EUA, mais que uma eleição
1. Já foi dado o arranque para as eleições americanas. Um acontecimento que encherá as páginas dos jornais mundiais mais para o final do ano. Há dias alguns comentadores diziam que 2008 já será um ano bom só pelo facto de W. Bush sair do poder. Efectivamente, a conjuntura dos mandatos do presidente republicano, a dúvida milimétrica da sua reeleição, o avanço do unilateralismo impulsivo sem “ligar” à comunidade internacional como resposta ao 11 de Setembro, a despreocupação ambiental, faz com que o seu nome fique registado na história não pelos melhores motivos.
2. Também ninguém duvida que os dias seguintes ao lunático atentado de Nova Iorque, para qualquer presidente que fosse de qualquer nação, representam um choque a que, inicialmente, o pragmatismo socorrista de Bush revelou alguma lucidez, mas que, todavia, mais a frio, não seria consequente... No final do seu mandato, restará perguntar como teria sido Bush sem o 11 de Setembro? Mesmo para além das ideias e dos tempos de seu pai, teria assinalado o seu mandato com esta impressão digital da “força”, de forma precipitada e despreocupada em actuar sem sentido de comunidade?
3. Como a história não é feita de “ses”, daqui a 20 anos este será recordado como o presidente da potência ferida, o presidente do 11 de Setembro 2001 que deixará por longas décadas essa espinha cravada na garganta americana em que nada fora como dantes; será também o “presidente do Iraque”, o comandante do “atoleiro” americano dos inícios do séc. XXI. Em toda a conjuntura do tempo histórico vivido nesta década, e quer se queira quer não, esta eleição que se prepara em 2008 é muito mais que uma eleição americana. Todos os candidatos falam da “mudança”, o grito de apelo do mesmo povo “guerreiro” que depois dos atentados pediu uma resposta condigna a Bin Laden…
4. De uma forma ou de outra, a mudança virá. Mas se ela consegue recolocar os Estados Unidos num diálogo parcelar com as outras nações na base do direito internacional e no papel determinante das Nações Unidas, é tarefa que pelos “anos perdidos” levará tempo a recompor. A herança é pesada, e, nem que não queira, o próximo(a) presidente dos EUA tem que “carregar” o peso de erradas decisões da administração Bush. Enquanto isso, o mundo vai mudando, o seu centro já é a Ásia. A geopolítica do futuro diz-nos que (historicamente, ganhe Barack Obama, ganhe a mulher Clinton) os contrapesos políticos em oito anos mudaram, e ainda, há que contar novamente com a sedenta Rússia.
5. Uma coisa é certa, como em todas as encruzilhadas, a SABEDORIA será o caminho... Será que também aqui o chamado mundo rico Ocidental está a perder terreno?!
Alexandre Cruz