terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Crónica de um Professor....

Carnaval 2009: "O mundo é um grande palco... onde todos nós somos actores!" Nesta quadra de Carnaval, ocorre-lhe à memória esta frase lapidar do grande dramaturgo do teatro isabelino, William Shakespeare. Este retratou, de forma magistral, as emoções, as paixões, os conflitos que assaltam a alma humana, na sua peregrinação pela terra. E, numa quadra em que cada um põe à prova toda a sua imaginação, a sua criatividade o seu sentido crítico, impõe-se ainda com maior acutilância. Todos e cada um de nós protagonizam o seu papel, no palco enorme que é a vida. Esta vai-se desenrolando em sucessivos actos, cenas, mais ou menos dramáticos, mais ou menos tragicómicos. Uns papéis são espontâneos, improvisos, outros mais ou menos ensaiados, conforme a perícia do actor e a acuidade dos espectadores! Às vezes, anda-se uma vida a ensaiar um passo, um sorriso, uma cena. E tão verdade é, que os nossos alunos, a cada passo, referem “a cena”, como algo que faz parte intrínseca das suas vivências. “Qual é a cena, meu?”- ouve-se com frequência na boca dos nossos adolescentes, da juventude hodierna! Interpelada pelos seus alunos sobre a fantasia que iria vestir neste Carnaval, e fazendo uma retrospectiva da sua vida, responde a teacher, em tom melancólico: A minha fantasia? A minha fantasia preferida... ora, deixem-me pensar! Depois de alguns momentos de evocação e mergulhada numa nostalgia, algo incómoda, respondeu a teacher: Eu... o que gostaria de “vestir” era a figura duma fada, numa veste resplandecente coberta de lantejoulas, empunhando uma varinha de condão! A sua função docente, impusera-lhe que fizesse bem a distinção entre a referida varinha de condão e a imagem recorrente para todas as donas de casa que é a famigerada varinha mágica. Com a evolução semântica da língua, não pode hoje falar nesses termos, pois faz evocar à memória de toda a gente, aquele utensílio existente em todas as cozinhas e que miraculosamente tritura a sopa deixando-a reduzida a puré! -Imaginem agora, meninos, a teacher, vestida de fada, com uma varinha mágica na mão! Pronta a triturar o caldeirão de sopa onde se afogou o João Ratão por um enormíssimo golpe de azar! Mas... que faria com a sua varinha de condão? Inquiriram os mais curiosos. Começava a fazer “milagres”, aqui e agora, nesta sala de aula! Injectava em todas estas cabecinhas que me estão a ouvir, uma enorme, gigantesca vontade de... aprender... Inglês e não só! Aprender muita coisa, quase tudo aquilo que os vossos professores teimam em vos ensinar! Depois... partiria para o vasto mundo... e contagiaria toda a gente duma “doença” a que se chama HARMONIA... UNIVERSAL! Bastava-me apenas isso! Sim, porque... por arrastamento… todos os problemas mundiais teriam aí a sua solução! E... o que seria verdadeiramente assombroso... é que o mundo sofreria uma enorme metamorfose! Dum inferno vivo... passar-se-ia de imediato a um paraíso terrestre! Mª Donzília Almeida 22.02.09

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ruas da Gafanha da Nazaré: Manuel da Rocha Fernandes

Um presidente da Junta de Freguesia
que merece o nosso reconhecimento

Manuel da Rocha Fernandes (acrescentava Júnior, para que não fosse confundido com seu pai, que tinha o mesmo nome), mais conhecido por Senhor Rocha ou Mestre Rocha, foi presidente da Junta de Freguesia entre 1942 e 1963. Exerceu essas funções, tanto quanto sei, pelo gosto que tinha em servir a sua e nossa Gafanha da Nazaré. Faleceu em 1985, com 78 anos de idade.
Sendo certo que “Deus, que é Deus, não agrada a todos”, como reza o ditado, também terá os seus críticos. Contudo, a balança pende mais para o lado dos que recordam o quanto de importante fez na freguesia. Justa é, portanto, a rua que lhe dedicaram e que liga, perpendicularmente, as ruas Camilo Castelo Branco e Padre Américo. Não se trata de uma rua com muito movimento, mas nem por isso deixa de assinalar a acção deste gafanhão em prol da nossa terra.
No seu livro “Hidro-Aviões nos céus de Aveiro”, Joaquim Duarte, que conheceu de perto e conviveu com o Senhor Rocha, recorda os tempos em que o nosso homenageado foi um conceituado Mestre nas oficinas da Escola Naval de S. Jacinto. Referiu que era um Mestre “estimado na Escola, quer pelo pessoal militar, quer pelo pessoal civil, a que pertencia e de quem veio a ser chefe durante vários anos”.
Noutra passagem do seu livro, sublinha os grandes melhoramentos que valorizaram bastante o viver das gentes de então, de que destacou “o Mercado, o Edifício dos Correios, Escolas e novas estradas”, mantendo “acesa disputa com presidentes da Câmara de Ílhavo, sempre na defesa da sua terra”.
Enquanto presidente da Junta, o Senhor Rocha defendeu estrategicamente a zona da igreja matriz, “centro geográfico da Gafanha da Nazaré”, como costumava frisar, para ali se instalar o mercado e os Correios, que muitos queriam ver na Cale da Vila, por na altura ser o lugar da freguesia com mais comércio e indústria.
Para as ruas, lutava sem tréguas para conseguir traçados rectilíneos. Era paciente e arguto negociador com os proprietários, demonstrando-lhes as vantagens de haver ruas com poucas curvas. Recordamos que era bom orador e homem disponível para servir, também na comunidade religiosa. Foi durante muitos anos ensaiador do grupo coral, que dirigia, sobretudo, nas missas festivas. Chegou a ensaiar e a dirigir outros corais, ainda nas eucaristias das festas, nas Gafanhas da Encarnação e do Carmo.
Lembramos bem que era acompanhado, muitas vezes, pelo Padre Redondo ao órgão. Ainda nos garantiram que o Senhor Rocha é o autor dos cânticos do Cortejo dos Reis, e não só, que os mais antigos recordam com saudade, como comprovámos, há dias, ouvindo melodias suas, entoadas pela Maria Lourenço, a sacristã da nossa paróquia.

 Fernando Martins

Passeios pelos Canais da Ria de Aveiro

É sempre agradável apreciar a cidade e arredores, com olhos embarcados no moliceiro ou aparentado, cirandando pelos Canais da Ria. As viagens sucedem-se e a experiência sai sempre enriquecida.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Farol da Barra de Aveiro

É sempre agradável apreciar o nosso Farol. Mas para saber mais, clique aqui. Vale a pena.

Bolacha Americana



Quem há por aí que não goste de Bolacha Americana? Eu confesso que gosto muito, mas não a posso comer. Mas de quando em vez, lá vai uma.
O vendedor da Bolacha Americana, que tanto se via nas praias, no Verão, agora aparece, com alguma frequência, em busca de outros mercados. E faz bem, porque há sempre quem aprecie ficar com a boca doce.
Hoje, na Feira das Velharias, eu pude testemunhar isso mesmo. Só não comprei porque...

AVEIRO: Feira das Velharias

Há sempre algo para matar saudades

Sei que há quem não goste de antiguidades e de velharias. As peças consideradas antiguidades tem um peso muito grande na memória dos mais idosos. Móveis antigos, por exemplo, são quase garantia de perenidade. Para o meu gosto, ficam sempre bem numa casa qualquer. Há quem prefira o mais moderno e o minimalista, em particular. Mas, como disse o escritor Mário Cláudio, qualquer mossa numa peça moderna inutiliza-a, qualquer mossa numa peça antiga deixa-a na mesma. De qualquer forma, há gostos e apetites para todos, desde o mais moderno ao mais antigo.
No caso das velharias, onde nem sempre o bom gosto impera, podemos encontrar de tudo, não tanto com arte, mas com utilidade decorativa, e não só. Hoje fui à Feira de Velharias que se realiza em Aveiro, no quarto domingo de cada mês. Como me sinto bem em Aveiro, também me senti lindamente na Feira, que se estende dos Arcos e Praça Melo Freitas até à igreja da Vera Cruz e depois para a Praça do Peixe. 
Havia de tudo, ao jeito da Feira da Ladra, onde nunca fui, mas de que tenho ouvido falar. Desde louça antiga e outra a fingir de antiga, até livros velhos e novos à mistura. Desde LPs de vinil, até grafonolas de manivela. Desde rádios a cair de podres, até mesas a fingir de antigas. Desde relógios de bolso, até canetas de tinta permanente que não servem para nada, nem para decorar o que quer que seja. Eu virei-me para os LPs e lá comprei três, de jazz, de mais de 20 anos. Estou a ouvi-los e acho que valeu a pena.

 FM

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 119

BACALHAU EM DATAS – 9
A CAPITANIA DA TERRA NOVA DO BACALHAU
Caríssimo/a:
1520 - «Para o período de 1520 a 1525 continuam a existir dados referentes a uma colónia de pescadores de Viana instalada na costa da Terra Nova. A existência destas colónias permite pensar que a forma de pesca então praticada seria a chamada pesca sedentária.» [HPB, 21]
1550 - «Segundo a Corografia Portuguesa [...] o número de naus destinadas à pesca da Terra Nova em 1550 seria de 150.» [HPB, 21] «Em 1550, segundo António de Oliveira Freire (1739), os moradores de Aveiro “empregavam mais de 150 embarcações no comércio, que então estava levado ao maior auge, principalmente o do bacalhau”.
Também o bispo de Coimbra, D. João Soares, afirma que, especialmente a parte extra-muros, chamada Vila Nova (actual freguesia da Vera Cruz, onde se concentravam os pescadores e mareantes), havia beneficiado imenso com a pescaria do bacalhau, actividade responsável pelo envio de cerca de 50 embarcações à Terra Nova.»[Oc45, 77]
1567 -«...[O]ra em 1506, o mesmo rei [D. Manuel I] reivindicou para si o dízimo da pesca da terra Nova, nos portos de Aveiro e Viana do Castelo, mostrando como ela era importante para a sua fazenda e, nessa mesma altura, a pedido do próprio e dadas as circunstâncias, acabaria por conceder ao mesmo Vasqueanes os benefícios que já tinha dado a seus irmãos desaparecidos [Gaspar e Miguel Corte Real]. Esse benefício foi renovado por D. João III em Setembro de 1522, passadas para seu filho em 1538, confirmadas por D. Sebastião em 1576 e reconfirmadas em 1577. Entretanto, no ano de 1567 foi lá enviada uma expedição que avaliou das condições da terra e que determinou a criação de uma capitania própria (Capitania da Terra Nova), que viria a ser entregue ao herdeiro dos Corte Reais em 12 de Julho de 1574.» [Oc45, 19]
«De Viana partiu nessas datas [1520/1530] um grupo de colonizadores com destino à Terra Nova do Bacalhau, com a intenção de reforçar a colónia [vd. 1506], que, financiada por comerciantes de Aveiro e da ilha Terceira, controlava uma grande parte do litoral. A esta segunda vaga portuguesa seguiu-se uma terceira em 1567, composta de duas naus e de uma caravela com mantimentos e gente, sobre os quais as fontes, infelizmente, não são esclarecedoras. A colónia mantinha-se em 1574, como demonstra a nomeação de Manuel Corte Real para a Capitania da Terra Nova, e novamente em 1579 de Vasqueanes Corte Real.» [Oc45, 28-29]
Esta última transcrição remete-nos para assunto deveras curioso e que dará para estudo paciente e, quiçá, bastante promissor e profícuo: a Capitania da Terra Nova. Que apareça um «Corte-Real» que faça valer os seus direitos!
Manuel

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