quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Festas religiosas





A CULTURA DEVE ESTAR PRESENTE

A propósito das festas em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, que se realizaram no último fim-de-semana, foram publicadas duas pequenas brochuras que reputo de importantes. Importantes porque, para além do que é habitual em festejos semelhantes, nos oferecem elementos culturais que enriquecem quem os lê. A primeira brochura tem por título “MAR e RIA abraçam SANTA MARIA” e a segunda “FESTAS EM HONRA DE Nª SRª DOS NAVEGANTES”.
Na primeira, o leitor tem acesso a diversa informação histórica: “A Ria e a Barra”, “De Ovar a Mira em Terras de Santa Maria”, “A Lenda das origens de Santa Maria de Vagos”, “Devoções Populares”, “Da Nossa Senhora da Nazaré à Senhora dos Navegantes”, “Outras Devoções Marianas” e “Hoje, nós…” são os capítulos que nos oferecem alguns pormenores de grande interesse histórico. Bem ilustrada é um pormenor a ter em conta, o qual nos leva a uma iconografia que nem todos conhecemos.
Na segunda, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré oferece-nos um pequeno mas elucidativo historial dos grupos e ranchos folclóricos que se associaram à festa, participando na procissão, na Eucaristia e, depois, no festival de folclore.
Penso que é de sublinhar a relevância destas brochuras. São documentos que ficam para a história das comunidades, tanto por relataram para a posteridade o que se fez e com quem, como por nos disponibilizarem pormenores e relatos que nos foram legados pela história, escrita ou oral. Com isto, mais se valorizam as festas religiosas e outras. Ficar-se somente pelo trivial, muitas vezes com artistas (?) e música de fraca qualidade, acho que se está a perder tempo e a gastar dinheiro em vão.

Fernando Martins

Na Linha Da Utopia

Código Penal e…? A 15 de Setembro entrou em vigor a revisão do Código Penal. O alarme foi dado com o facto de muitos presidiários preventivos verem, agora, as portas abertas, podendo regressar à sociedade. São membros de pleno direito da comunidade e o seu regresso, matéria tão complexa quanto geradora de múltiplos sentimentos, é um facto. Estarão preparados? Estará a sociedade portuguesa preparada? Que preparação, renovação de vida e reabilitação pessoal, tem a pessoa presidiária nos estabelecimentos prisionais? Sem ‘afunilar’, em matérias de grande amplitude (tratando-se de área de especialidade de extrema complexidade), destaque-se que a revisão do Código Penal, reforça a protecção de vítimas indefesas, de menores e dos crimes sexuais; torna crime o tráfico de pessoas para exploração sexual, a exploração do trabalho ou a extracção de órgãos; também o combate aos crimes contra o ambiente e incêndios florestais sai reforçado. Ainda, lá está contemplada a burla, corrupção e a responsabilidade penal das empresas, sociedades civis ou comerciais, face a um vasto conjunto de crimes previstos no código. Mas, indo ao centro da questão, destaque-se que no Código são aumentadas as penas alternativas à prisão (até um ano em regime de permanência na habitação, com vigilância electrónica), e mesmo é previsto o alargar da aplicabilidade da substituição da prisão por trabalho a favor da comunidade. Na generalidade, boas notícias, assim exista uma preparação social consciente da parte de todos os actores envolvidos. E é aqui que o assunto fica “torcido”! Todas as previsões são o ideal apontado que pressupõe a plena consciência de presidiário, instituições e sociedade. Que bom seria que esse mundo existisse! (E como o preparamos?!) Entre tudo se poderá dizer ou não considerar em assunto tão complexo, parece, todavia, que uma área continua por merecer a preocupação essencial: como reabilitar a pessoa presidiária? A este respeito talvez a revisão do Código Penal manifeste mais uma preocupação criminal que a visão de justiça como pedagogia. Não seria possível mais e melhor? Alexandre Cruz

JARDIM OUDINOT

SERÁ DESTA VEZ?

Já nem sei há quantos anos se prometeu a requalificação do Jardim Oudinot. Só sei, e disso tenho a certeza, que as primeiras promessas vieram aquando da apresentação dos estudos para a implantação, nos locais onde hoje estão, os Portos Comercial e de Pesca Costeira. Nessa altura, para tranquilizar as populações, foi dito que o velho Jardim Oudinot ficaria com alterações significativas, que lhe dariam grande dignidade. Os tempos foram passando, tal como foram adiando as obras naquele espaço. Ficou assim até hoje.
Agora vem a certeza, ditada pela Câmara Municipal de Ílhavo, de que as obras sempre vão por diante. Ali, naquele local de tantas tradições para as gentes da Gafanha da Nazaré, e não só, vão ser aplicados mais de três milhões de euros. Ficará uma zona de lazer e de convívio. Jardins, iluminação pública, parque infantil, mais a reabilitação da ponte das Portas d'Água, ancoradouro e demais ornamentos darão, de facto, mais vida àquela zona. Garante-se que no Verão do próximo ano teremos o velho Jardim Oudinot com outra cara. Estou confiante.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Um artigo de António Rego

UM BOM COMBATE
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As contas de Deus são sempre diferentes das nossas. Temos a certeza de que Ele não se engana e que nós sabemos pouco de ajustes finais do tempo e da eternidade. Mas neste caso não perdemos muito com saber pouco. Podemos celebrar as zonas do desconhecido como uma dádiva silenciosa e íntima de Deus. Não sabemos a quem nem como chega a semente. Nesta matéria a televisão, como meio massivo, também nos ajuda. Apesar das contagens comerciais das audiências, também não sabemos com rigor quem está do outro lado, o que vê, o que sente, o que colhe, o que rejeita.
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Na Linha Da Utopia

Um Curso compensa Há algum tempo pairou no ar a ideia de que acabaria por não valer a pena tirar um curso, pois as dificuldades do mercado de trabalho para os recém-formados apresentar-se-iam como uma garantida certeza. Esta ideia (de certa forma cómoda, a combater) é um puro engano de quem quer ver a realidade com olhos de passado (e não de futuro), e de quem esperaria o milagre fácil da ligação directa curso-trabalho. Por estes dias muito tem sido sublinhada (oportunamente, em início de ano escolar) esta certeza firme de que estudar mais cria mais possibilidades de futuro pessoal e profissional, abrindo novas perspectivas à vida. Esta pedagogia social de um Curso como uma “ferramenta” para toda a vida, mas numa dinâmica de contínua aprendizagem e formação permanentes ao longo de toda a vida, torna-se hoje um imperativo (sempre a sublinhar), sendo mesmo talvez a única alavanca de transformação da comunidade social. As coisas são claras: nesta sociedade global do conhecimento (onde ele é o motor de tudo), da informação e comunicação, ou essa aptidão polivalente, visionária e comprometida existe cada dia ou o comboio passa e ficaremos em terra. Os dados estão aí. O recente Relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) confirma esta urgência de considerar o estudo e o curso como eixo determinante do desenvolvimento de um país. Mais, Portugal, da União Europeia, é o país onde um curso mais compensa. Talvez teremos, na aperfeiçoada mudança de mentalidade, de fazer bem alto a “publicidade” desta ideia de que mais formação é garantia de uma vida melhor, ela pode ajudar combater o abandono escolar e o abstencionismo da participação social. Mas, há vida para além do curso! Quanto mais for o horizonte de cultura, de valores e de polivalência, mais cidadão e melhor profissional teremos. Assim seja! Alexandre Cruz

Menos erros e mais gramática no Português

Carlos Reis dá conselhos
para melhorar
o ensino do Português
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Não admitir erros de português, reintroduzir o ensino da gramática na aprendizagem da língua e integrar textos literários nas aulas. Estas são algumas das recomendações resultantes da Conferência Internacional sobre o Ensino do Português, que reuniu mais de 500 especialistas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, entre 7 e 9 de Maio. O conjunto das recomendações foi elaborado pelo comissário da conferência, Carlos Reis, e foi ontem tornado público pelo Ministério da Educação.
"Nos últimos anos, cultivou-se no nosso sistema de ensino a ideia de que o erro é não só tolerável, mas também criativo, do ponto de vista do processo de aprendizagem", escreve Carlos Reis. Esta "atitude permissiva" foi bastante criticada na conferência, mas não é admitida por Edviges Ferreira, vice-presidente da Associação de Professores de Português (APP): "Nem pensar, não há qualquer permissividade. Nos exames os erros são penalizados e os alunos sabem disso", contrapõe.
Apesar de ainda não haver uma posição oficial da APP sobre as recomendações, esta professora diz que elas são "legítimas e compreensíveis, embora algumas um pouco polémicas" - refere-se à longa discussão sobre o uso de textos literários no ensino da língua. De resto, e como o texto sublinha, estas recomendações não passam disso mesmo - conselhos que "caberá aos agentes políticos" interpretar e usar. Ou não.
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Luta contra o tabaco



HÁ QUEM LEVE ISTO A SÉRIO
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Há dias, ao passar por uma zona turística, na Figueira da Foz, encontrei este aviso à entrada de um restaurante. Aqui não há meias tintas: não se pode fumar nem se vende tabaco. Entre parênteses, pode ler-se que o restaurante aderiu ao plano de desabituação.
Para além dos avisos frios, fiquei a perceber que há uma preocupação de contribuir para a luta contra o tabaco. Não falei com ninguém, mas é natural que se aceite a ideia de que um vício como este tem de ser combatido não tanto pela simples proibição, mas sobretudo pelo esclarecimento.
Formulo votos de que a campanha antitabágica passe por contributos que levem os fumadores a reconhecer o perigo real do tabaco.