sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O Fio do Tempo: Há que derrubar os muros da desesperança



As côdeas de broa

1. O ambiente emocional anda muito por baixo. Quem ouve de carro na estrada os fóruns da participação pública nas rádios mais conceituadas do país fica alarmado com o panorama da (des)motivação. Parece nem tanto perturbar o fenómeno da pobreza ou da crise, mas afirma-se bem mais preocupante o cenário relativo aos baixos índices da desconfiança confirmada por cada caso de corrupção que vem à ribalta. Junta-se a esta feira a indecisão das hierarquias dos poderes na área da justiça e os sucessivos relatórios que colocam Portugal em condições muito difíceis… É verdade que em nada se pode avançar sem os devidos diagnósticos, mas o contínuo mergulho no pessimismo persistente também pode afogar as centelhas de esperança vitais para a sobrevivência. É mesmo preciso dar o «salto» (trans)formador.

2. A certa altura na rádio alguém falava da nova classe política (é sempre mais fácil descarregar para cima dos outros…?!) como apresentava referências pouco elogiosas às novas gerações… que não comeram «côdeas de broa» e que não passaram as «passas do Algarve»! Retirando os excessos verbais provindos da força da emoção, valerá a pena pensar em como vamos conseguindo (ou não) passar os grandes valores, como vai caminhando (ou não) o diálogo de gerações, como conseguimos (ou não) aliar a inovação sedutora à tradição da alma das gentes. Sem transições saudáveis podem-se gerar grandes ilusões e mesmo impulsos que representem o queimar de etapas rumo ao vazio... Talvez do pão de broa o salto tenha sido dado mais para o «hambúrguer» que para o pão de trigo.

3. Diante dos cenários de desigualdade, de desemprego, de crise… o tempo perdido na contemplação do pessimismo e da derrota é factor que não traz nada de novo porquanto desmotiva e impede o futuro de ser diferente. Há que derrubar os muros da desesperança, despertar energias motivadoras, criar o imperativo ético límpido finalizador das corrupções. Que cidadania somos?



quinta-feira, 12 de novembro de 2009

António Guterres na lista dos mais poderosos do mundo

"António Guterres é o único português que consta na lista das pessoas mais poderosas do mundo da revista Forbes, e surge mesmo à frente de Hugo Chavez. Barack Obama, como seria de esperar é o mais poderoso de todos.
A lista da Forbes, das pessoas mais poderosas do mundo, conta com 67 personalidades, desde responsáveis governamentais a empresários. António Guterres, ex-primeiro-ministro português e actual Alto Comissário para os Refugiados das Nações Unidas, surge em 64ª posição, à frente de Hugo Chavez, presidente da Venezuela e que ocupa o último lugar.
A liderar a lista está, como seria de esperar o presidente dos EUA, Barack Obama, seguido pelo presidente da China, Hu Jintao, e pelo primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin.
Na lista ainda nomes como o Papa Benedicto XVI, os presidentes das autoridade monetárias norte-americana e da Zona Euro, Ben Bernanke e Jean-Claude Trichet e Osama bin Laden, entre outros."

Jornalismo?!



Há uns anos a esta parte, ao ler certas notícias, apetece perguntar: onde está o Jornalismo feito com rigor e independência, que muitos de nós aprendemos, não só a escrever, mas também a ler e a ver o mundo de outra forma, para além das notícias da rádio ou dos familiares emigrantes?
Mas hoje indignei-me e por isso aqui estou, neste espaço de Liberdade, a desabafar sobre algo que devia encher de vergonha não só quem escreveu mas também quem deixou que se escrevesse:
Às 13.30 horas, nas notícias do Sapo, como título, podia ler-se: “Tropas finalmente reunidas para o ataque à Bósnia.” Em seguida, fazia-se "enter" e vinha o corpo da noticia: A selecção nacional treinou esta manhã...
Senhores jornalistas, estamos a ficar loucos ou é impressão minha?!

Carlos Duarte

O Fio do Tempo: Quem alimenta a digna e necessária promoção valorativa da família?




O inverno demográfico

1. É recente a confirmação de que a «população portuguesa é a que envelhece mais depressa na União Europeia». A notícia alarma e subscreve as teorias de que a Europa caminha para um grande inverno demográfico em que, afinal – em termos comparativos –, já se encontra. O relatório conclusivo desta matéria foi apresentado nesta semana no Parlamento Europeu, em Bruxelas, pelo Instituto de Política Familiar. São muitos os dados a pensar e repensar, um deles é o facto de Portugal ser apresentado como o país que oferece menos assistência às famílias. É certo que todas as crises podem justificar o não apoio como seria o ideal (poder-se-á dizer); também pode ser questionável que o estado como referência social geral não deverá determinar naquilo que é de foro privado como a família (pode-se acrescentar); mas…

2. Por «assistência às famílias» entender-se-á uma noção de família e uma visão daquilo que poderão ser as conjugações de valores a apostas – no respeito pela plena liberdade pessoal e familiar – que vão no sentido de estímulo até em termos da imagem social da família… O relatório apresentado pelo referido Instituto descreve que a Europa está «imersa num nunca visto Inverno Demográfico» ao recordar tanto o défice anual de nascimentos como o aumento dos abortos e a «explosão» dos divórcios. No caso das tendências se confirmarem, em 2050 a população europeia perderá 27,3 milhões de pessoas, sendo a Alemanha a mais afectada; uma em cada três crianças nasce fora do casamento, em especial na França e Reino Unido; há mais de um milhão de divórcios, o que «equivale a um colapso de casamento a cada 30 segundos.»

3. Passemos aos finalmentes: se a sociologia nos apresenta as representações, as psicologias os estudos tipológicos, as políticas a linha de rumo social geral… afinal, quem efectivamente propõe horizontes valorativos de apostas que respondam ao observado «inverno demográfico»? Quem alimenta a digna e necessária promoção valorativa da família?

Reflexões sobre o presente e o futuro da Igreja




IGREJA,
uma preocupação ou um gesto de esperança?



É hoje frequente depararmos, em jornais e revistas, e até em grupos ou encontros mais alargados, com reflexões sobre o presente e o futuro da Igreja, normalmente a partir de pessoas que conhecem a sua missão e se interrogam sobre a sua forma de estar e de agir numa sociedade que parece ter perdido o norte.
De algum modo, não se trata tanto de reflectir sobre a natureza da Igreja, bem explicitada no Vaticano II, mas antes do diálogo indispensável que ela deve ter com o mundo actual, espaço do Reino, e dada a missão humanizadora da mensagem cristã.
A Igreja está consciente da secularização da sociedade, para ela um desafio e uma oportunidade, dado que se trata de uma aquisição legítima, a da conquista da autonomia das realidades profanas, em relação à premência histórica do poder religioso.
É verdade que ainda há gente no seio da comunidade cristã, que continua a olhar o mundo de soslaio, saudosa dos anátemas de tempos idos, sobretudo quando se vê perante o negativismo de certas medidas sociais e o alastrar de um laicismo corrosivo e destruidor. Porém, o caminho não será mais o das condenações, mas sim o diálogo construtivo, que pode passar, se for caso, por formas de denúncias fundamentadas.
A Igreja não é nem pode ser estranha a medidas políticas e económicas que não respeitam a pessoa humana e a sua dignidade natural e passam ao lado das exigências éticas e morais. Aqui se põe à Igreja o problema de como andar, ao mesmo tempo, o caminho do anúncio e da proposta, do diálogo e da denúncia, da defesa e da interpelação, do respeito e da frontalidade. Certamente que não é o de se intimidar ou de se refugiar no templo. Mas, também não é, por certo, o da arrogância histórica ou da pretensão de usufruir só ela a posse total da razão e do saber.
O Povo de Deus não é a hierarquia. Mas sem a hierarquia, poder sagrado traduzido em serviço humilde e disponível a todos os membros do Povo de Deus, também não haverá Igreja que se possa reclamar de mãe e mestra, de serva e pobre, de fermento social, vivo e activo. A Igreja tem assim de se esforçar por não ser, dentro de si mesma e com os de fora, que hoje são muitos, um espaço de concorrência, de lutas e incompatibilidades, quaisquer que sejam as razões. Antes, se deve assumir-se aquilo que é, ou seja, um “oásis de liberdade”, aquela liberdade com a qual todo o homem foi liberto por Cristo.
Radica aqui a exigência do respeito mútuo, do reconhecimento e promoção dos dons de cada um, da libertação de preconceitos, da abertura às iniciativas que não partiram dela, mas são a favor da verdade e da justiça, da capacidade de colaborar com os que outrora foram vistos com indiferença, ou mesmo tidos por inimigos.
Um coração lavado como o de João XXIII, um humanismo evangélico sadio como de Paulo VI, um sorriso rápido, mas significativo e marcante, como o de João Paulo I, um zelo corajoso e sem fronteiras como o de João Paulo II, uma clarividência espantosa ante a história e o mundo da cultura como a de Bento XVI, são caminho aberto à Igreja, com presente e com futuro.
A renovação da Igreja, como instituição religiosa e a dos seus membros, não tem sido global e harmónica. Há sempre um peso que a liga ao passado e uma diversidade de oportunidades que não favorecem uma renovação imediata, nem uma conversão fácil da mentalidade, individual e colectiva. Torna-se necessário saber o que se é e se quer e orientar a caminhada, ainda que a passo e passo, sempre e em tudo nesse sentido.
As críticas à Igreja, por parte da sociedade, denunciam o valor que se lhe reconhece e o que dela se espera. A Igreja tem de saber conviver, positivamente, com as preocupações e com os gestos de esperança. Fazem parte da sua vida e da sua missão no mundo, o espaço necessário para que ela exprime a sua vida e deixe o rasto de Cristo na história.

António Marcelino

Efeméride para não esquecer: Massacre de Santa Cruz, em Timor



12 de Novembro de 1991

Todos nós, portugueses, bem como os povos civilizados do mundo, ficámos chocados com as notícias e imagens que nos chegaram de Timor, no dia 12 de Novembro de 1991. As tropas indonésias, de braço dado com alguns cúmplices timorenses, dispararam contra a população que se refugiou no cemitério de Santa Cruz, em Dili. Ainda hoje retenho na retina o sofrimento de um povo que reza em Português, e que lutou, heroicamente, pela sua independência. E foi esse massacre, exibido nas televisões, que convenceu o mundo democrático da justeza das reivindicações daquele povo. Aqui fica o registo para que não caia no esquecimento..

Uma boa pergunta para começar o dia: Para que serve a Bíblia? Para que serve o Livro?



Boa pergunta de Francisco José Viegas
e a sua resposta:

"Para ler. Para que a sabedoria e o conforto se encontrem algum dia, independentemente das nossas crenças, da nossa fé ou da nossa ausência de fé. Esta Bíblia [Edição Temas e Debates / Círculo de Leitores / Sociedade Bíblica] não é apenas o resultado de um esforço ecuménico num mundo em que as religiões  têm servido mais para desunir do que para unir. É uma iluminação milagrosa. Nós, os leitores da Bíblia, somos os servos da dúvida. Os servos voluntários da dúvida e da beleza. Porque servem a palavra que sobreviveu."

In revista Ler

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