terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Aníbal Sarabando Bola

Tem de haver alguém que trabalhe 
porque as coisas não aparecem feitas

Aníbal Sarabando


Aníbal Sarabando Bola, 67 anos, casado com Maria da Conceição Marques, um filho e uma filha, marítimo reformado, é um exemplo de dedicação à comunidade paroquial da Gafanha da Nazaré, manifestando a sua disponibilidade para fazer o que for preciso, apesar das suas limitações de saúde. Chegou há dias das Termas de São Pedro do Sul, onde encontrou melhoras para os seus problemas de coluna. Sabe que não haverá cura, mas não desiste da ideia de vencer as dores que o incomodam. Recusa-se a ser operado, porque os médicos não lhe escondem que pode ficar numa cadeira de rodas.
Começou cedo, depois da instrução primária, uma vida de trabalho duro. Aos 20 anos embarcou num navio da pesca do bacalhau. Foi moço de convés nas três primeiras viagens, a última das quais a fazer o óleo de fígado de bacalhau, e a seguir passou para as máquinas, para aí desempenhar todas as tarefas, desde ajudante até primeiro motorista.
Antes do mar, porém, trabalhou nas obras da reconstrução da igreja matriz, no tempo do padre Domingos Rebelo, e a seguir passou para as oficinas da EPA (Empresa de Pesca de Aveiro), onde aprendeu o essencial que lhe abriu as portas da casa das máquinas.
Reformou-se no ano 2000, com 32 de anos de mar. E quando, como muitos, esperava descansar de tanta labuta, longe da família, não consegue estar parado. Faz em casa o que é preciso e ocupa-se na lavoura.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A dignidade de ser ateu

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias de sábado

Anselmo Borges


A liberdade religiosa é um direito humano fundamental. Poder-se-ia mesmo dizer que é o direito mais fundamental, na base de todos os outros direitos, na medida em que, estando referido ao infinito-liberdade de acreditar em Deus ou não, seguir esta religião ou aquela ou nenhuma, mudar de religião -, mostra a transcendente dignidade humana no confronto com o infinito.
Nem sempre houve esta compreensão, também entre os cristãos e nomeadamente na Igreja Católica. Quando se olha para a história, encontramos, neste domínio, um estendal de miséria e vergonha. Houve guerras religiosas, Inquisição, assassínios, prisões, conversões sob ameaça de morte, tudo por causa de interesses de domínio: religioso, político, económico, geoestratégico.
Felizmente, há hoje no Ocidente a afirmação clara do direito à liberdade religiosa, garantida por Estados não confessionais, dentro da separação do Estado e das Igrejas. E hoje, de facto, o cristianismo é, de longe, a religião mais perseguida no mundo. Veja-se o volumoso "Livro negro da condição dos cristãos no mundo", recentemente publicado.

A consoada

«É comum, por exemplo, que os emigrantes adotem no dia a dia a dieta alimentar dos países para onde se deslocaram. Mas há momentos (sobretudo os mais marcantes: um aniversário, uma festividade…) em que só o sabor das origens lhes dá o sabor da alegria.» Isto foi escrito por José Tolentino Mendonça, poeta, biblista, académico e padre no seu livro “A Mística do Instante — O tempo e a promessa”.
Partindo desta verdade, podemos dizer que na noite de consoada tudo isto se confirma, porquanto não serão as iguarias doutras terras (e mesmo as nossas, profundamente alteradas ou adulteradas pela indústria alimentar) que nos trazem o sabor da alegria natalícia. Por mim falo: Se houvesse mesa farta de tudo e mais alguma coisa, sem o “fiel amigo” com todos, as rabanadas e os bilharacos não seria consoada natalina. 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Postal Ilustrado: Painel na rotunda do centenário



Na Cale da Vila, junto à rotunda que ostenta o monumento do centenário da Gafanha da Nazaré, está patente um painel cerâmico do artista José Augusto, inaugurado no dia 28 de março de 2010, aquando da ligação ferroviária ao Porto de Aveiro, por encomenda da APA (Administração do Porto de Aveiro). Trata-se de um trabalho bem conseguido do conhecido barrista que faleceu em 27 de agosto de 2012, deixando a sua marca artística na galeria de grandes ceramistas aveirenses. Deste mesmo artista, a Gafanha da Nazaré tem outro painel na Meia-Laranja da Praia de Barra, também por iniciativa da APA, que mostraremos  noutra ocasião.
Olhando para o painel que este mês preenche o espaço do Postal Ilustrado do nosso jornal, temos de reconhecer que Zé Augusto soube plasmar no painel símbolos desta região e das suas gentes ligados ao mar e à ria, onde nunca faltou o trabalho duro nas pescas e nos estaleiros, como nos campos.
Com este postal, pretende-se sugerir aos gafanhões, e não só, que se habituem a olhar para o painel num esforço de descobrirem a mensagem que o artista nos legou. Aliás, toda a arte de rua tem por objetivo educar a sensibilidade de quem passa.

No princípio era a Palavra



No princípio era a Palavra.
A Palavra estava com Deus,
e a Palavra era Deus.
Aquele que é a Palavra estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por meio dele,
e sem ele nada foi criado.
Nele estava a vida,
vida que era a luz dos homens.
A luz brilha nas trevas,
trevas que a não venceram.
Houve um homem enviado por Deus
que se chamava João.
Ele veio para dar testemunho,
para dar testemunho da luz,
para que todos cressem por meio dele.
Aquele que é a Palavra era a luz verdadeira;
Ele ilumina toda a gente ao vir a este mundo.
Ele estava no mundo,
mundo que foi feito por ele.
O mundo não o conheceu.
Ele veio para o seu próprio povo
e o seu povo não o recebeu.
Mas a todos quantos o receberam,
aos que creem nele, 
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.


Do Evangelho de São João

A política do Natal

Crónica de Frei Bento Domingues 

Frei Bento Domingues

1. A conversa de taxista sobre política e políticos generalizou-se. Faz deles os responsáveis por todos os males. Está decretado que são e serão todos iguais.
Pela ausência de pensamento crítico, esta atitude é preguiçosa e perigosa. Certeiro é o aforismo: as mãos mais puras são as de quem as não tem. Não querer nada com a política é esquecer que ela, desde que nascemos até ao cemitério, nunca nos larga.
Descobri há 60 anos, com algum espanto, a apologia da política, precisamente ao começar o estudo da obra filosófica de S. Tomás de Aquino. No proémio do seu comentário à Política de Aristóteles observa: se a ciência mais importante é aquela que estuda o que há de mais nobre e mais perfeito, é necessário que seja a política a principal das ciências práticas e a matriz arquitectónica de todas as outras.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Ecos do Grande Norte

O mais recente livro de Valdemar Aveiro



"Ecos do Grande Norte — Recordações da Pesca do Bacalhau" é o mais recente livro de Valdemar Aveiro, que vem na senda de outros que retratam, com minúcia, o heroísmo dos nossos marítimos. 
Toda a obra de Valdemar Aveiro, um ilhavense que se tornou também gafanhão, mostra à saciedade a vida dura dos nossos homens do mar, mas o autor não se fica por aí. Os seus livros estão cheios de estórias quantas vezes fora da história, umas tristes e melancólicas e outras com chiste que baste para alegrar quotidianos difíceis. Tudo isso cabe nos escritos do capitão Valdemar, como é conhecido e tratado, um homem que nunca fugiu da luta, apesar de horas amargas sentidas na pele e na alma. 
"Ecos do Grande Norte — Recordações da Pesca do Bacalhau" vai ser lançado no próximo sábado, 20 de dezembro, pelas 17 horas, no Museu Marítimo de Ílhavo.



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