sexta-feira, 8 de maio de 2009

Conferências Primavera: Carlos Borrego falou sobre ambiente

Carlos Borrego, Alexandre Cruz e Francisco Melo, prior da Gafanha da Nazaré
É POSSÍVEL POUPAR ENERGIA SEM PERDER QUALIDADE DE VIDA
Depois de justificar que as areias depositadas na área do Porto de Aveiro resultaram de dragagens necessárias para a manutenção da Ria, Carlos Borrego, professor catedrático da universidade aveirense e presidente do Conselho Directivo do Departamento do Ambiente e Ordenamento, garantiu que há, “efectivamente”, zonas próximas do porto “que têm concentrações de partículas na atmosfera um pouco mais elevadas do que deveriam ter”, mas isso “não é genérico para toda a Gafanha”. O antigo ministro do Ambiente e Recursos Naturais de um Governo de Cavaco Silva abriu o 1.º Ciclo de Conferências da Primavera, ontem, no salão principal da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, por iniciativa da paróquia, abordando o tema “Questões Ambientais: Moda ou Urgência?” Antecedendo a intervenção do Prof. Carlos Borrego, actuou o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que apresentou alguns números do seu reportório, com o natural agrado dos que aderiram ao convite da paróquia.
Aspecto da assistência
Sobre a questão das areias depositadas na zona portuária, Carlos Borrego lembrou que a Ria precisa de ser dragada, para não correr o risco de desaparecer. Disse que tem conhecimento dos esforços desenvolvidos pela APA (Administração do Porto de Aveiro), mas não deixou de frisar que, por vezes, os benefícios de uns podem trazer prejuízos a outros. Reclamou o bom senso de saber “até onde é que nós devemos andar sem criar problemas ambientais complicados de resolver”. A propósito de algumas críticas sobre a instalação de certas unidades fabris, Carlos Borrego referiu que temos de olhar os assuntos sem o “fundamentalismo” que muitas vezes as questões ambientais suscitam. Contudo, salientou que “há limites, mas também há muito progresso que pode continuar a existir, desde que adequadamente sejam feitas as intervenções, sem criar problemas ao ambiente”. “Há hoje uma componente tecnológica que tem vindo a reduzir os efeitos que as indústrias têm, quer sobre a humanidade propriamente dita, quer relativamente a alguns recursos que temos disponíveis.” Na opinião do conferencista, se não houver respeito pela natureza, dentro de um século, 67 por cento da costa portuguesa poderão desaparecer, chegando “as praias a Coimbra”, tendo em conta que as temperaturas irão sofrer um aumento até sete por cento. O professor da UA afirmou que “a pobreza é o verdadeiro problema do ambiente, porque o número de pobres não pára de crescer”. Em 2007 havia no mundo 854 milhões de pessoas a passar fome, adiantou. Entretanto, enfatizou o facto de as catástrofes naturais estarem a crescer, década após década, naturalmente pelas ofensas que são feitas à natureza. Nessa linha, sugeriu que os consumidores devem rejeitar os produtos inimigos do ambiente, nunca descurando a obrigação de poupar energia. Sobre a poluição, que temos “o hábito de atribuir sempre aos outros”, o conferencista lembrou que uma simples e pequena pilha, atirada para o solo, pode poluir mil litros de água, se atingir o nível freático.
Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré
Mostrou, com exemplos práticos, que é possível diminuir os consumos “sem perder a qualidade de vida”. Desperdiçamos água e energia eléctrica, poluímos o ar e os solos, ignorando que são bens escassos, esclareceu. “Só perdemos qualidade de vida se não formos criativos”, referiu. Considerou importante e urgente promover campanhas de esclarecimento sobre a poupança nos consumos. Disse que as energias eólica, solar e das marés “não resolvem os problemas da sociedade”, acabando por anunciar que, dentro de 50 anos, a fusão nuclear será a mais viável “alternativa às actuais formas de energia”. As Conferências prosseguem nas restantes quintas-feiras de Maio, pelas 21 horas. Fernando Martins

PORTO DE AVEIRO

Trabalho gentilmente cedido por Carlos Anastácio, que agradeço.
FM

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O país dos hipermercados

Dolce Vita Tejo
1. A inauguração nestes dias de mais um mega centro comercial (Dolce Vita Tejo, inaugurado a 7 de Maio) continua a suscitar muitas e justas reflexões. Antes de mais, mesmo em cenários de crise, o novo espaço abre com 99% de ocupação, e estando apontado o retorno do investimento para longo prazo (15 anos). Claro que nada falta no novo espaço, havendo lugar privilegiado para a área de hipermercado além de toda uma variedade de serviços que vão crescendo nestas novas catedrais públicas que são os centros de consumo. Todas as marcas querem aparecer e reservar o seu lugar, as apostas da empresa promotora, a Chamartin Imobiliária, diz que o projecto está muito para além das crises ocasionais ou sazonais. 2. O investimento rondou os 300 milhões de euros, estando previstos cerca de 18 milhões de visitantes por ano e uma facturação estimada a mais de 280 milhões de euros. Tudo números tão altos que querem eles próprios ser atractivos e multiplicadores, não parecendo deixar qualquer sobra para o pequeno, para o campo e a aldeia, para o rústico, para o designado mercado tradicional. Ao olharmos para os países desenvolvidos do norte da Europa, observamos que conseguiram regular em ordem à preservação da loja, do mercado familiar e local, de modo a tudo não ficar centralizado unicamente nas mãos de alguns. Que significará a sedução nacional pelos grandes centros comerciais como se fossem o novo modelo de vida tido como moda de rico ou estilo citadino desenvolvido? Será reflexo do abandono rural da “terra” e do “campo”? Ter-nos-á faltado a devida regulação para não permitir toda esta centralização? 3. Nem saudosismos do passado, nem uma indiferença presente em relação ao tradicional e local que garanta a justa subsistência de tantas famílias… Talvez o “meio” esteja mesmo em fazer crescer, até pelas comunicações de internet, a rede de ofertas de bons produtos tradicionais (agrícolas) e serviços para que tudo não fuja para o hipermercado. Há vida para além...
Alexandre Cruz

Regata Santa Joana Princesa

Nos próximos dias 9 e 10 de Maio (sábado e domingo), vai realizar-se a Regata Santa Joana Princesa/Porto de Aveiro/ Universidade de Aveiro. Prova desportiva a decorrer no Campo de Regatas de Aveiro (logo após a Marinha da Troncalhada) entre as 11h-18h. Conta com o apoio do Porto de Aveiro e organização em parceria com a Escola de Vela do Sporting Clube de Aveiro. A regata vai reunir mais de uma centena de velejadores das várias classes de Vela, provenientes de vários pontos do país, proporcionado momentos de rara beleza.
Fonte: Newsletter do Porto de Aveiro

Saber ouvir com o coração

Ser Professor
Saber ouvir com o coração! Esperar pelo fruto que semeou; Renunciar à decepção! Prometer a si mesmo Repudiar o desalento. Onde há sinceridade, Ficará a amizade. Eternamente sonhador; Sonhos loucos Sonhos poucos Onde está o Reformador? Mª Donzília Ameida 06.05.09

ABERTURA DA BARRA DE AVEIRO

Planta da Barra em 1843. Arquivo do Porto de Aveiro
Ao longo do ano de 2008 assistiu-se, com agrado, às diferentes iniciativas e cerimónias destinadas a assinalar os duzentos anos da abertura da Barra de Aveiro.
Organizaram-se exposições muito interessantes e elucidativas sobre os antecedentes que levaram à execução do projecto, a complexidade dos trabalhos a executar, a tremenda dificuldade para os levar a cabo, a importância do seu funcionamento para o progresso verificado paulatinamente na região, a qualidade dos responsáveis e executores principais, que foram homenageados, como era natural.
Orquídea Ribau
Ler mais aqui

quarta-feira, 6 de maio de 2009

ALIMENTO PARA TODOS

A crise alimentar tem muitas faces, mas duas são especialmente provocantes: a que se manifesta na legião dos esfomeados do mundo inteiro e a que se desvenda a conta gotas na opulência obesa de pequenas minorias “orgulhosamente sós”. A crise não está em haver falta de alimentos, mas na injustiça da posse, na iniquidade das leis da distribuição e comercialização, na sedução publicitária das marcas criadas para satisfazer necessidades de ostentação e luxo, na apetência desmedida que pretende alcançar e manter um padrão de vida superior às posses reguladas pela justiça equitativa. Há fome de pão, fome que “rói” o estômago, fome que prejudica o normal funcionamento da mente e leva à inanição, à morte. E esta não se soma por dezenas ou centenas, mas por muitos milhões. E esta está remetida ao silêncio “oficioso” enquanto outras são objecto de notícias constantes, de alertas públicos, de medidas de prevenção generalizada. Por que não atender a umas e a outras? As razões serão muitas, mas uma adquire especial relevância: a do vazio de valores éticos, a da anorexia espiritual, a da religião dos satisfeitos com os mínimos. Esta parece ser a realidade mais dura do mundo detentor dos alimentos, da riqueza, da obesidade e de tantas outras malformações consequentes. Há alimentos para todos. Não tem justificação ética a actual situação em qualquer parte do mundo. E ou se resolve a bem de uns e de outros ou tenderá a acentuar-se a desigualdade social com o cortejo de “anoréxicos” espirituais e de famintos reais, com o aumento dos que morrem por doenças de abundância egoísta e com o crescimento exponencial dos que são vítimas do esgotamento total das energias humanas. Isto é, a humanidade pressionada pelas circunstâncias tem de redescobrir a sua vocação original: reconhecer a dignidade de cada um, ser solidária, fazer chegar a todos o indispensável para uma vida digna. É lei da própria natureza, assumida pela ética cristã e pela moral económica: os bens estão ao serviço da vida. Não há contra-ordenação justificável. Em caso de extrema necessidade, tudo está permitido e pode ser recomendado. A procura de bens para sobreviver pode chegar a estes limites, como parece verificar-se na situação actual.
Georgino Rocha