sábado, 6 de outubro de 2007

Na Linha Da Utopia



Será a Europa um Estádio?

1. Um jogo de futebol bem jogado é interessante! Com equipas que aliem a táctica ao desportivismo de forma enérgica, audaciosa mas saudável, é fenómeno que motiva e trás consigo um entretenimento que contagia as cidades e a, também saudável, emoção pública. Na generalidade, quem não gosta de ver o clube da sua cidade ou do seu país, no justo respeito pelas regras do jogo, a vencer um bom jogo de bola?! (Dizemos, na generalidade…)
2. Mas há muito que o futebol deixou de ser esse jogo em campo, nas quatro linhas, sendo na actualidade um autêntico império comercial. E quando se chega a este ponto, a tentação de vencer a todo o custo vai crescendo, multiplicando todas as redes de contactos, publicidades à frente, fusões e confusões, tendo nos “apitos da corrupção” o seu ponto alto de um estado de sítio que parece tornar-se numa grande “ilusão mentirosa” com que se convive pacificamente. Haja adeptos que não pensem no que está por trás de tudo isto, mas que gritem e, sabe Deus como, sem condições, deixam até a família e a vida para trás para depositar toda a esperança na vitória (vir) para a frente!
3. Bem mais que o jogo em campo, o futebolismo europeu (qual movimento político ou religioso com os seus símbolos e os seus seguidores, onde quer que o clube vá!), fez de um desporto um jogo económico que vive fora do próprio campo relvado. É um facto! Que o digam a multidão dos que vivem à sombra da bola, por exemplo, os empresários de jogadores (que enriquecem num já) e os comentadores e jornalistas (que fazem toda a exegese e analítica, tantas vezes do “nada” fazendo a notícia) e as própria televisões (que hoje atingem proporções inimagináveis).
4. Quando em excesso, acaba por tal fenómeno ser o centro da vida, “onde estiver o teu tesouro, aí está o teu coração!” Muitos corações sofrem a vitória ou a derrota… A presente Liga dos Campeões Europeus atingiu um patamar sem precedentes na história europeia. Com aspectos bons, tal como o encontro de grande cidades europeias que hoje “combatem” no terreno futebolístico (ainda bem!), mas com um megaescândalo económico que ultrapassa todas as regras da razão económica. Jogadores a 30 milhões de Euros?! A tal preço muito farão pela Humanidade! Mau investimento, é o que está (mal)! Desporto já há pouco, olheiros muitos, a ver qual a seguinte jogada $! Quem diria que na Europa chegávamos a isto?! Sobreviverá a Europa sem futebol? UEFA = UE?!

Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 42


A TERRA DO ANJO

Caríssima/o:
Falamos nós de JOC…
Pois bem, a Gafanha ficou certamente nos anais desse movimento já que vários de nós fomos responsáveis a nível da Diocese de Aveiro. Para além de outras funções, foram presidentes diocesanos: Manuel Eduardo Ribau, António da Rocha Vareta, Manuel Olívio da Rocha, Manuel Fernando da Rocha Martins, João Gandarinho Ramos e João Gandarinho Fidalgo. Na pessoa destes rapazes fica a minha homenagem e a minha saudação amiga a todos aqueles que passaram pela sede da Residência Paroquial e que, para além das nossas brincadeiras de juventude, muito nós fomos ajudando a crescer e, quiçá, a tornarmo-nos mais responsáveis. E passemos hoje pela Terra do Anjo…
Sabem qual é a Terra do Anjo?
Pois vejamos a lenda que nos pode dizer alguma coisa sobre esta questão. Vamos até à margem direita do Vouga, a duas léguas da cidade de Aveiro. Aí, há muitos anos, existia uma pequena aldeia de pescadores que trabalhava nas águas do rio.
E nessa comunidade havia um homem, já entrado na idade que nunca casara e vivia no sofrimento de não ter um filho a quem ensinar a sua arte e fosse a sua companhia no fim da vida.
A lenda não lhe guarda o nome mas regista que se tratava de uma pessoa extremamente devota a Nossa Senhora. Assim, constantemente lhe dirigia orações, por entre as quais lhe pedia um filho, nascesse este de mulher com quem casasse ou criança abandonada. Às vezes, desencantado com a falta de resposta de Nossa Senhora, dirigia as suas palavras ao rio, seu íntimo no quotidiano. E uma manhã, levando o seu barco de um lado para o outro, o pescador viu uma caixotinha a boiar nas águas, e dentro dela chorava uma criança. Doido de contentamento, agradeceu a Nossa Senhora, interrogando-a sobre o que ela queria em troca, naturalmente ela não lhe respondeu.
Assim o rapaz foi crescendo, aprendendo a vida com o velho pescador, que arranjou outro ânimo para encarar a vida. Toda a gente andava admirada com a felicidade daquela nova família! Porém, a partir de determinada altura, uma nuvem cinzenta começou a pairar nos olhos límpidos do rapaz. É que ele queria saber como é que viera ao mundo. Quem era sua mãe? E seu pai? A história, aliás verdadeira, do seu aparecimento nas águas, contada pelo velho pescador, não o consolava. Ele queria ser como os outros. E não conseguia. Num esforço para desanuviar a existência do seu rapaz, o velho pescador do Vouga levou-o com ele à cidade e foi falar com um padre que tinha fama de muito sabedor. Mas há casos em que os saberes não servem para nada. E ao padre apenas lhe serviu certa sabedoria no trato, mandando para casa os dois pescadores, recomendando-lhes que pensassem noutra coisa. Terá também dito que muitas vezes são insondáveis os desígnios do Altíssimo…
Bem, a vida continuou e, um dia, um clamoroso dia, soltou-se uma epidemia que começou a dizimar a população das margens do Vouga. O rapaz, mostrando a generosidade aprendida com o seu velho pai, atendeu aos doentes. Porém, por desgraça, também ele foi apanhado pela terrível doença. Prostrado no leito, a seu lado tinha o velho a lamentar-se de o ver naquele estado, que piorava em cada dia. E o pai voltou-se de novo para Nossa Senhora, implorando-lhe que lhe salvasse o filho. E à voz do ‘valei-me’, entrou no quarto uma mulher envolta em neve, dizendo: ‘Aqui estou’! Era Nossa Senhora das Neves, dizendo que vinha buscar o rapaz para a sua corte de anjos.
Assim como o dera, o levava para um lugar de glória, reservando-lhe a função de anjo da guarda daquela terra. Que terra? Angeja.” [V. M., 5]
E pronto, fiquemos por aqui que a gasolina da motorizada não nos leva mais longe, por hoje!


Manuel


Nota: De terras sem acentos nem cedilhas, veio a colaboração habitual do meu (nosso) amigo Manuel. Espero ter feito as correcções devidas. Se não aconteceu, estarei sempre a tempo de pôr certo o que está mal.

FM

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Falta de higiene em Hospitais

ASAE EM GRANDE A ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) está em grande momento de intervenção, na defesa dos interesses das populações, ao nível da segurança alimentar e económica. Notícias frequentes dão conta das suas inspecções e consequentes decisões, sem contemplação. Desta feita ousou entrar, e bem, em lugares onde seria normal haver muita higiene. E o que aconteceu? Detectou falhas na higiene em três cantinas e num bar hospitalares. Vejam só! Claro que foram logo encerrados, até se encontrarem em condições legais, isto é, respeitando as normas exigidas para estabelecimentos desta natureza. Sabe-se agora, conforme revelou o PÚBLICO, que 23 por cento dos Hospitais Públicos só fazem controlo microbiológico da alimentação de três em três meses, o que me parece, a mim leigo, um pouco estranho, já que nos estabelecimentos de Saúde não devem faltar meios para fazer análises com mais frequência. Penso que estes quatro casos serão uma pequeníssima percentagem dos Hospitais portugueses. Mas serão o suficiente, para, a partir desta intervenção da ASAE, todos começarem a olhar para a higiene que deve existir em toda a parte, em especial nos locais onde se cuida da saúde de muita gente.

Um artigo de D. António Marcelino

VALORES REPUBLICANOS E COLABORAÇÃO NO BEM DE TODOS

Políticos e intelectuais laicos referem-se frequentemente aos valores republicanos para justificar juízos, atitudes e acções, marcados pelo laicismo agnóstico ou na linha de fidelidade a objectivos sociais e políticos de associações laicas, antigas e modernas.
Se por “valor”, seja ele republicano ou monárquico, se continua a entender aquilo que vale sempre e para todos, sem excepção, ainda bem, tanto mais que a sobreposição pública de interesses pessoais e de grupos, vai tornando tudo relativo e a tudo faz perder a consistência de objectivo e de universal. Chega-se à conclusão de que já nada vale, a não ser o que interessa a cada um. Esta erosão atinge também os valores morais e éticos que determinam o viver em sociedade e os comportamentos necessários para uma vivência mútua, serena e construtiva, quem quer que seja que os propõe ou defende.
Normalmente quando se fala de valores republicanos dá-se como matriz a Revolução Francesa, com a proclamação da trilogia que lhe está historicamente associada: igualdade, liberdade fraternidade, não se esquecendo o valor da tolerância.
Os revolucionários não foram inovadores. Viviam na Europa, no seio de uma cultura com raízes cristãs e judaicas e os valores propostos eram património desta cultura, embora as contingências históricas por vezes os ocultassem onde eles deviam ser testemunhados com maior clareza e eloquência. As tensões provocadas pela Revolução, com o ódio programado contra a Igreja, bem como as desconfianças e atitudes negativas desta em relação ao que se proclamou como se fosse novo e sem paternidade e apenas fruto da ideologia reinante, explicam estas tensões e a sua continuação histórica.
Não fora o propósito de apagar a história e fazer dela uma leitura enviesada, e as coisas não tinham tomado o rumo que ainda hoje acoberta, com iguais sentimentos, muita gente por essa Europa fora. A discussão das raízes culturais cristãs da Europa, ainda que não únicas, faz-se a partir de uma leitura liberta e realista da história e nunca terá valor sério quando feita pela pré determinada direcção que se pretendeu impor-lhe. O redactor da proposta de uma constituição europeia, um francês de renome que vai ser aí recebido e homenageado por um bem concebido aparato ideológico, pensa que a Europa moderna se deve encontrar consigo mesma, rejeitando as suas raízes cristãs e explicar-se a si própria à luz dos valores republicanos que lhe dão forma e consistência.
A constituição deixou de o ser e tenta-se agora um simples tratado, que salve a situação e mantenha o mesmo silêncio em relação ao essencial. Esta pobreza, numa tão apregoada cidadania, pôs de parte a verdade histórica e alimenta-se de conveniências políticas e arranjos diplomáticos; vai mutilando as leis que deixaram de se orientar para o bem comum que é a sua razão de ser, para favorecer interesses diversos; vai deteriorando as relações humanas e sociais, europeias e internacionais, cedendo a pressões e a promessas; já não fala dos direitos humanos na sua globalidade e integralidade, porque as pessoas valem hoje menos que os resultados económicos, sempre prioritários e aglutinadores.
Afinal, da igualdade, da liberdade e da fraternidade, bem como da tolerância, menosprezada a matriz cristã que lhes pode dar consistência e sentido de universalidade, pouco pode restar. Ficará daí apenas a bandeira de apoio para os que, caídos no vazio cultural ou na intolerância odienta, mais não fazem do que destruir, por campanhas sem sentido de cidadania ou por perversão desta, tudo o que vai contra os propósitos de um determinado laicismo agnóstico?
A verdadeira laicidade respeita a autonomia e defende a inter-relação e a comunicação construtiva em todos os campos em que as pessoas se situam e sempre a favor destas. Não falta gente sensata que vê que este é o verdadeiro caminho. Dizer que “todos devem ser respeitados” exige o contributo dialogado de todos para que assim seja.
Isso não acontece quando, por falta de respeito às pessoas e ao legítimo pluralismo, se persegue quem sempre as defendeu, deitando mão de mentiras publicadas e de defesa de leis redutoras, impostas sem critérios do melhor bem que se tornam uma afronta dispensável a cidadãos deste país democrático.

António Marcelino

Claques de futebol


QUEM CONTROLA AS CLAQUES DO FUTEBOL?

É público que uma claque de futebol, os “SUPERDRAGÕES”, está a contas com a Justiça. Problemas de contrabando, segundo a comunicação social, estarão na base de algumas averiguações e detenções. A violência também costuma marcar comportamentos menos correctos nesta claque e noutras, aparentemente gozando da complacência das direcções dos clubes que elas apoiam.
Confesso que tenho alguma dificuldade em compreender certas atitudes demasiado agressivas das claques de futebol. Aprendi que o Desporto, em geral, é uma escola de virtudes e que ganhar, empatar e perder fazem parte do jogo, o qual deve ser, no fundo, uma festa e não uma guerra sem regras nem leis.
O que se vê hoje, em muitos campos de futebol, em especial, é que as claques, normalmente, têm como padrão comportamental a violência gratuita e estúpida, obviamente sem qualquer respeito pelos adversários e pela ética desportiva.
Geram nos campos e fora deles um clima ofensivo das boas normas das relações humanas, sendo conhecido que até pacatos cidadãos, quando integrados numa qualquer claque, perdem as estribeiras, ignoram as mais elementares regras da boa educação e ofendem tudo e todos, em nome dos clubes que apoiam cegamente.
Triste é pois o facto de ver que os dirigentes dos nossos clubes ficam indiferentes a estes desmandos, muitas vezes sem qualquer palavra de condenação perante actos que pessoas de bem têm de condenar.
Que fique claro, contudo, que aceito as claques organizadas, mas também acho que deviam ser estabelecidas regras para a sua existência, enquanto grupos de adeptos que se preparam para incitar os seus clubes. E quem não cumprir, que sofra as respectivas consequências.
Afinal, o desporto não é para sermos mais felizes?

FM

Na Linha Da Utopia


DIA MUNDIAL DOS ANIMAIS

1. Os dias assinalados existem quando para “todos os dias” importa uma renovada tomada de consciência de determinada causa. 4 de Outubro é dia de São Francisco (1881-1226) e, nessa linha de uma unidade de respeitabilidade biouniversal, com “todas as criaturas”, como Francisco gostava de dizer; assim, 4 de Outubro é também o Dia Mundial dos Animais.
2. Que seria das nossas cidades sem uma atenção constante a esta dimensão da protecção dos animais? Será que só damos o devido reconhecimento (queixoso!) e consequente apoio na hora do acidente? Em São Paulo do Brasil, hoje, constata-se o drama de mais de 200 mil cachorros abandonados na cidade. Mas não é só lá longe que o drama existe.
3. No último verão, em Portugal, o abandono de animais atingiu todos os recordes. Por trás desta realidade, mesmo para além da crise económica, continua a persistir um défice de formação cívica que abranja a totalidade das dimensões e das relações das pessoas com a natureza e com as coisas. Ou então, que dizer de quem despeja o cão ou gato para a rua? E ainda, afinal, de quem é a rua pública?!
4. É dramática, e no fundo reflexo de como se sente a vida, a “coisificação” a ponto de que quando apetece (tudo bem!) queremos um cão ou um gato, já quando não apetece (ou custa algo) deita-se fora. É isto mesmo que acontece, e numa mentalidade tal em que a rua comum, em muitos destes gestos (e em mais um verão passado), é esse balde de lixo comum. Que o digam as heróicas pessoas que, contra ventos e marés, e ainda em Portugal sem a devida “protecção”, correm mundos e fundos nesta causa.
5. Ainda: à mudança de mentalidade não caberá a ideia de que é preciso esperar pelo cumprimento dos Direitos Humanos para depois, então, avançarmos pelos Direitos dos Animais (da Europa). Quando assim se pensa, “adiadamente”, nem uma coisa nem outra (sendo pressuposta a hierarquia de verdades). Há hoje uma reconhecida (na teoria) transversalidade que nos diz que todas as causas são iceberg da causa essencial: a ética global dos seres humanos.
6. Neste esforço colectivo, as entidades (sociais, políticas e educativas) só podem agradecer e corresponder eficazmente a quem dá o seu tempo de vida a cuidar de uma problemática de todos: a protecção e qualidade de Vida Animal. Antes que seja mais tarde, porque já o é!

Alexandre Cruz

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Relações com Deus


NÃO ACHO BEM NEGOCIAR COM DEUS

“Rezo todos os dias, mas nunca fiz promessas, nem farei, porque Deus não é subornável”

Nicolau Breyner,

In “Tabu”,
revista do semanário “SOL”
:
Nicolau Breyner tem razão. Há muita gente que olha para Deus como se olha para um negociante. Se me deres saúde, vou à missa ao domingo; se eu sarar, farei mais caridade; se me sair o Euromilhões, darei uma boas esmolas às instituições de solidariedade social; se… se… se…
Pois é verdade. Este relacionamento, ou negócio, com Deus dá mostras de que há gente que ainda não descobriu o Deus-Pai que não tem nada de negociante, isto é, não tem nenhuma apetência, julgo eu, para agir em função do que possa receber em troca.
A oração-negócio está muito enraizada entre os crentes, que atiram para plano secundário a oração-adoração, a oração-agradecimento e a oração-petição, esta última sem o triste espírito de promessa de dar qualquer coisa, em troca do que se deseja receber da bondade, que é o próprio Deus. Não vejo mal nenhum em pedir seja o que for a Deus. Mas, de facto, não acho bem negociar com um Pai que tudo nos pode dar, em função do que necessitamos. Se os pais terrenos dão aos filhos o que lhes faz falta, sem que nada lhes seja pedido, muito mais dará Deus-Pai a todos os seus filhos. Até, porventura, àqueles que nem para Ele olham.

FM

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