Sou dos que alinharam pela ideia da beatificação do Papa João Paulo II aquando da sua morte. O funeral, que congregou uma multidão imensa, representativa de todos os quadrantes do mundo, mostrou quanto ele era amado e venerado, pelo seu exemplo incansável na defesa de causas que dignificaram a humanidade. Na altura, não me cansei de dizer, onde quer que estivesse, que a santidade do Papa João Paulo II tinha já sido decretada pelo povo, crente e não crente.
Vêm agora certos críticos clamar contra a sua beatificação, alegando que o Papa Peregrino teria cometido alguns erros, impróprios de o elevarem à honra dos altares. Estranho tal pressuposto, tanto mais que muitos dos que protestam se declaram católicos.
Sabendo nós que neste mundo todos os seres humanos são pecadores, como admitir que João Paulo II não teria sido membro desta humanidade que erra por tudo e por nada? Ele pecou como todos os beatos e santos pecaram. O que importa é saber se, no meio de uma vida em que os erros também estiveram presentes, houve ou não houve atitudes, comportamentos e esforços persistentes para que os homens e mulheres do seu tempo se tornassem mais fraternos, mais caridosos, mais solidários, mais abertos ao transcendente e aos irmãos. Isto é que eleva e torna digno dos altares, na Igreja Católica, os seus filhos, que ficarão na história dos homens para serem imitados.
E já agora, permitam-me que acrescente mais um pormenor: A Igreja Católica exige o reconhecimento de um milagre de Deus, por intercessão do candidato a beato, para o declarar como tal; para mim, esse milagre está, fundamentalmente, neste caso de João Paulo II, na aceitação do seu testemunho pelo povo crente e até por muitos que estão afastados do catolicismo.
Fernando Martins