sábado, 30 de maio de 2015

Visita à Lusa Atenas

Crónica de Maria Donzília Almeida


Serenatas romanescas
Trovas quase orações.
Destas coisas pitorescas
Restam só recordações!

Vagueava eu na plataforma que dá acesso à entrada para o comboio, a fazer horas, quando sou surpreendida por um olhar insistente, perscrutador, num zona resguardada de espera.
Continuei o meu percurso, naquela soalheira manhã de maio, em que me dirigia pela enésima vez à vetusta Lusa Atenas. Longe vão os tempos, na década de setenta do século passado, em que eram recorrentes estas viagens de e para a cidade universitária. O comboio, como meio de transporte mais acessível à bolsa de um estudante, cumpria esta tarefa de unir distâncias. Hoje, com o benefício adquirido pela idade, continua a merecer a minha preferência.
Na velha urbe, para além da formação para a vida e construção do futuro, fazem-se amizades, estreitam-se relações e criam-se laços com lugares e pessoas que povoam os nossos afetos.
Ia a pensar, precisamente na pessoa que iria visitar, nesse dia, quando deparei com aquele olhar meigo que me fitava com curiosidade e interrogação.

Maçonaria, Igreja e segredo

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges



 «homens de "boa vontade" podem reunir-se 
à volta de valores de progresso,
 humanismo, liberdade.»






1. Foi um convite generoso e insistentemente amável da venerável mestra da Loja África, da Grande Loja Feminina de Portugal, que me levou recentemente a uma daquelas sessões brancas da maçonaria nas quais podem participar "profanos". O tema era reflectir sobre a percepção pública da maçonaria.
Comecei por dizer que não sou membro da maçonaria. Tive contactos com maçons. Os primeiros foram com Raul Rêgo, com quem participei em debates. Falei várias vezes com o cardeal Costa Nunes, mas nunca sobre a maçonaria. A convite do então grão-mestre, António Reis, participei num grande encontro sobre as religiões, o diálogo e a paz. Estive uma segunda vez com ele, numa sessão branca, tendo discutido a distinção, que ele aceitou, entre laicidade - o Estado laico, aconfessional, é decisivo para a defesa e salvaguarda da liberdade religiosa de todos - e laicismo, que pretenderia retirar a religião do espaço público, confinando-a ao espaço privado.

Domingo da Santíssima Trindade: Ide e fazei discípulos

Reflexão de Georgino Rocha



«Deus não é um solitário, 
um surdo-mudo fechado em eterno silêncio, 
um ausente distante e indiferente à sorte da humanidade, 
um rival concorrente da autonomia do ser humano»


A missão que Jesus confia aos seus discípulos e, neles, a toda a Igreja, é condensada por Mateus nesta fórmula precisa e operativa: “Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Mt 28, 16-20. É missão a realizar em todos os tempos e culturas. É missão que inicia os candidatos à vida cristã em dois “momentos” mais significativos do seu itinerário para a maturidade: o anúncio jubiloso da novidade de Cristo e a celebração do baptismo. É missão a prosseguir na comunidade eclesial e sociedade civil, em todos os espaços de convivência humana.

Assim, é em nome da Santíssima Trindade que a Igreja desenvolve a sua acção: aprendendo e ensinando, sendo santificada e santificando, deixando-se amar e irradiando o amor. A fonte original é Deus família, é trindade em relação, é cada pessoa em comunhão: O Pai da paz, comprometida e activa, o Filho da justiça que toma partido pelos empobrecidos e excluídos, o Espírito da liberdade tolerante que aceita e respeita as opções de consciência de todos os humanos.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Feira do livro de Aveiro começa amanhã

Mercado Manuel Firmino 
conta com a visita dos amantes dos livros

Mercado Manuel Firmino
A Feira do Livro de Aveiro 2015 vai realizar-se no Mercado Manuel Firmino a partir de amanhã, 29 de maio, prolongando-se até 14 de junho. Trata-se de uma organização da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) e conta com a participação dos livreiros de Aveiro, que representam mais de 120 editoras.
Sendo os livros os principais protagonistas, a autarquia preparou um programa cultural paralelo, de que se destacam os dias temáticos, tais como o “Dia da Culinária” e o “Dia da Ciência e Autor”, com Carlos Fiolhais. Haverá ainda o “Dia dos Autores Aveirenses” e o "Dia da Literatura Infantil”, para as famílias reforçarem o gosto pela leitura das crianças, bem como o “Dia da Poesia”, que realça o maior género literário da identidade de Portugal. 
Entretanto, estão garantidos ateliês de leitura, conversas com ilustradores dos livros, concertos e teatro, exposição ao vivo de Artes e Ofícios, entre outras ações que contribuirão para que os visitantes possam usufruir a Feira do Livro.
Ocorrerá ainda a participação de A Barrica – Associação de Artesãos da Região de Aveiro, Oficina de Música de Aveiro – OMA, ArteRiso, EFTA, Fábrica Ciência Viva, Grupo Poesia da Beira Ria e Grupo Poético de Aveiro.
Patente no Mercado Manuel Firmino e com entrada livre, a Feira do Livro estará de portas abertas de segunda a quinta-feira, das 15h00 às 22h00, às sextas-feiras das 15h00 às 24h00, sábados das 10h00 às 24h00 e aos domingos das 10h00 às 20h00 (interrompe na hora de almoço).
O programa completo poderá ser consultado na página oficial www.cm-aveiro.pt.

Fonte: CMA

- Posted using BlogPress from my iPad

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Tráfico de Seres Humanos



Por iniciativa do Grupo Cáritas Paroquial da Gafanha da Nazaré, vai realizar-se um encontro de reflexão, no próximo dia 5 de junho, pelas 14 horas, no auditório da igreja matriz, tendo em vista sensibilizar os participantes para o fenómeno do tráfico de seres humanos. Pretende-se, fundamentalmente, facultar conhecimentos e fornecer ferramentas para sinalizar potenciais vítimas, informa aquela organização de expressão católica.
O Grupo Cáritas convida à participação de todas as pessoas interessadas por estes pertinentes assuntos, lembrando que a inscrição é gratuita. Contudo, sugere aos participantes a partilha de  bens alimentares, que serão canalizados para os cabazes de apoio a famílias carenciadas da Gafanha da Nazaré.


Vento e Tempestade


"As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade"

Victor Hugo (1802-1885)

- Posted using BlogPress from my iPad

O vento


Tronco com heras

Não gosto do vento. Nunca gostei. Eu sei que as nossas terras são ventosas, ou não fossem elas do litoral. Todo o litoral português é marcado pelo vento, exceto o algarvio. E se o vento vem carregado de chuva ou humidade, muito menos. Do vento de inverno nem falar, por tão agreste ser. 
Talvez por ter nascido à sombra do vento, que se não está logo virá, fujo dele como o diabo da cruz, por mais brando que ele seja. Nem em esplanadas em pleno verão consigo aceitá-lo, mesmo em tempo de canícula. Se ele sopra, mesmo de mansinho, escapo-me sorrateiro para sítio abrigado. Sou assim.
No alpendre da minha residência costumo gozar o silêncio que me permite ler e escrever tranquilamente, contemplando a relva e o arvoredo que o envolve. Que me envolve. A natureza ajuda-me a experimentar a alegria da paz. O cão e a cadela comungam do meu prazer. Deitam-se e dormitam. Depois levantam-se quando desafiados por algum pássaro que ousa aproximar-se. Umas corridas e voltam aos  meus silêncios. 
De repente, traiçoeiramente, o vento surge para incomodar. E vai crescendo de agressividade. Não tanto como há anos que me derrubou um pinheiro alto e possante, de que ficou parte do tronco que a minha Lita envolveu com heras. Arte no relvado. E então volto à luta contra ele, escolhendo recanto para continuar no contato com a natureza-mãe. Como acontece frequentemente. 


- Posted using BlogPress from my iPad