quinta-feira, 8 de novembro de 2007

ARES DO OUTONO


Cada arbusto, por mais simples e modesto que seja (se é que há arbustos simples e modestos), é um mundo de cores variadas e de formas incrivelmente belas. Como este arbusto do meu quintal, visto em dia claro, como foi o de hoje. Vejam a variedade de tonalidades, de formas, de espaços esparsos por onde se escoa a luz, como que à procura de gente.

Na Linha Da Utopia



FERNANDO VALENTE, A HOMENAGEM


1. É com emoção que estas palavras são escritas. Afinal, a todas as expressões de arte pertence a emoção sensibilizante, essa que nos transporta para uma nova dimensão de recriar o tempo e reinventar as possibilidades da história. Já passaram dez anos, parece que a notícia chocante aconteceu “ontem”. A história da música portuguesa recente regista e assiná-la o nome de Fernando Valente. Uma valentia surpreendente e irreverente inscrita naqueles que habitam o génio, este que, vivendo da superação contínua, não tem quaisquer fronteiras nem barreiras, antes anseia ardentemente por todo o futuro…
2. Aveiro presta homenagem a uma vida que começou em Canelas (Concelho de Estarreja), terra de músicos centenários que respira o ritmo da Banda Bingre Canelense, colectividade fundada em 1865 (com 141 anos de actividade ininterrupta, sendo a associação mais antiga do concelho). O génio nasce (sempre) simples, vivendo e vendo a sua terra, observando as suas gentes e daí retirando o horizonte da aprendizagem, agarrando a decisão de avançar e escalar a paixão musical, trazendo para a ribalta um instrumento pouco animado em Portugal, o Saxofone. Aveiro acolheu o aluno, o músico, o compositor, o docente nos Conservatórios de Música, de Aveiro e de Águeda.
3. Há 20 anos, na linda terra de Canelas, não esquecemos (pessoalmente) a alegria do Compasso Pascal, que ao chegar a casa do Fernando Valente (quando ele tinha possibilidade de estar) a música do seu saxofone genial transparecia esse espírito pascal festivo! Essa sua energia e alegria contagiantes marcaram os dias e os serões de Aveiro. Os bares da cidade, “hoje”, acolhem e celebram a vida daquele que não deixou que a arte cristalizasse na sala de aulas ou no auditório musical elitista. Uma certa “boémia cultural” une-se a uma visão da cultura popular, para todos, não só para alguns, ideal este tão necessário também para a vida das “gentes” contemporâneas e que se encontra bem espelhado na obra de George Steiner (A Ideia de Europa, Gradiva 2005), quando ele diz que “nos cafés e nas avenidas”, aí está inscrita a ideia cultural da Europa das pessoas concretas.
4. Fernando Valente, como que à descoberta, assumiu ser precursor na área musical dos instrumentos de sopro, a coragem de “sair” (para aprender mais), correndo os ares musicais da Bélgica, Espanha, França e Holanda (Amesterdão), cidade que ficará agarrada eternamente ao seu nome no famoso Quarteto de Saxofones de Amesterdão, e que o conduzirá à criação do Quarteto de Saxofones de Aveiro (em 1993). O homem português do Jazz, José Duarte (hoje na Universidade de Aveiro), disse sobre o seu amigo que “morreu fora de mão, em transgressão, como viveu”. José Duarte fala do contra-a-corrente na promoção da cultura musical que foi Fernando Valente, num país onde ela continua tão longe de pertencer à formação dos portugueses. Que outra forma melhor para aprender matemática que pela música?!...
5. Uma região que aprecia e celebra os seus artistas reconhece a sua identidade e cresce na universalidade da cultura e na promoção dos valores fundamentais. É esse o sinal louvável levantado pela Oficina de Música de Aveiro (por ele criada a 1997) e pelo Teatro Aveirense, contando com a parceria apreciável de entidades e colectividades que de norte a sul (e também a Amesterdão) se associam. Será de 9 a 17 de Novembro, com sede no Teatro Aveirense. Participar é engrandecer a música e Aveiro. Com a sua irreverência criativa, e no “lugar” Absoluto da melodia divina, o Fernando está connosco!

Alexandre Cruz

DIAS POSITIVOS

Generosidade dos ricos Diz um princípio clássico da moral que “não basta fazer o bem; é preciso fazer o bem bem feito”. É bom lembrar este princípio, porque de vez em quando achamos que basta fazer o bem. (São Paulo dizia que pregava a propósito e a despropósito. Os tempos eram outros. Hoje, pregar a despropósito é capaz de servir mais para criar anticorpos do que para fazer o bem). Esta reflexão provocou-a uma notícia dos jornais. A Câmara do Porto ofereceu um camião de recolha de lixo à cidade da Beira, Moçambique, e esta recusou-o. E com toda a razão. Então não é que o camião tem 25 anos, precisa de muita manutenção e, ainda por cima, tem o volante à esquerda, quando em Moçambique as viaturas devem ter o volante à direita (conduz-se à inglesa)? Os moçambicanos podem ser pobres, mas não são tontos. Fez-me lembrar que em tempos a tropical Guiné-Bissau teve navios quebra-gelos, oferecidos pela União Soviética… Só lhe faltava o Pólo Norte. Navios já tinha. Como escrevia um jornal moçambicano por estes dias, alguns países da Europa parece que querem transformar a África num depósito do lixo. Esta reflexão de outras geografias pode ajudar-nos a olhar para a nossa realidade. Quando a Diocese de Aveiro dedica o seu plano pastoral aos mais pobres e muitos cristãos o assumem, não devemos esquecer que não basta ser generoso. Há uma dignidade absoluta do pobre. E é preciso saber ser generoso.
J.P.F.
In Correio do Vouga

Semana dos Seminários

DAR VIDA AO SEMINÁRIO

"Dar vida ao Seminário, implica e pressupõe a oração intensa de toda a Comunidade Diocesana, o afecto e a generosidade que as várias iniciativas pastorais e o ofertório da Semana dos Seminários sugerem, revelam e exprimem.
Na medida em que a comunidade do Seminário seja sinal vivo de Cristo que chama novos discípulos e deles faz apóstolos do Reino, o próprio Seminário ajudará as famílias, os grupos, os movimentos apostólicos, os serviços pastorais diocesanos e as Comunidades cristãs a serem, também eles, sinais de salvação para o mundo e lugar vocacional por excelência."


Nota Pastoral do Bispo de Aveiro

AÇORES: Ilha de S. Jorge

Uma sugestão de férias 



A tranquilidade quase perfeita, sob o ponto de vista físico e emocional, pode ser usufruída em Fajã do Ouvidor, na ilha de S. Jorge, Açores. Esta sugestão de férias não é, obviamente, para quem gosta de folias e de barulho, nem para quem gosta de regressar a casa mais cansado do que quando partiu para gozar um período de descanso, longe da azáfama do dia-a-dia. É para os que acreditam que a paz interior e a fuga temporária à rotina também são importante. Para barulho e canseiras temos o resto do ano.

Francisco Sarsfield Cabral no CUFC

Clicar na imagem para ver melhor



GLOBALIZAÇÃO, ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO HUMANO
:
Francisco Sarsfield Cabral, director de Informação da Rádio Renascença e conhecido jornalista, especializado em assuntos económicos, vai estar no CUFC no dia 14 de Novembro, pelas 21 horas. Falará sobre o tema "Globalização, Economia e Desenvolvimento Humano", mas também estará disponível para responder às questões, postas pelos presentes, suscitadas pela sua intervenção.

Na Linha Da Utopia




AS (RE)VOLTAS DA REVOLUÇÃO RUSSA

1. Foi há 90 anos que ocorreu a chamada Revolução Russa. Após uma série de acontecimentos políticos nesse ano de 1917 que marcariam decisivamente o séc. XX, resultou a eliminação dos Czares e depois do derrube do Governo Provisório (Duma), e, por fim, a instauração do poder soviético bolchevique. Os objectivos estavam conseguidos: a criação da União Soviética (que duraria até 1991), pouco tempo depois do momento marcante que abre a “globalização” (com a “ponte” de João Paulo II) da abertura do Muro de Berlim (1989). Recuperando a história, a revolução Russa (1917) teve duas fases distintas: em Fevereiro (Março no calendário ocidental), o derrube da autocracia do (último) Czar Nicolau II (1894-1917); em Outubro (Novembro no Ocidente, a chamada Revolução Vermelha), o partido Bolchevique, liderado por Lenine (1870-1924) derruba o poder provisório e impõe o governo socialista soviético.
2. As motivações da referida revolução, como no fundo de todas as marcantes revoluções ao longo da história humana, terão sido a prévia concentração dos poderes. No chamado Império Russo, até 1917, reinava a monarquia absoluta dos Czares, poder sustentado pela nobreza rural que era dona da maioria das terras cultiváveis. Com a abertura (possível) dos czares Alexandre II (1858-1881, assassinado) e Alexandre III (1881-1894) à Europa Ocidental, a Rússia monárquica acolhe um desenvolvimento industrial que cedo viria a revelar as problemáticas da exploração no mundo trabalho. Eis o terreno favorável para a criação de novas correntes políticas ocidentais que chocavam com o velho absolutismo, surgindo neste contexto, sob inspiração de Marx (1718-1783), o Partido Operário Social-Democrata Russo. Este, na sua vertente bolchevique, viria a tomar o poder instaurando a União Soviética, e legando no séc. XX páginas de indigna história totalitária (a par de outras).
3. A história não pode ser apagada. Como esta da Rússia, em tantas revoluções, o absolutismo que se derruba é o poder absoluto que se levanta pela sua própria ideologia. Trágica limitação humana habitual da imposição das ideologias que apaga a liberdade de consciência... Ainda, mudam-se os tempos e os líderes vão mudando a “cor da pele”, tantas vezes, no seu oportunismo escancarado… Ou que dizer quando líderes da “cor” afirmam claramente que «hoje, só se pode ser comunista a partir de uma rejeição profunda do que foi a herança do comunismo na URSS, que foi um projecto conspurcado, uma tragédia» (Público, 7 Nov., 4.P2). Então, afinal?! Tantas vezes a história tem sido construída não por convicção mas por reacção, uma história contraditória. E se o argumento da revolução russa foi «a injustiça social, as desigualdades na distribuição da riqueza e exploração dos homens pelos outros homens» (id), então esta mesma ideia tem alimentado tantas revoluções, mas em que esses vitoriosos e defensores da causa acabam por viver o contrário da doutrina, impedindo a verdadeira justiça e igual dignidade.
4. Uma distância entre o discurso da “ideia” e a realidade prática enferma uma evolução saudável e positiva, e tem feito das “revoluções” um cavalo de batalha mais elitista que de serviço ao bem social de todos. Que novas revoluções estarão em gérmen? E quando os cidadãos se aperceberem a sério do seu poder? E como os antigos donos da revolução vão travando a nova? Que história (humana?) esta!


Alexandre Cruz

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