sexta-feira, 24 de julho de 2015

Um amigo


«Que belo é ter um amigo! Ontem eram ideias contra ideias. Hoje é este fraterno abraço a afirmar que acima das ideias estão os homens. Um sol tépido a iluminar a paisagem de paz onde esse abraço se deu, forte e repousante. Que belo e que natural é ter um amigo!»



Miguel Torga
Diário - 1935

Nota: Texto publicado há um ano neste meu blogue.


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Costa Nova: passadiços

As nossas praias


Gosto de caminhar pelos passadiços das nossas praias, apesar de alguns não se apresentarem devidamente cuidados. Gosto do ar que se respira, do cheiro a maresia e da paisagem dunar. Este verão ainda não usufruí da qualidade das nossas praias, mas vontade não me falta. Talvez na próxima semana, se Deus quiser.


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Liberdade

"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir"


George Orwell (1903-1950), escritor e jornalista inglês


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domingo, 19 de julho de 2015

A bicicleta do Padre Manuel Maria

Merecida homenagem a um homem bom



Um objeto de pessoa que estimamos, cuidado e guardado com gosto, é sempre uma homenagem merecida. Esse objeto, por mais simples que seja, torna presente as boas recordações que essa pessoa nos suscitou ao longo da vida. A bicicleta do Padre Manuel Maria Carlos, restaurada a rigor, tem agora lugar cativo no Museu Paroquial da Gafanha da Nazaré, graças à sensibilidade do nosso prior, Padre Francisco Melo, e ao saber e esmero do restaurador João Vinagre.
Quando nos foi dada a notícia do restauro da velha bicicleta, surgiu de imediato a necessidade de apreciar o trabalho levado a cabo pelo João Vinagre, motorista marítimo reformado e apaixonado por este tipo de tarefas, por simples prazer e para ocupar o tempo de forma saudável e útil. Já restaurou mais de 20 bicicletas e tem cinco em mãos. A arte de reparar e restaurar bicicletas veio-lhe da juventude, quando aprendeu e trabalhou numa oficina de seu tio Joaquim Vinagre, antes de enveredar pela mecânica, que o levaria a embarcar e a seguir a profissão de motorista marítimo.
Olhámos para a bicicleta, que lhe foi entregue em «péssimo estado, com peças podres e uma roda inadequada», e logo nos veio à memória o Padre Manuel Maria, que a utilizava nas suas voltas pela Gafanha da Nazaré, tal como pela Torreira, onde foi pároco, entre 1960 e 1974.

A religião não é para mulheres

Crónica de Frei Bento Domingues 


«É sempre como mulheres e homens 
que Deus os cria e recria, sem subordinações 
nem imposições recíprocas»

1. Em 1946, depois de cuidada preparação, começava, em Palma de Maiorca, o conhecido movimento Cursilhos de Cristandade. Eduardo Bonnin Aguiló foi sempre reconhecido como o seu carismático fundador. Vi-o e ouvi-o apresentar-se apenas como “aprendiz de cristão”.
Em Portugal, realizou-se o primeiro cursilho, em Fátima, de 19.11 a 02.12, de 1960. Frequentei o terceiro realizado no Porto. Ainda conservo o meu Guia de Peregrino. 
No princípio, este movimento destinava-se a proporcionar aos homens a descoberta, em três dias, de uma nova paisagem católica e operar uma viragem radical de comportamento pessoal, para alterar ambientes onde os participantes fossem considerados “vértebras da sociedade”.
Cada cursilho obedecia a uma selecção dos participantes, apenas de varões, apoiado em ficha secreta. Era moderadamente interclassista. O cenário do acolhimento, o cancioneiro espanholado, de colores, os gestos, os rolhosdoutrinais, recheados de anedotas certeiras, destinavam-se a desconstruir o imaginário de uma religião beata e para beatas e fazer a passagem exaltante para o essencial de um catolicismo másculo, marcado pela euforia do sacrifício e do testemunho, sem preocupações de transformação social imediata. O grande e repetido enunciado de marca, com eficácia do melhor marketing, era este: a religião católica não é para mulheres.

sábado, 18 de julho de 2015

Postal Ilustrado: Última Ceia

Exemplo de humildade 
e de serviço aos outros

Um trabalho do artista Manuel Ângelo Correia (Foto de Gabriel Faneca)

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, levanta-se da mesa, tira as vestes e, tomando uma toalha, coloca-a à cinta. Depois deita água numa bacia e começa a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha. Assim se lê no Evangelho de S. João, capítulo 13. Esta cena bíblica, uma das mais conhecidas, associada à última ceia de Jesus com os seus amigos, tem tido lugar garantido nas artes através dos séculos, ficando na história como exemplo de humildade e de serviço aos outros.

Já não há mordaças, nem ameaças

Maria Barroso


Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada, em que os
poetas são os próprios versos dos poemas e onde
cada poema é uma bandeira desfraldada.

Ninguém fala em parar ou regressar. Ninguém
teme as mordaças ou algemas. – O braço que
bater há-de cansar e os poetas são os próprios
versos dos poemas.

Versos brandos… Ninguém mos peça agora.
Eu já não me pertenço: Sou da hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada, onde
cada poema é uma bandeira desfraldada e os
poetas são os próprios versos dos poemas.


Sidónio Muralha, "Soneto Imperfeito  da Caminhada Perfeita"

Nota: Por sugestão do Caderno Economia do EXPRESSO, como um poema que Maria Barroso (1925-2015) mais apreciava dizer em público.