Jornais da Igreja e horizonte eclesial
António Marcelino
Há 42 anos, o Bispo do Porto, ao tempo D. António Ferreira Gomes, rebaptizou o jornal da diocese, que se intitulava “A Voz do Pastor”, para lhe chamar “ A Voz Portucalense”. Pretendeu dizer que queria que o jornal diocesano fosse uma voz da Igreja do Porto ao serviço da formação e informação de todos, e não simplesmente a voz do Bispo da Diocese. O jornal ganhou novo fôlego, alargou o seu horizonte para além do templo, passou a falar mais da vida e daquilo que o Evangelho lhe dizia. Multiplicaram as assinaturas pelo país e, de norte a sul, o jornal era esperado, lido com interesse e comentado pelo seu conteúdo. Os temas significavam o modo novo de a Igreja estar, ver e falar à sociedade. Poucos assuntos do templo, mais assuntos da vida e da sociedade a interpelar os cristãos e a abrir caminho para os que ainda pensavam a Igreja como coisa de padres e de ritos religiosos. Assim se foi vendo que a Igreja, pela sua missão profética e humanizadora, tinha algo de novo a dizer e tinha de o saber comunicar. Por isto, devia ser capaz de escutar, observar, ler e comunicar a partir da vida, dos problemas e dos projectos das pessoas e da sociedade.