domingo, 7 de dezembro de 2008

Alice Vieira evoca Erico Veríssimo

Alice Vieira evocou no Jornal de Notícias um escritor brasileiro que muito a marcou. Diz assim: "Erico Veríssimo foi um dos homens da minha vida. Não houve escritor nenhum que me tivesse influenciado tanto. Acho mesmo que a vontade de escrever, a descoberta da maravilha que era usar as palavras para contar uma história - e, mais do que isso, para transmitir uma emoção - foi com ele que aprendi."
Esta evocação também me trouxe à memória uma entrevista que este escritor, autor de "Olhai os Lírios do Campo", concedeu a Igrejas Caeiro, numa rádio que não posso precisar. À pergunta do entrevistador, sobre qual era o seu livro de mesa-de-cabeceira, Erico Veríssimo respondeu que era a Bíblia. - É crente? - questionou Igrejas Caeiro. - Não. - Como assim? - É que ainda não encontrei nenhum código de vida superior à Bíblia! - respondeu o escritor.
FM

Efeméride aveirense: Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro

7 de Dezembro
No dia 7 de Dezembro de 1921 foi criada, por decreto governamental, a "Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro", organismo de administração portuária, que viria a instalar-se em 11 de Fevereiro de 1923. Em 18 de Fevereiro de 1950, passou a denominar-se "Junta Autónoma do Porto de Aveiro". Estes organismos foram os antecessores da APA - Administração do Porto de Aveiro.
Fonte: Calendário Histórico de Aveiro

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 106

O EXAME DA 4.ª CLASSE
Caríssima/o: Isto agora é outra conversa; logo para começar, vamos até Ílhavo, a sede do concelho... e cada um que se arranjasse para lá chegar, pois não havia camionetas nem outro qualquer tipo de transporte público que desse acesso à sede do concelho. Só me lembro que foi preciosa a colaboração do Hortênsio que levava o irmão no porta-bagagem e a mim no quadro da sua bicicleta! No primeiro dia, o da prova escrita, não sei como foi; apenas recordo que almocei no recreio pão de trigo com marmelada. [Claro que tudo isto se passou nos século e milénio passados, mas no ano de 1951! As voltas que o mundo andou para a frente! Todos esperamos que agora não volte para trás.] A prova escrita foi normalíssima, facílima (tínhamos feito tantas de preparação na Escola da Ti Zefa, juntamente com os alunos do Professor Ribau que aquilo foi canja); depois vinham as orais, repartidas por vários dias, de manhã e de tarde e era preciso ir assistir algumas vezes para ver como os examinadores perguntavam... Aqui entrava de serviço a bicicleta do Hortênsio... Mas afinal como era a prova escrita? Capa impressa, onde identificávamos a Escola, o Professor proponente e escrevíamos o nosso nome e a data; espaço reservado para o júri assinar e pôr o resultado. Numa primeira folha, fazíamos o ditado (... aqui muito cuidadinho que o número de erros em excesso eliminava... era a doer!) e a prova de caligrafia; no verso, espaço para uma redacção... Outra folha onde resolvíamos uma operação com a respectiva prova real pela operação inversa e, por trás, o tal problema. Por fim, prova de medição e pesagem e o desenho, numa terceira folha mas lisa. Realizada a prova, era corrigida de imediato e ainda antes do almoço eram afixados os editais com os resultados e a indicação dos dias da prova oral. De vez em quando reprovava um ou outro aluno, quase sempre por causa do número de erros; e isso era um caso muito sério para o professor proponente... Bem, chegado o dia da prova oral, feita a chamada (esqueci-me de dizer que a chamada para cada uma das provas era feita à entrada da sala, onde era proclamado em voz alta o nosso nome e apresentávamos a cédula ou o bilhete de identidade!), entrávamos e olhávamos de través para a carteira isolada, em frente da secretária, onde nos iríamos sentar para o interrogatório pelos três elementos que constituíam o júri e que incluía todas as matérias estudadas ao longo do ano: leitura e gramática, pelo livro utilizado na escola, aritmética e geometria, no quadro preto, e história, geografia e ciências naturais junto dos mapas que estavam dependurados. Para não alongar muito, apenas direi que o Professor que me interrogou sobre geografia, para variar, apontou-me para uns mapas que julgávamos decorativos, no primeiro andar da parede, muito lá em cima, quase sem tinta e 'que está ali representado?', a pensar que me atrapalhava: via-se logo que era a Guiné, muito desbotada, quase apagada... O edital falava como arauto de rei: todos aprovados e alguns com distinção! Professores inchados, a dar os parabéns aos felizardos (só falo em felizardos que o nosso grupo era de escola masculina!...), mais um pão com marmelada e pirolito... e toca a andar que se faz tarde! Manuel

sábado, 6 de dezembro de 2008

APRESSAI A VINDA DO SENHOR

O ritmo da história pode ser apressado. É lição que se colhe da leitura dos factos e das convicções dos seus protagonistas. É também afirmação clara de São Pedro na 2ª carta que dirige aos cristãos. “Esperai e apressai a vinda do Senhor” – recomenda com solicitude, acrescentando a título de exemplo algumas atitudes a cultivar. Não perder de vista o valor do tempo, ter muita paciência, estar atento e vigilante, aguardar confiante e manter-se fiel e cooperante. Estas atitudes traçam o perfil do cristão no mundo e indicam um caminho a percorrer a todos os que pretendem intervir no ritmo da história de forma positiva. Constituem o rosto da fé activa e da esperança alegre. São os “braços” estendidos da caridade envolvente da justiça integral. Tornam presente e significativa a comunidade eclesial no meio em que se insere e de que faz parte. Abrem o humano ao Absoluto de Deus e convertem-se em “ponto” de encontro e gérmen de comunhão. O tempo tem um valor único. O seu ritmo é irrepetível. Constitui o período oferecido à natureza para a realização das criaturas e da criação. Traz consigo a oportunidade da salvação. Está à disposição de todos como dom acessível a quem quiser fazer a sua gestão inteligente e sábia. É desafio constante a assumir com ousadia. A paciência é, de certo modo, a medida da esperança. Constitui um dos reflexos mais transparentes de Deus na humanidade de cada um de nós e de todos. Comporta valores apreciáveis, tais como a ciência da paz, o apreço pelo pequeno e pelo fragmento, a confiança na superação do negativo e redutor, a aspiração a ser mais, sempre mais. A vigilância é o estado de espírito de quem vive como a sentinela. Sempre, mas sobretudo na escuridão da noite ou na confusão dos dias. Exige lucidez para observar, princípios para discernir e identificar, critérios para avaliar e encaminhar, agindo da forma mais correcta. A confiança na espera e na acção nasce da certeza de que se tem a melhor companhia do mundo e de que se pode contar com a sua intervenção discreta e eficaz. Como Paulo, o cristão pode dizer com verdade: sei em quem confiei e não serei defraudado! A cooperação fiel expressa a resposta possível ao desafio que o ritmo da história comporta e provoca. Resposta da humanidade toda, mas sobretudo de quem descobre no tempo a oportunidade da salvação, a acessibilidade do nosso Deus, a proximidade de Jesus Cristo, a possibilidade de construir e viver a solidariedade global. Apressar a vinda do Senhor é intervir de forma positiva na humanização pessoal e na fraternidade universal. Tarefa a exigir esforço generoso e perseverante. Sempre mais! Georgino Rocha

A IMACULADA CONCEIÇÃO

Não sei se a maioria dos portugueses conhece o motivo do feriado no dia 8 de Dezembro. Os católicos praticantes saberão que se trata de uma festa ligada a Nossa Senhora. Se interrogados, talvez respondessem, na quase totalidade, que tem a ver com a virgindade de Maria. Aí está, pois, uma festa infestada com equívocos. Logo à partida, que pode significar Imaculada Conceição? De facto, não se refere directamente à virgindade, mas não lhe é completamente alheia. Do que se trata, na realidade, é da afirmação de que Maria, a Mãe de Jesus, foi concebida sem pecado. Mas, aqui, sem hermenêutica, isto é, sem interpretação, pode albergar-se uma série de confusões, profundamente ofensivas sobretudo para as mulheres, minando, desgraçadamente, a mensagem do Evangelho enquanto notícia boa e felicitante. Foi concretamente Santo Agostinho que elaborou a doutrina do pecado original, no sentido de um pecado cometido pelos primeiros pais (Adão e Eva) e transmitido a todos por herança, no acto sexual. Houve uma excepção: Maria foi concebida sem a mancha do pecado original. Deste modo, porém, a sexualidade ficou manchada e as mulheres acabavam por sentir-se discriminadas, tanto mais quanto, associando a concepção de Jesus a uma geração virginal, se lhes propunha o ideal impossível de virgem e mãe. Sub-repticiamente, esta doutrina causou imensos danos ao cristianismo, concretamente à mulher, à visão do sexo e do casamento. Assim, um cristão atento e reflexivo sabe que é necessário e urgente rever o dogma, mostrando o seu verdadeiro sentido. O próprio Papa João Paulo II deu a chave, ao escrever que "o Natal de Jesus revela o sentido profundo de todo o nascimento humano". Afinal, quando percebe que o ser humano não é redutível à biologia, o crente verá em toda a nova geração a presença do Espírito, como aconteceu com Jesus. Por outro lado, nascer é vir à luz e, portanto, dar à luz não constitui uma mancha para a mãe, como supõe a doutrina da virgindade de Maria, antes, no e depois do parto. Um dia, numa entrevista, um jornalista atirou-me: "Não acha que Nossa Senhora é a mulher mais poderosa de Portugal?" Nunca tinha pensado nisso, mas é bem possível. Basta pensar em Fátima e no que Fátima representa para os portugueses. Aliás, Nossa Senhora "concede" dois feriados nacionais: Imaculada Conceição (8 de Dezembro) e Assunção (15 de Agosto). Mas, se se pensar bem, estas festas são metáforas de esperança e salvação: todo o ser humano é concebido sem pecado, mas, entrado no mundo, terá de lutar contra a maldade e o pecado, na esperança de um mundo melhor, e também na morte pode contar com o Deus amor e a sua graça de vida eterna. Podemos então compreender, como dizia o teólogo Karl Rahner, que, nestes domínios, por exemplo, da virgindade de Maria, não se trata de biologia. Referindo-se à narrativa do Evangelho de São Mateus sobre a geração de Jesus por obra do Espírito Santo, escreveu o exegeta Jean Radermakers: "Tomando imagens das mitologias pagãs, depuradas pela reflexão judaica, Mateus não se situa num plano de fisiologia, medicina, ginecologia ou sexologia, mas no de uma realidade mais profunda. Deveríamos reler a nossa experiência do dar à luz e da responsabilidade parental a partir do nascimento de Jesus. Toda a criatura recém-nascida vem de Deus. Assumir uma maternidade e paternidade humanas é deixar que Deus se revele na criatura nascida. A missão de todo o varão e toda a mulher que se unem é dar lugar a que apareça no mundo a realidade do Emanuel, Deus connosco." Criticando os mal-entendidos da leitura do Evangelho a partir de pressupostos negativos em relação à sexualidade, o teólogo Juan Masiá põe na boca do anjo estas palavras dirigidas a São José: "Não deixes de levar Maria contigo. Não penses que pelo facto da intervenção do Espírito o teu papel como varão está a mais. Não tens que afastar-te para permitir que Deus faça algo grande com a tua família. Com a tua relação com Maria, não vais entrar em concorrência com o Espírito. O teu papel é compatível com a acção de Deus e com que Jesus seja o Cristo." Anselmo Borges
In DN

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

DEPUTADOS COMEÇARAM FIM-DE-SEMANA ALARGADO ANTES DO TEMPO

“A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, decidiu hoje chamar o líder da bancada parlamentar, Paulo Rangel, para explicar na sede social-democrata quem foram os 30 deputados do seu partido que faltaram hoje às votações na Assembleia da República. Um projecto do CDS-PP que defendia a suspensão do processo de avaliação dos professores poderia ter sido aprovado, não fossem as ausências de 35 deputados da oposição.” Esta a notícia do PÚBLICO e de outros órgãos de comunicação social. Mais uma vez, dezenas dos nossos deputados, eleitos pelo povo para o representarem no Parlamento, símbolo maior da nossa democracia, dão-se ao luxo de faltar. Admitindo que alguns terão justificado as faltas, não há dúvida de que há deputados que não têm a noção das responsabilidades e do significado pleno da eleição para tarefa tão digna. Já se sabia, há muito, que alguns não passam de uns verbos de encher, ao ocuparem lugares para nada fazerem de útil. Uns dormitam ou lêem jornais nas bancadas. Outros por ali andam como seres amorfos. Mas todos ganham salários e subsídios muitíssimo acima da média. Ganham para nada fazerem. Em contrapartida, há os cumpridores, os que assumem, com dignidade, as suas funções parlamentares. Agora, Manuela Ferreira Leite quer saber como é. Quer explicações. Mas duvido que alguns venham a ser penalizados, neste país de brandos costumes. Diz a líder social-democrata: “Há deputados que estão fora, há deputados a quem foi concedida dispensa por parte do presidente do grupo parlamentar, há deputados que faltaram por quaisquer outras razões e há deputados que se calhar foram lá, assinaram e se foram embora. Isto não é admissível em circunstância nenhuma na função de deputado.” Pois é. Manuela Ferreira leite sabe disso tudo. Outros líderes sabem o mesmo. Mas ninguém faz nada. Resta-me dizer que tenho pena disto tudo. E aqui fica o meu veemente protesto. FM

NATAL EM AVEIRO

O programa de animação de Natal organizado pela Câmara Municipal de Aveiro, que irá decorrer até ao dia 6 de Janeiro de 2009, inclui eventos diversos, com especial enfoque na área musical e do espectáculo. No dia 11 de Dezembro, pelas 11 horas, o Grupo de Teatro Filandorra – Teatro do Nordeste, apresentará a peça infantil “A menina do mar”, no Auditório do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. A Sé de Aveiro acolherá, no dia 18 de Dezembro, pelas 21h30, o Concerto Coral de Natal, em que actuarão o Coral Polifónico de Aveiro, o Coral Vera-Cruz, o Coral de S. Pedro de Aradas e o Coro Santa Joana. A Orquestra Filarmonia das Beiras fará o Concerto de Ano Novo, que decorrerá no Teatro Aveirense, no dia 1 de Janeiro de 2009, pelas 18 horas. No dia 6 de Janeiro, Dia de Reis, na escadaria e pátio traseiro da Casa Municipal da Cultura terá lugar o “Cantar das Janeiras”.
Fonte: Correio do Vouga