terça-feira, 22 de setembro de 2009

O FIO DO TEMPO: O medo e o ritmo das reformas


1. Em documento de 21 de Setembro 2009, sobre a avaliação da crise e do desenvolvimento humano e económico europeu, a OCDE pede à Europa uma aceleração do ritmo das reformas estruturais. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) considera que a Europa teve agilidade em reagir à crise financeira do último ano mas não de forma determinada capaz de gerar reformas estimulantes. Considera o documento que para um crescimento sustentável da União Europeia depois da recessão se torna importante a aceleração das reformas. Vendo de fora, poderá parecer que tudo será uma questão de alta velocidade, mas as razões são mais complexas que a mera capacitação teórica de agilizar as reformas consideradas.

2. No mesmo dia, do outro lado do atlântico, nos Estados Unidos, a aceleração a mais na retoma faz gerar pânico. As subidas dos últimos meses têm-se apresentado bem superiores às expectativas realistas dos investidores, o que lançou a suspeita sobre a credibilidade e seriedade do andar da economia, conduzindo as bolsas a fechar no vermelho. Diz-se que «o mercado accionista está vulnerável. Existe uma multidão à espera de uma descida depois de um pico tão forte.» A instabilidade paira no ar e as tendências dos mercados reflectem os sentimentos das pessoas e das comunidades. Humanizando-se a economia, por trás das bolsas estarão sempre mãos e vontades que, de um lado do atlântico ou do outro, quererão descortinar a sustentabilidade ético-económica depois da crise.

3. Por vezes, destes relatórios da OCDE – como outro que já há dias apontava expectativas mais optimistas para Portugal (?!) –, até poderá parecer que tudo resultará num passe de mágica. Repete-se o refrão a aplicar: «reforço da inovação, aprofundamento do mercado único e passagem para uma economia com baixo consumo de carbono», eis as palavras-chave para a Europa. Quem dera que assim fosse… eis um assunto importante que diz respeito ao futuro de todos! Da palavra à obra!

Alexandre Cruz

OUTONO

OUTONO

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga

Decididos, indecisos e desinteressados



Sociedade mergulhada
na desesperança


Vivemos numa sociedade cada vez mais mergulhada na desesperança. Instituições, pessoas, projectos, tudo é olhado com um profundo cepticismo, mesmo desprezo, fustigadas que estão as pessoas pelos falhanços do passado e a desconfiança do futuro.
Muito para além da crise social, económica ou do actual sistema democrático, é este pano de fundo que serve para justificar a ausência de milhões de portugueses quando chamados a exercer o seu direito fundamental de votar, que tantos anos levou e tantos sacrifícios provocou até poder ser de todos e para todos.
Mais do que uma opção consciente pela abstenção, voto em branco ou nulo, chocam os (muitos) casos em que se pode testemunhar o orgulho com que tantos cidadãos não só manifestam profundo e total interesse em relação aos próximos actos eleitorais, como entendem ser essa uma manifestação de superioridade face a um mundo indigno, fechado em si próprio e alheio aos anseios das populações.

Octávio Carmo
 

Limpar as mãos à parede não resolve


O Presidente não pode 
assobiar para o lado


"Não basta a Cavaco dizer que abriu um inquérito interno para apanhar a fonte anónima. Será preciso mais. Um caso desta dimensão exige provas documentais, registos internos do que se fez e deixou de se fazer no Palácio de Belém. Chegado aqui, o presidente não pode assobiar para o lado. O país quer escutá-lo e tem a justa esperança de que afinal ele seja tão sério e sólido como o país precisa que ele seja."

Ler mais no jornal i  

NOTA: Todos temos de ficar espantados com o nível a que chegou a nossa democracia. Embora envergonhados, não podemos cair no desânimo e deixar andar a carruagem como se nada acontecesse de mau no nosso país. Afinal, se olharmos bem, ainda há muita coisa boa entre nós. Não fora assim, onde já estaria Portugal?

Que Fizemos do Evangelho da Alegria?


Anjo risonho

Testemunhar o bom humor de Deus

Se dissermos que Deus é Amor, ninguém se espanta. A afirmação tornou-se até um pouco banal à força da repetição. Mas se dissermos que Deus é Humor, ficamos em estado de alerta, porque nos parece que alguém está a tentar entrar, no território de Deus, “pela entrada dos fundos” e não pela “porta principal”. A verdade é que o Amor não dispensa o Humor.

José Tolentino Mendonça

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Ria em festa...




Ria em festa

Para começar o dia

Para começar o dia, nada melhor do que uma foto da nossa ria em festa. Foi no sábado que as velas brancas de barcos e barquinhos emprestaram a sua beleza às cores azuladas da laguna. Como disse Raul Brandão, a Ria de Aveiro é mesmo para contemplativos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O FIO DO TEMPO: E os dias que virão?!

A troca de galhardetes
vai sendo regra em crescendo

1. Sabe-se que à medida que se aproximam os actos eleitorais vai crescendo a intensidade popular dos apelos ao voto. Cresce o dar tudo por tudo a ponto de muitas vezes se passar a fronteira do bom senso. A troca de galhardetes vai sendo regra em crescendo, havendo sempre mais um coelho na cartola para denunciar quando tal for preciso como resposta. É nesta linha que poder-se-á concluir que os dias de campanha que aí vêm, pelos dias a que já se chegou, não auguram nada de bom… Debater os problemas de fundo da sociedade portuguesa parece ser agenda relegada para a periferia. O caso, o enredo, a vírgula, a denúncia, a suspeita, a nuvem a pairar sobre a ética está tornado o essencial e não parece haver estofo de maturidade cívica que resista a este destino menor e intrigante.

2. Este ano as eleições que vêm a seguir, as autárquicas, precisavam efectivamente do exemplo que viesse de “Lisboa”. Como em tudo na vida, cada palavra e cada passo cria escola ou desconstrói valores que custam uma vida a edificar. Não só a campanha das eleições legislativas (do que poderemos designar de política profissional) não parece ser capaz de mobilizar pela positiva, como deixa atrás de si um rasto que não será muito boa sementeira para os que diariamente servem a causa na política local. A arte de nos conhecermos nas possibilidades e limites, de rentabilizar recursos e de ampliar horizontes sociais e humanos, de catalisar oportunidades mesmo no meio das crises, de gerar consensos razoáveis com dinamismos que no respeito pelas diferenças saibam mobilizar o melhor de cada um…são valores fundamentais à vida diária longe da campanha.

3. Uma apurada e amadurecida consciência política acaba por resultar como a exigência primordial que poderá “salvar” e unir o que ficar estilhaçado depois da guerra, ou “combate” como se lhe gosta de chamar. Erguem-se muros de tal maneira no enaltecer ao rubro das intrigas e divisões… Terão depois de vir os persistentes construtores de pontes, no procurar diário juntar as peças perdidas!

Alexandre Cruz