A maratona
Às vezes, até lhe visto
Um fato de bailarina!
De brincar eu não desisto!
P’ra mim, ele é uma “menina"!
A minha dona está mesmo apanhada de todo! Pensa que tem o melhor cão do mundo, quando, afinal, eu sou apenas um simples canino, sem pretensões de vir a ser um pastor alemão! Não que não ambicionasse ter esse estatuto... mas também aqui se aplica a máxima dos humanos(!?): os cães não se medem aos palmos! Sou pequeno, mas tenho tudo no sítio, como diz um colega da minha dona, acerca duma teacherzinha jovem, pequenina mas muito bem feitinha!
Eu, realmente, sou muito obediente e faço muitos mimos à minha dona, mas isso é recíproco, pois ela também me estraga com mimos, como lhe dizem os amigos dela, ciumentos!!! E as mordomias que ela me faz? Se eu dissesse como ela me trata, quereriam vir alojar-se cá em casa, todos os cãezinhos abandonados e desprotegidos dos seus donos cruéis. Ela tem um tal amor aos animais, que me cheira, e eu sou apurado de olfacto, que virá mais alguém dividir as atenções comigo. Não gosto lá muito da ideia, mas tenho que aceitar, com resignação de cão, que às vezes é francamente pequena, como eu!
Tem-me em tão alta reputação, que se insurge com o Alegre Manel, quando ele afirma no seu recente livro que tem um amigo do peito, a quem chama “Cão como nós!” Que não, que não pode comparar os homens a nós cães, pois nem todos têm esse privilégio. Nós superamos os homens, em muitas qualidades, que não vou aqui enumerar, pois toda a gente sabe. Eu, ... é que não entendo isso lá muito bem, mas ouço a minha dona dizer que há coisas que nem ela entende... paciência, adiante.
Quando alinho com ela para uma maratona à volta da “mansão”... uff, ela cansa-se tão depressa! Corre uns metros e fica logo com os bofes na boca! Eu, como cavalheiro, assim o diz ela, olho para trás, vejo-a a distanciar-se de mim e, claro que desacelero e até paro! Ela fica derretida com este meu gesto altruísta e até já pensou em condecorar-me com uma medalha... altruísmo puro, desinteressado... o que nem sempre acontece no mundo dos humanos, diz a dona.
Quase que poderia afirmar, que, para a minha dona, aquela frase lapidar - “Quanto mais conheço os homens mais gosto dos cães!” - cada vez ganha mais foros de actualidade! Mas, confesso com algum receio, que gostaria que a minha dona não tivesse só olhos para mim, pois corre o risco de se tornar possessiva e isso é mau... até para nós...cãopanheiros de jornada!
Mª Donzília Almeida
12.04.09