domingo, 13 de maio de 2007
Festa das Famílias
TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 23
Caríssima/o:
«Estão estas terras e populações de Vagos, desde 1385 a 1854 – quase 500 anos – sujeitas ao domínio déspota e autoritário de fidalgos, nobres e senhores que usufruem dos bens e rendas em proveito próprio, administram a seu bel-prazer a justiça em demandas e crimes, e mantêm as famílias trabalhadoras em humilhante subserviência e total obscurantismo, desprovidas de condições mínimas de higiene e apoio sanitário. Esta longa e sofrida história abre em 14/05/1385 com a doação de D. João I a João Gomes da Silva, primeiro senhor de Vagos, para encerrar em 14/03/1854 com a morte de D. Maria José da Apresentação Pedro Regalado Baltazar do Pé da Cruz da Silva Telo de Meneses Corte-Real de Noronha, 18.ª senhora e 4.ª Marquesa da Vila de Vagos.
Estranham com justíssima razão os historiadores que em nossos dias não haja quaisquer resquícios, no âmbito da arquitectura, que atestem a presença e o domínio de tais fidalgos e senhores em terras de Vagos. No entanto, por ironia, diz a lenda – provavelmente a menos conhecida mas a mais tenebrosa – que a imagem de Santa maria solta gritos lancinantes, chorosos, carregados de revolta, que ecoam, terreiro além, pelos casais adentro. Porquê? Cumprindo ordens loucas de ignaro senhor destas terras e gentes, os criados, empunhando escopro e maceta ou serra dentada, mutilam irreparavelmente a escultura com especial incidência na parte posterior ao nível da cintura, serram as pernas do Menino por sob os joelhos, decepam a mão e o antebraço direito da Senhora, devastam a coroa de rainha que lhe ornava a cabeça, com o objectivo condenável de os revestir de roupa interior, cabeleira, vestido e capa.
Esta agressão rude, ignóbil, contra a jóia mais preciosa do património artístico ali conservado, só pode ter acontecido entre os finais do séc. XVI – data do início do revestimento a panos das esculturas na Igreja – e o término do domínio da nobreza entre nós (1854).
Os gritos que ecoam, pungentes e aflitivos, até ao mais fundo do coração dos devotos, exprimem corajosamente a revolta e a condenação do vil atentado contra uma obra de arte que deve ser preservada com carinho e não grotescamente mutilada.»
Aqui deixo a minha homenagem a este e a tantos outros sacerdotes que nos têm ajudado a ler a História das nossas Terras!
E se me permite, secundarizo o seu “grito”, alertando os nossos Amigos para que não rasguem ou queimem nenhum papel ou livro, por mais velho, amachucado ou maltratado, desde que tenha algo da vida dos nossos Antepassados. Se possível, conservem alfaias, ferramentas, utensílios, construções; antes de destruir, fotografem, copiem, peçam opinião... A quem?!... Vá lá, ao Grupo Etnográfico...
Todos ficamos a ganhar!
Um artigo de Anselmo Borges, no DN
Aí, perguntei-lhe se tinha filhos. E ela: "Sim, tenho duas filhas." Dei-lhe parabéns sinceros e desafiei-a a dizer-me se acreditava sinceramente que as duas filhas tinham sido geradas em pecado e que ela tinha andado nove meses de cada vez carregando com duas filhas em pecado dentro dela. Ela: "Nem pense nisso! É claro que não."
Fiquei então, mais uma vez, a saber que, frequentemente, há na religião o que se chama dissonância cognitiva: afirma-se uma coisa, mas realmente não se acredita nela, porque se pensa outra coisa. Aquela senhora, confrontada com a questão, viu claramente que não podia acreditar que uma criaturinha inocente, concebida com amor, tivesse sido gerada e tivesse nascido em pecado, um pecado de que não era autora nem culpada. Mas ao mesmo tempo acusava de heresia quem dissesse o contrário do que lhe ensinaram que devia dizer, sem pensar. Ora, a fé não pode entregar-se à cegueira, abandonando a razão.
O pecado original não se encontra na Bíblia. Segundo o exegeta Armindo Vaz, a "transgressão" mítica de Adão e Eva "não implica um juízo de ordem ética ou moral nem permite a sua interpretação como 'pecado', 'falta' ou desobediência moral". Como foi possível essa interpretação moral, se, na lógica dos mitos de origem, a natureza humana ainda estava em processo de criação e as acções do casal primordial são precisamente para "complementar a criação da sua condição humana: 'comer da árvore do conhecimento' (aquisição do conhecimento), cobrir a nudez (aquisição da civilização), sentença divina, decreto de morte e expulsão (aquisição da condição de sofredor, mortal e trabalhador)"?
Já o filósofo Hegel tinha interpretado a saída do "paraíso terreal" como a passagem da animalidade à humanidade. O pecado original foi elaborado essencialmente por Santo Agostinho, com a finalidade de evitar a atribuição do mal a Deus. Para ele, foi com o pecado de Adão e Eva que veio ao mundo todo o mal, incluindo a morte, e, com esse pecado, transmitido de geração em geração, a Humanidade toda tornou-se "massa condenada" ao inferno, do qual só alguns são libertos pela graça imerecida de Deus.
Esta concepção agostiniana teve pesadíssimas consequências no Ocidente e no mundo. Escreveu o filósofo cristão P. Ricoeur: "Nunca se dirá suficientemente o mal que fez à cristandade a interpretação literal, melhor, historicista, do mito adâmico, ao levá-lo à profissão de uma história absurda e às especulações pseudorracionais sobre a transmissão quase biológica de uma culpabilidade quase jurídica da falta cometida por outro homem, castigado na noite dos tempos, algures, numa fase da evolução entre o Pitecantropo e o homem de Neandertal."
Santo Agostinho não hesitou em deixar cair no inferno as crianças que morriam sem baptismo, entrando assim no Ocidente uma concepção bárbara de Deus. Como foi possível conceber um Deus que teria castigado a Humanidade inteira com o calvário todo da História e o inferno por causa de um único pecado de seres humanos ainda no dealbar da consciência? E como poderia aceitar-se a condenação eterna de crianças inocentes, a não ser que recebessem o baptismo?
O limbo apareceu na Idade Média para atenuar esta crueldade. Assim, as crianças sem baptismo ficavam privadas da visão de Deus, mas não eram condenadas ao inferno. Erguia-se, porém, legítima, a pergunta: não se trataria ainda de um castigo?, e como poderia Deus, infinitamente poderoso e bom, estar dependente, em ordem à salvação, de uma concha de água?
Já em 1984, J. Ratzinger afirmara que o limbo era uma mera hipótese teológica. No passado dia 19 de Abril, o agora Papa Bento XVI aprovou um documento de 41 páginas, preparado pela Comissão Teológica Internacional, que acaba com o limbo e abre as portas da salvação às crianças que morrem sem serem baptizadas.
sábado, 12 de maio de 2007
Festas de Santa Joana e do Município de Aveiro
A MISSÃO DA IGREJA NUNCA FOI DOMINAR
Aos jovens, o prelado pediu para que Santa Joana lhes desperte "a alegria de descobrir a beleza e o encanto da vocação para a vida consagrada".
Aliança das Civilizações
O alto representante das Nações Uni-das para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, exortou ontem à noite, em Nova Iorque, à colaboração da sociedade civil, dos líderes religiosos e do sector privado na promoção do entendimento e na cooperação.
O ex-presidente português, que se dirigiu pela primeira vez aos países da ONU, desde que assumiu o cargo, no debate temático informal convocado pela presidente da Assembleia-Geral, Sheika Haya Rashed Al Khalifa, intitulado "Civilizações e os Desafios para a Paz e a Segurança Mundiais", reconheceu que se vive hoje num mundo "polarizado", mas rejeitou "o fatalismo" da expressão "choque de civilizações".
Como enviado especial, Jorge Sampaio assinalou que fará tudo o que estiver ao seu alcance para melhorar as relações interculturais, negando-se a aceitar a premissa da confrontação de civilizações, por considerar que isso equivale a uma rendição e a afirmar que os problemas não se podem resolver.
Sampaio reconheceu que a identidade cultural e as crenças são exploradas com motivações políticas, defendendo, por isso, que é necessário implementar iniciativas que permitam estabelecer pontes para o diálogo.
"A tendência emergente ao extremismo não é problema de sociedades ocidentais e muçulmanas, também afecta outras comunidades", salientou.
O responsável disse que tentará impulsionar iniciativas com os governos destinadas a reforçar a democratização, o respeito pela lei e os direitos humanos.
"Devemos trabalhar juntos para que os compromissos adquiridos na Aliança das Civilizações se convertam em resultados", afirmou.
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Fonte: PÚBLICO on-line
Citação
Bispos de Aveiro

Quem gostar de conhecer o que foi a acção destas quatro prelados, a nível pastoral, sobretudo, tem aqui um trabalho muito útil e interessante, pois sente-se, no que escreveu e revelou o autor, a entrega, carregada de dinamismo, cada um no seu estilo, de D. João Evangelista, D. Domingos Fernandes, D. Manuel de Almeida Trindade e D. António Marcelino.
O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, que entrou na diocese em 8 de Dezembro de 2006, lembra que Mons. João Gaspar “é desde os primeiros anos após a restauração da Diocese o mais próximo e dedicado colaborador dos Bispos de Aveiro, o mais atento e laborioso conhecedor e investigador da história da Diocese, um abnegado e incansável cireneu dos sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos da Igreja diocesana e um ilustre e destacado aveirense”.
Segundo o autor, e conforme se lê em INICIANDO…, este livro apenas pretende significar, embora sucintamente, a sua “homenagem sincera a todos os cabouqueiros e executores da constante restauração diocesana, ao longo de uma história ininterrupta de sessenta e oito anos, sempre sob a protecção da Princesa Santa Joana, nossa celestial padroeira, com o carinho maternal da Virgem Santa Maria e no amor do Senhor”.
“OS BISPOS DE AVEIRO E A PASTORAL DIOCESANA” lê-se depressa, mas a sua maior importância reside no facto de, a traços largos, podermos recordar, em qualquer momento, o que os quatro bispos, nele referenciados, fizerem pela Igreja e pelo povo da Diocese de Aveiro.
Fernando Martins
