Ao cair da tarde, em terras da Judeia, um pastor separa as ovelhas dos cabritos. Acção simples, mas cheia de simbolismo, que Jesus aproveita para transmitir uma mensagem sublime e interpelante. A linguagem que usa é fruto da cultura bucólica e campestre. A forma literária pertence a um género especial – a apocalíptica. A realidade envolvida na narrativa faz parte da vida humana, dos modos de relacionamento entre as pessoas, do uso dos bens, da capacidade de ver as “coisas” em profundidade e extensão.
Faz assim um “esboço” do Reino que se torna presente e desenvolve, quando aquela realidade é vivida no amor e na justiça, na verdade e na liberdade, na solidariedade e na paz. Por cada pessoa e por toda a humanidade. Como Ele vive, anuncia e deixa em forma de testamento.
Ser fiel à herança de Jesus constitui a alegria cristã mais profunda, revigora a esperança mais consistente e intensifica a dedicação mais generosa àqueles que Deus ama e quer ver felizes. Supõe o nosso envolvimento afectivo e inteligente, completo e integral. Brota da certeza que Jesus está connosco e nos abre caminhos acessíveis cada vez mais concretos.
A prova de fidelidade faz-se na vida, nos critérios e comportamentos assumidos. Um dia, ao fazer o nosso “exame final”, Deus não pergunta pelo modelo do carro, pela grandeza da casa, pela marca da roupa, pela conta do ordenado, pela categoria profissional, pela quantidade de amigos, pela cor da pele, pela religião, pela frequência do culto ou prática devocional. Não. Se chegar a fazer tais perguntas é por causa de outros assuntos mais importantes. Ele prefere seguir outra pista para nos ajudar e vai-nos segredando:
Que fizeste com os teus bens? A quantas pessoas serviste com o carro e a quantas acolheste em casa? O ordenado era fruto de trabalho honesto ou vendeste a consciência e deixaste-te corromper? A categoria profissional foi merecida pela competência e honradez ou resultado de suborno e falcatruas? Quantas pessoas te consideravam amigo sincero? Como tratavas os vizinhos? Fazias discriminação de alguém apenas pela cor da pele ou preconceito de raça? Viveste a fé como um compromisso de amor, uma âncora de esperança, um farol de horizontes novos?
Dando respostas positivas, o estilo de vida da humanidade, sobretudo dos cristãos-discípulos do meu Filho Jesus, configurará o rosto social da realidade nova que vos proponho no meu Reino. Será um rosto belo e atraente. Será uma realidade inclusiva e envolvente. Para bem e felicidade de todas as criaturas e de toda a criação.
Georgino Rocha
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Obamomania

Com a vitória de Obama nas eleições presidenciais dos EUA, uma onda de euforia se espalhou pelo mundo. Uma vitória inédita num país que se proclama como o mais democrático do mundo deu para alimentar a esperança da construção de uma nova ordem social. Uma nova ordem social assente no diálogo, na democracia, na paz e na justiça.
Desde a eleição e até hoje têm-se multiplicado esses sinais de esperança, mesmo de certeza de que essa nova ordem social será uma realidade a curto prazo. Nem passa pela cabeça de ninguém admitir o contrário. Obama, para muitos, já ganhou o céu, ocupando um lugar especial no coração de cada cidadão do mundo.
Contudo, estou convencido de que o paraíso não está a chegar, sobretudo à medida dos sonhos de muitos. Bem gostaríamos que assim fosse, mas não vale a pena acreditar em utopias, embora os ideais ocupem os nossos quotidianos. A realidade vai ser bastante diferente, quando as suas propostas se confrontarem com o dia-a-dia do seu país e dos demais países da terra, até onde chegam os interesses dos EUA.
Admitindo que os sonhos fazem parte da vida de todos os seres humanos, temos de assentar os pés na terra em momentos como este. Quando Obama decidir, seja o que for, logo depois de tomar posse da principal cadeira da Casa Branca, é certo e sabido que de imediato brotam os descontentamentos, um pouco por todo o lado.
FM
O ILHAVENSE FAZ ANOS

O ILHAVENSE completou hoje 87 anos de vida. Mesmo a caminho do seu centenário (já não falta muito), não podemos dizer que se trata de um jornal velho. E não é velho porque continua na luta constante pela defesa do seu lema, isto é, por ÍLHAVO e pelas suas gentes, tal como desde o nascimento. E se soubermos que não é fácil, nos dias que correm, alimentar princípios de justiça e de verdade, quando cada um se arroga o direito de admitir a sua justiça e a sua verdade como únicas e indiscutíveis, então mais facilmente compreendemos as dificuldades que têm de enfrentar, no dia-a-dia, os responsáveis por um órgão de comunicação social como este.
Ao seu director e meu bom amigo, José Manuel Torrão Sacramento, e a quantos fazem O ILHAVENSE dirijo os meus parabéns, na certeza de que não lhes há-de faltar coragem para prosseguirem na caminhada, para bem de todos os ílhavos, neles incluindo os ilhavenses e os gafanhões.
Fernando Martins
Crónica de um Professor...
Furo
Em tempos não muito remotos, na década de 80 do século passado, ocorreu um episódio insólito, em que foi protagonista um Mercedes amarelo. Este, partindo da Invicta Cidade, levava um grupo de professores para uma Escola do interior, neste país rural.
Uma pequena avaria, um furo no pneu da frente, fez atrasar a viagem, que prosseguia, rumo a terras da Lixa. Dizia um colega com ar jocoso, quando se aproximava do baixo em que ficava a Escola:
- Estamos a chegar à Cova...
Sim, rumava esse grupo docente para a pequena vilinha rural de Vila Cova da Lixa, ali mesmo ao lado de Amarante. Também integrava esse grupo, a teacher, que aproveitava o percurso para uma amena conversa com os demais companheiros de viagem.
Enquanto se procedia à reparação do furo, na estação de serviço local, na Escolinha, várias turmas de alunos pulavam de contentes, anunciando, a altos brados, aquela “prenda” inesperada, que aqueles professores lhes haviam oferecido:
- Temos furo, temos furo...
Era uma alegria, quando faltava um professor e se anteviam uns instantes de brincadeira, acrescidos!
Sem pretender fazer a apologia das faltas dos professores, apraz-me aqui tecer algumas considerações, sobre a tão amaldiçoada aula de substituição. Qual será, à luz duma pedagogia dos valores, dos afectos do são desenvolvimento, a vantagem de aprisionar a energia incontrolável de crianças, alunos, no interior de uma sala de aula, numa actividade de mero entretenimento?
Que lucrarão as crianças em permanecer, trancadas, entre quatro paredes, na ausência do professor da disciplina, supervisionadas por um outro qualquer docente, totalmente alheio às matérias e à empatia estabelecida pelo colega?
A palavra “furo”, outrora sinónimo de feriado, intervalo inesperado entre duas aulas, perdeu, hoje, a polissemia e restringiu-se apenas ao conceito de “perfuração”! Se não existissem os pneus dos carros a arcar com esta responsabilidade... dos furos..., seria considerada um arcaísmo!Em contrapartida, surgiram novos vocábulos, para suprir as falhas existentes no léxico: professor substituto, aula de substituição, bloco de 90 minutos, meio bloco... etc; serão os neologismos criados pela força inovadora da língua! Esta é um processo dinâmico...
Com 20 minutos de atraso, lá foram professores e alunos aproveitar o que restava da aula de 55 minutos. Não houve protestos, não houve birras. Todos, ordeiramente, acompanharam os professores; estes, alheios à falta que lhes fora atribuída, apenas pensaram em cumprir o seu dever, apesar do percalço que lhes tinha acontecido. Apesar do inesperado acréscimo de tempo de brincadeira, nenhum aluno sentiu que a aula ia ser um castigo! In illo tempore! No século passado!
Mª Donzília Almeida
Trabalho Infantil
A Renascença noticia que "Há crianças em Portugal que trabalham 12 horas por dia. O trabalho infantil é uma realidade e a Confederação Nacional de Acção contra o Trabalho Infantil alerta para o seu aumento, por causa da crise e do aumento do desemprego."
Há muitos anos que se fala deste problema, mas a verdade é que as crianças continuam a ser obrigadas a ser adultos, à força, em idade de brincar.
Nota: Ilustração da Rede Global
Nota: Ilustração da Rede Global
Efeméride aveirense
1880 - 20 de Novembro
Numa reunião de prelados do Continente, efectuada em Lisboa na presença do ministro da Justiça, foi resolvida a extinção da Diocese de Aveiro pelos arcebispos de Mitilene e de Braga e bispo de Lamego. Votaram pela sua conservação o arccebispo de Évora e o bispo de Bragança e abstiveram-se de votar os bispos de Coimbra e do Porto.
In "Calendário Histórico de Aveiro"
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Cavaco Silva lamenta falta de diálogo entre Ministério da Educação e Sindicatos
Face à incapacidade para dialogar, entre o Ministério da Educação e os Sindicatos dos Professores, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirmou hoje ter "muita pena" que o seu apelo para a serenidade do sector não tenha aparentemente surtido efeito. Estou em crer que, mais dia menos dia, o momento do diálogo soará. Portugal não pode continuar a assistir a posições irredutíveis, sob pena de se prejudicarem de forma irreparável os alunos, mola real da vida do Ministério da Educação e dos Professores.
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