VIDA PARA TODOS OS DIAS!
Hesitei se devia voltar a escrever, pelo menos por agora, da Páscoa do Senhor.
Afinal, nestas últimas semanas, toda a Igreja tem estado em reflexão itinerante, na preparação do Dia Pascal, pelo que a vontade em mudar de caminho, durante algum tempo, pode ser grande e apelativa.
Comecei por me lembrar que vivemos num mundo que parece regular-se, cada vez mais, pelo imediato, pelo já e agora, a qualquer preço, onde a tendência é para esquecer ou ignorar o que, aparentemente, já passou, e ficar, desde logo, refém da próxima novidade.
Senti que a paciência, um dos frutos do Espírito Santo (ver: Gal 5,22-23) estava a esfumar-se e a dar lugar a qualquer coisa que soasse também a novo e a imediato.
Deambulando no meio destes pensamentos, surgem-me, num curto espaço de tempo, duas situações que vieram alterar tudo quanto até ali tinha pensado.
A primeira acontece ao arrumar alguns dos meus papéis. No meio destes, encontrei a homilia que D. José Policarpo pronunciou, no dia 7 de Abril de 2007, na Sé Patriarcal de Lisboa.
Reli-a, e a vontade de não ficar calado desapareceu. Era um bom sinal!
Ao sermos criados por Deus, não só somos parte integrante da Sua Criação como Seus colaboradores e membros activos, enquanto baptizados, da História da Salvação.
Como se já não fosse o suficiente, somos convidados a participar nesta “longa vigília da criação e da humanidade, em busca da sua verdade definitiva.”
Perante tais palavras, quem poderá dizer, começando por mim, que a Páscoa já passou?
A Páscoa não passou nem passará, nunca! Tudo, na vida de cada cristão, depende dela e só dela. Ainda que viva muitos anos, sem a Páscoa o cristão jamais existirá.
Deste modo, senti que os argumentos para não falar, do dia em que a Vida venceu, definitivamente, a morte já não tinham validade, pelo que tinha que decidir em pensar noutras coisas, que não passavam necessariamente pela escrita.
Mesmo assim, sentia que a vontade também não era muita.
Decidi, então, dar uma caminhada a pé. Pelo menos daria para ajudar na saúde do corpo.
Eis que, ao sair de casa, encontro o carteiro e, através dele, é-me entregue um postal de um Amigo meu, de Sines, que logo abri. A dado passo da sua mensagem pascal, este meu Amigo, alentejano, cita Santo Agostinho: ”De modo algum nos podemos envergonhar da morte do nosso Deus; pelo contrário, ela é a razão de toda a nossa confiança e de toda a nossa glória; tomando sobre Si a morte que em nós encontrou, assegurou-nos a vida que por nós não podíamos alcançar.”
E assim, acabei por fazer a minha caminhada, convicto de que, também hoje, é dia de Páscoa.
De uma nova Páscoa, como será, sempre, a do outro amanhã.
Vítor Amorim
Hesitei se devia voltar a escrever, pelo menos por agora, da Páscoa do Senhor.
Afinal, nestas últimas semanas, toda a Igreja tem estado em reflexão itinerante, na preparação do Dia Pascal, pelo que a vontade em mudar de caminho, durante algum tempo, pode ser grande e apelativa.
Comecei por me lembrar que vivemos num mundo que parece regular-se, cada vez mais, pelo imediato, pelo já e agora, a qualquer preço, onde a tendência é para esquecer ou ignorar o que, aparentemente, já passou, e ficar, desde logo, refém da próxima novidade.
Senti que a paciência, um dos frutos do Espírito Santo (ver: Gal 5,22-23) estava a esfumar-se e a dar lugar a qualquer coisa que soasse também a novo e a imediato.
Deambulando no meio destes pensamentos, surgem-me, num curto espaço de tempo, duas situações que vieram alterar tudo quanto até ali tinha pensado.
A primeira acontece ao arrumar alguns dos meus papéis. No meio destes, encontrei a homilia que D. José Policarpo pronunciou, no dia 7 de Abril de 2007, na Sé Patriarcal de Lisboa.
Reli-a, e a vontade de não ficar calado desapareceu. Era um bom sinal!
Ao sermos criados por Deus, não só somos parte integrante da Sua Criação como Seus colaboradores e membros activos, enquanto baptizados, da História da Salvação.
Como se já não fosse o suficiente, somos convidados a participar nesta “longa vigília da criação e da humanidade, em busca da sua verdade definitiva.”
Perante tais palavras, quem poderá dizer, começando por mim, que a Páscoa já passou?
A Páscoa não passou nem passará, nunca! Tudo, na vida de cada cristão, depende dela e só dela. Ainda que viva muitos anos, sem a Páscoa o cristão jamais existirá.
Deste modo, senti que os argumentos para não falar, do dia em que a Vida venceu, definitivamente, a morte já não tinham validade, pelo que tinha que decidir em pensar noutras coisas, que não passavam necessariamente pela escrita.
Mesmo assim, sentia que a vontade também não era muita.
Decidi, então, dar uma caminhada a pé. Pelo menos daria para ajudar na saúde do corpo.
Eis que, ao sair de casa, encontro o carteiro e, através dele, é-me entregue um postal de um Amigo meu, de Sines, que logo abri. A dado passo da sua mensagem pascal, este meu Amigo, alentejano, cita Santo Agostinho: ”De modo algum nos podemos envergonhar da morte do nosso Deus; pelo contrário, ela é a razão de toda a nossa confiança e de toda a nossa glória; tomando sobre Si a morte que em nós encontrou, assegurou-nos a vida que por nós não podíamos alcançar.”
E assim, acabei por fazer a minha caminhada, convicto de que, também hoje, é dia de Páscoa.
De uma nova Páscoa, como será, sempre, a do outro amanhã.
Vítor Amorim