A autocrítica de “compreender”
1. Dos desafios mais importantes da vida será “compreender”. Compreender tudo o que acontece, nas suas várias faces de causas, factos e consequências. Mas para compreender é preciso criar a distância crítica necessária, colocar todos os dados em jogo, “joeirar”, para depois poder considerar de forma mais justa. Dos piores sintomas da falta de autocrítica será o ajuizar sem conhecer, o falar sobre algo sem saber minimamente, o optar sem se situar na pluralidade de caminhos. O focalizar e perder-se num “ponto” sem ler e entender todo um “texto” poderá ser esse sinal da falta de visão de conjunto que não procura compreender a totalidade.
2. Neste âmbito destacaríamos a obra de Maria Manuel Baptista sobre Eduardo Lourenço. O título é sugestivo: Eduardo Lourenço – A paixão de compreender (ASA, 2003). É a visão de um dos maiores pensadores portugueses actuais que estimula a todos realizarmos esse exercício insubstituível da prudência como caminho de sabedoria para nas horas presentes se ir descortinando o melhor futuro possível. Talvez o nosso tempo social não dedique o tempo necessário a este aprofundamento por “porquês” para melhor se ver os caminhos dos “para quês” como construção de ideais.
3. Perguntarmo-nos sobre “o que acontece” é ir às razões profundas e nessa origem procurarmos uma iluminação que desperte a esperança e o compromisso. Uma transversalidade de áreas precisam desta autocrítica que procura “compreender”, a começar por factos tão diários como a diminuição dos compromissos em casamentos (que compromete o futuro, até das natalidades) ou visões tão essenciais como as grandes questões da dignidade da vida humana que interpelam o modelo de sociedade e civilização (a andar para trás, enquanto o conhecimento científico anda para a frente!...).
4. Muitas destas questões têm andado como bandeiras daqui e dali, desta ou daquela “parte”, diluindo-se para o “todo” da sociedade a essência profunda das razões. Algumas intervenções procuram essa “descentralização”, mas os “ouvidos” das comunicações estão bloqueados… Talvez para algumas das argumentações pretenda-se, precisamente até, que as sociedades não tomem consciência do “tudo” que está em causa nessas causas fundamentais. Talvez a anemia do “não compreender” seja favorável como estratégia avançada de certas formas de ler a vida, para quem a liberdade na Verdade e Dignidade Humana pouco interessa. Este é o tempo da “síntese” e das razões profundas onde, mesmo sem estar na “moda”, para além dos pormenores, importa valorizar as causas que valham a pena e que possam unir. Não num mero sobreviver, mas numa vida com sentido. Autocrítica como cidadania do SER precisa-se!
Alexandre Cruz
1. Dos desafios mais importantes da vida será “compreender”. Compreender tudo o que acontece, nas suas várias faces de causas, factos e consequências. Mas para compreender é preciso criar a distância crítica necessária, colocar todos os dados em jogo, “joeirar”, para depois poder considerar de forma mais justa. Dos piores sintomas da falta de autocrítica será o ajuizar sem conhecer, o falar sobre algo sem saber minimamente, o optar sem se situar na pluralidade de caminhos. O focalizar e perder-se num “ponto” sem ler e entender todo um “texto” poderá ser esse sinal da falta de visão de conjunto que não procura compreender a totalidade.
2. Neste âmbito destacaríamos a obra de Maria Manuel Baptista sobre Eduardo Lourenço. O título é sugestivo: Eduardo Lourenço – A paixão de compreender (ASA, 2003). É a visão de um dos maiores pensadores portugueses actuais que estimula a todos realizarmos esse exercício insubstituível da prudência como caminho de sabedoria para nas horas presentes se ir descortinando o melhor futuro possível. Talvez o nosso tempo social não dedique o tempo necessário a este aprofundamento por “porquês” para melhor se ver os caminhos dos “para quês” como construção de ideais.
3. Perguntarmo-nos sobre “o que acontece” é ir às razões profundas e nessa origem procurarmos uma iluminação que desperte a esperança e o compromisso. Uma transversalidade de áreas precisam desta autocrítica que procura “compreender”, a começar por factos tão diários como a diminuição dos compromissos em casamentos (que compromete o futuro, até das natalidades) ou visões tão essenciais como as grandes questões da dignidade da vida humana que interpelam o modelo de sociedade e civilização (a andar para trás, enquanto o conhecimento científico anda para a frente!...).
4. Muitas destas questões têm andado como bandeiras daqui e dali, desta ou daquela “parte”, diluindo-se para o “todo” da sociedade a essência profunda das razões. Algumas intervenções procuram essa “descentralização”, mas os “ouvidos” das comunicações estão bloqueados… Talvez para algumas das argumentações pretenda-se, precisamente até, que as sociedades não tomem consciência do “tudo” que está em causa nessas causas fundamentais. Talvez a anemia do “não compreender” seja favorável como estratégia avançada de certas formas de ler a vida, para quem a liberdade na Verdade e Dignidade Humana pouco interessa. Este é o tempo da “síntese” e das razões profundas onde, mesmo sem estar na “moda”, para além dos pormenores, importa valorizar as causas que valham a pena e que possam unir. Não num mero sobreviver, mas numa vida com sentido. Autocrítica como cidadania do SER precisa-se!
Alexandre Cruz