesses de grupo, os únicos organizados. Mas o interesse comum não existe e por isso é que não existe uma taxa de tonelagem [imposto com base na mercadoria transportada e não nos lucros], por exemplo. Como não há essa ideia de interesse comum, e do mar como interesse comum, um ministro das Finanças não compreende que deva dar a tal ajuda de Estado ao mar, mesmo vendo que os outros países da Europa o fazem.

Ler entrevista aqui

O ignorante, o sábio e o sensato

"O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflecte"

Aristóteles (-384/-322), filósofo da Grécia Antiga


Li no Público de hoje


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Um novo discurso do método teológico?

Crónica de Frei Bento Domingues 
«Que fazer, na Europa e nos EUA,
 para vencer a persistente cegueira 
que prepara sempre novas asneiras?»

Frei Bento Domingues



1. O regresso a este espaço pede-me alguns parágrafos de introdução. Começo por destacar o trabalho exemplar de reconstrução de uma muito original, eficaz e clandestina “devoção”, a dos Terceiros Sábados, lançada pelo casal Natália Duarte Silva – Nuno Teotónio Pereira, nos anos 70 do séc. XX.
Ignorada nas investigações sobre a relação dos grupos católicos com o Estado Novo e com a guerra colonial, foi agora tirada do limbo da memória de muitos participantes pelo esforço de António Marujo [1].
A pertinência do texto Dói-me Portugal, de Pacheco Pereira, não se vai esgotar na presente conjuntura política [2]. Clara Ferreira Alves, com As lágrimas de crocodilo [3], não permite esquecer que os EUA e a Europa foram e são parceiros na sementeira e na teia das loucuras cujas consequências, só em parte, estão à vista de todos, na tragédia dos fluxos migratórios. Se ninguém se lembra de perguntar aos países ricos do Golfo, irmãos da mesma fé, quantos refugiados sírios receberam, é porque os negócios sujos exigem silêncio. Em 2014, a Alemanha e os Estados Unidos bateram recordes na venda de armas no Golfo.

sábado, 12 de setembro de 2015

Os grandes veleiros

HÁ DOIS ANOS PUBLIQUEI ESTE TEXTO



Tenho saudades dos grandes veleiros. Lembrei-me hoje deles e da beleza que transportam enquanto cruzam outros horizontes. O colorido, os mastros apontando ao céu, as bandeiras agitadas pela aragem ou pelos ventos fortes, as cordas que se cruzam, os marinheiro folgazões, o povo que brota de todos os cantos do nosso país, os cantares descontraídos, o rigor das operações da atracagem e o levantar das amarras ficaram na minha memória. Quando voltarão?

Teólogos e recasados

Crónica de Anselmo Borges 

«O Evangelho manda, 
segundo os Actos dos Apóstolos, 
"não impor um jugo que nem os nossos pais 
nem nós somos capazes de suportar"»


1. A pensar no confronto do Sínodo de Outubro, 18 teólogos espanhóis de renome, como Torres Queiruga, González Faus, J.A. Pagola, escreveram uma carta de petição ao Papa querendo "completar, pelo outro lado, o escrito de meio milhão de fiéis no qual te pedem com afinco que "reafirmes categoricamente os ensinamentos da Igreja de que os católicos divorciados e que voltam a casar pelo civil não podem receber a sagrada comunhão". Dei conta aqui desse escrito no sábado passado. Na carta, a assinar por quem achar bem (já assinei), dão razões a justificar que "a prudência pastoral não só permite como reclama hoje uma mudança de posição" quanto à comunhão para os recasados.
A primeira é que as palavras de Jesus "Não separe o homem o que Deus uniu" têm de ser lidas no seu contexto. Elas dizem directamente respeito ao marido, que podia abandonar a mulher por qualquer motivo, até porque viu outra mais bonita. São, pois, palavras dirigidas primariamente à "defesa da mulher".

Jesus de Nazaré, diz-nos quem és tu

Reflexão de Georgino Rocha



«Que brilhe em nós a alegria 
da experiência alimentada 
no encontro contigo»

A reprimenda de Jesus a Pedro é de lançar todas as esperanças por terra. “Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens”. Mc 8, 27-35. Pobre Pedro! Havia agido em coerência e proclamado em nome do grupo dos discípulos que Jesus “é o Messias de Deus”, havia achado estranha a recomendação severa que impunha silêncio sobre esta verdade, havia julgado prudente aconselhar o Mestre, a sós, contestá-lo no seu surpreendente anúncio: que tinha de sofrer muito, ser rejeitado, morto e ressuscitado. E Jesus acrescenta dirigindo-se à multidão: “Quem quiser seguir-Me tome a sua cruz… quem perder a vida por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á”.