segunda-feira, 20 de outubro de 2008

ÍLHAVO: Semana da Educação

Ao assumir a importância da educação na vida das crianças, a Câmara Municipal de Ílhavo promove a Semana da Educação, de hoje até ao dia 26. Vários serão os temas a debater nessa linha e diversas serão, também, as iniciativas, tudo em prol das crianças do município.
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O belo deve ter sempre lugar em cada um de nós

Para começar a semana, com os desafios de um sol que tudo torna mais claro, esta fotografia, registada há dias num momento certo, é um bom prenúncio de tranquilidade interior. As árvores apontam para um céu límpido, azul, e a folhagem, com tonalidades que inebriam, convida-nos a uma vida serena, onde o belo deve ter sempre o seu lugar em cada um de nós.

domingo, 19 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

Pastores do ser e do agir
1. A feliz expressão “Pastor do Ser” provém de Martin Heidegger (1889-1976), autor da grande obra metafísica “O Ser e o Tempo” (1927) e, já no contexto de Europa destruída a restaurar, autor da magistral “Carta sobre o Humanismo” (1947/49). Todos sabemos que não há agir consciente e consistente sem antes ser levado ao pensamento, à ordem do Ser; e todo o pensamento acabará por ter reflexos na acção. Quando determinadas acções manifestam superficialidade e precipitação será porque o Ser, vivendo pela rama, vai secando... A lógica do ter e do parecer tem avançado por territórios destinados ao Ser. Facto este que se manifesta em esperanças desfocadas e projectadas mais na linha do poder e da afirmação do ter que da generosidade em Ser. 2. Valerá a pena perguntarmos sobre “quem nos ensina a Ser?” A noção de “Pastor do Ser” não é impositiva mas baseia-se na proposta livre e fundamentada no patamar de uma racionalidade dialogal. “Pastor” não significa dominador, antes pelo contrário: representa aquele que propõe de tal maneira aliciante algum horizonte que, na liberdade, este é seguido pelos que se identificam com o seu projecto. Assim, a decisão está sempre do lado de quem escuta e não vem de cima, por imposição. O desenvolvendo desta dinâmica, num carácter insubstituível do discernimento e da opção de quem quer seguir este ou aquele ideal, tem como pano de fundo uma comum busca da Verdade para a Humanidade, na qual o pensar a vida é tarefa andante, pastoreante... 3. Quanto mais o pragmático inundar os “lugares” do Ser mais difícil será a garantia da responsabilidade da liberdade. Os ambientes das educações na sua pressuposta pluralidade de visão crítica – do Ser ao agir – quererão gerar despertadoras oportunidades vivas, dinâmicas, responsáveis, reflectivas, racionais e emocionais, diante da diversidade de caminhos… Mas que lugar é dado ao pensar para melhor optar/agir?

Dia Mundial das Missões

É preciso coragem para agir em favor de quem nada tem
O mundo católico celebra hoje o Dia Mundial das Missões. Hoje, como desde a primeira hora do cristianismo, a missão é um compromisso de todo o baptizado. Sempre de missão se falou e neste dia, em especial, a Igreja Católica não deixará de o fazer de novo em todas as frentes. Fundamentalmente, porque esse foi o mandato do Mestre. Depois, porque a Igreja acredita e defende que a Boa Nova de Jesus Cristo é passo importantíssimo para a construção de um mundo melhor. Sem apostar no proselitismo, os crentes têm à sua frente o campo do testemunho como forma indeclinável de propor o Evangelho como código de vida com capacidade de criar uma nova humanidade. Nessa linha, a missão é projecto dos fiéis para todos os dias de todos os anos. A comunicação social não deixará, por certo, de nos mostrar exemplos concretos de muitos que deixam tudo, temporária ou permanentemente, para testemunhar o Evangelho, na prática diária da caridade e da promoção social, educativa e cultural. Alguns exemplos até nos comovem. Porém, o importante não é ficarmos simplesmente comovidos com tanta doação. Mais do que isso, é urgente que cada um sinta que é indispensável apoiar, por variadíssimas formas, quem dela precisa em terras onde as populações de tudo estão carentes. Não vale a pena falar desses casos. Eles são suficientemente conhecidos. O que é necessário é conseguirmos coragem para agir em favor de quem nada tem. Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 99

OS TRABALHOS DE CASA
Caríssima/o: Quando agora ouço falar nos TPC, escangalho-me a rir, com o devido respeito, pois claro. E sabeis porquê? Vem-me logo à cabeça a imagem de um pimpolho deitado na eira, de rabo para o ar, com as pernas dobradas para cima como que a fazerem o pino, mas muito concentrado na resolução dos problemas ou na execução da cópia marcados pelo Professor... Neste caso era o Oliveiros, sortudo que até tinha eira!... Mas agora a sério, que o caso não é para menos: no nosso tempo eram habituais os trabalhos de casa marcados, dia a dia, e dia a dia, corrigidos... Verdade seja que não tenho ideia de os meus professores exagerarem: uma cópia, um ou dois problemas ou uma conta ou redução, e temos falado. Mesmo assim havia alguns de nós que se esqueciam, de tão ocupados que estavam com a brincadeira. Era o bom e o bonito! Ajudas dos nossos Pais? Como, se eles, por vezes, nem o seu nome conseguiam escrever?! Imaginemos quando aparecia um com uma cópia feita com letra diferente? Sarilho do grosso... e não me perguntem como é que fazia a habilidade. Nós só perguntávamos como é que o Professor adivinhava que a letra não era do «autor»!... Muitas vezes os trabalhos eram feitos e apresentados na lousa, pois claro! Quando se aproximavam os exames é que tinha de tudo ser executado nos cadernos que bem caros nos ficavam. Pois um dia, para casa veio um problema que me deu cabo da cachimónia: nem sei quantas vezes é que apaguei a lousa. Era de torneiras e aparecia pela primeira vez, sem qualquer explicação. Por fim, passei as indicações e a resposta para o caderno de problemas... e fui dormir. No dia seguinte, quando cheguei à Escola e antes do Professor vir na sua bicicleta, comecei a compará-lo com o dos companheiros... estava diferente de todos, apaguei-o e, rapidamente, anotei uma outra resolução. Entrados, quadro e correcção do problema... O Professor a rir foi observando que apenas um tinha feito bem o tal (mas não nos admirou que sua mãe era Professora...). - Mas eu sei fazê-lo! - Ai sabes?... Anda ao quadro! Resolução rápida e certeira... - Então, isto aqui no caderno? Engano explicado e desfeito... Agora, vede se tenho ou não razão: Trabalhos de casa? Poucos e cada um que faça a sua parte! Manuel

Para os professores

Os professores e os não professores podem ler este poema de um anónimo. Às vezes, ou sempre, estas achegas dão que pensar. E já agora, permitam-me que preste as minhas homenagens a todos os que ensinam a descobrir. Mais: a todos os que gostam de aprender com os próprios alunos, apesar de tantas dificuldades e incompreensões.
FM

sábado, 18 de outubro de 2008

Teresa Machado abandona a alta competição



Os campeões vivem sempre
Resolvi escrever umas linhas a lembrar a Teresa, mulher forte por fora, mas muito grande por dentro. Recuo 25 anos e vejo-a treinar num terreno quase defronte à sua casa, sob a ordens do Professor Júlio Cirino. Ele anda com um trabalhão em mãos, a recolher memórias, para que não se apaguem. Precisamos muito delas. Estas linhas são por isso. Tudo o que é terreno termina, porque assim houvera de ser. Os campeões, esses raros aceitantes de desafios, não desaparecem de todo. Podem mudar o seu futuro, mas nada lhes apaga o passado, com muitos sacrifícios, à chuva, ao frio, ao sol abrasador, e «em tantos climas experimentados», ficam para sempre. O desporto, mesmo o de alta competição, dá sempre grandes virtudes a quem dele faz vida. E não conheço nenhum atleta que deixe de partilhar a sua experiência, quando dele se abeiram todos os que os respeitam, porque dedicados à mesma causa que é o desporto. 
A Teresa Machado é uma pessoa ideal para lançar desafios de partilha das suas experiências adquiridas por esse mundo fora. Os jovens da Gafanha da Nazaré precisam de olhar para os bons exemplos. Ela merece, sem engano algum, uma pista de atletismo melhor que aquela em que ficou a do Complexo Desportivo. A placa com seu nome não é suficiente para a lembrar nas pistas, em qualidades de atleta humilde e sensata que sempre foi. E será, porque o futuro, com maior ou menor peso, lançado desde muito cedo, deve ser devidamente reconhecido nos seus méritos. Os campeões vivem sempre. Ainda lhe envio um poema, inspirado nos livros e na leitura - esse fermento que transforma gente em sabedoria.

Quando leres 
Prefere as folhas em branco 
Prontas a preencher de azul 
As quimeras lindas nos céus 
Redondos que olham para ti 
Em figuradas perfeições que 
As páginas aconselham livres 
Traça as linhas da tua vontade 
Que emerge da pura realidade 
E avalia o sangue a apossar-se 
Dos trechos do fim da história 
Que namora em casta placidez 
A razão que preenche a nudez 
Das folhas que foram brancas 

Hélder Ramos

NOTA: O Hélder Ramos é professor de Língua Portuguesa na Escola Secundária c/ 3º ciclo de Júlio Dinis e autor do livro de poesia «Ao Pé das Palavras». Um abraço para o Hélder, que não vejo há muito. Mas também aqui ficam os meus agradecimentos pela suas oportunas considerações sobre a Teresa Machado. A Gafanha da Nazaré deve-lhe, sem dúvida, uma digna homenagem.

FM