domingo, 12 de novembro de 2006

VIOLÊNCIA ESCOLAR

CRISE DE AUTORIDADE
FAMILIAR PROVOCA AUMENTO
DA VIOLÊNCIA ESCOLAR
O aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, onde os pais renunciam a impor disciplina aos filhos, remetendo-a para os professores, defenderam especialistas em educação, reunidos na cidade espanhola de Valência para analisar o assunto “Família e Escola: um espaço de convivência”. Os participantes no encontro, dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas, o que obriga a “um esforço conjunto da sociedade”. “As crianças não encontram em casa a figura de autoridade”, um elemento fundamental para o seu crescimento, disse na conferência inaugural do congresso o filósofo Fernando Savater. “As famílias não são o que eram antes, um núcleo muito amplo e hoje o único que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa”, sublinhou. Para Savater os pais continuam a “não querer assumir qualquer autoridade”, preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos “seja alegre” e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores. No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, “são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que intentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os”. “O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar”, sublinha. O filósofo acusa igualmente as famílias de pensarem que “ao pagar uma escola “deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão “psicologicamente esgotados” pela situação e se convertem “em autênticas vítimas nas mãos dos alunos”. Os professores, afirma, não podem ser deixados sós, e a liberdade “exige uma componente de disciplina” que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade. “A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara”, afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, “uma oportunidade e um privilégio”. “Em algum momento das suas vidas, as crianças vão encontrar disciplina”, disse Savater que, em conversa com jornalistas, explicou ser essencial perceber que as crianças hoje não são mais violentas ou mais indisciplinadas que antes, mas que hoje “têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos”. “Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia”, afirmou. Daí que mais do que reformas aos códigos legislativos ou às normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo que “mais vale dar uma palmada, no momento certo” do que permitir as situações que depois se criam. Como alternativa à palmada, oferece outras, como suprimir privilégios, alargar os deveres ou trabalhos de casa.
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Fonte: IID

sábado, 11 de novembro de 2006

SÃO MARTINHO


São Martinho,
muito mais que
as castanhas


O calendário litúrgico aponta hoje, 11 de Novembro, para a celebração da festa litúrgica de São Martinho de Tours, Bispo e Confessor, figura muito querida da religiosidade popular e tradicionalmente associada ao “magusto”. S. Martinho de Tours nasceu na Hungria, em 315, e faleceu, sendo Bispo de Tours, França, em 397. Este Santo era filho de um oficial romano que servia na Panónia, actual Hungria, e foi ele próprio militar. Dois anos depois de se ter convertido à fé católica e baptizado na Gália, deixou o exército e passou a levar vida solitária, sob a orientação espiritual de Santo Hilário de Poitiers. Eleito mais tarde bispo de Tours, exerceu de modo admirável as suas funções de pastor, sendo considerado o iniciador da vida monástica na Gália e o grande evangelizador de França, país em que existem 3700 paróquias de que é padroeiro. A sua fama de evangelizador e de fundador de mosteiros torna-se motivo para que os Beneditinos, nos séculos XI e XII, o transformem em orago e protector dos mosteiros que iam fundando ou refundando na Península Ibérica. Na tradição popular, ficou célebre o episódio da partilha da sua capa de oficial de cavalaria romano com o mendigo que morria de frio, dando assim origem ao chamado “Verão de S. Martinho”.
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Fonte: Ecclesia

DEUS É EM NÓS...

A DANÇA DIVINA
DA POESIA
A aproximação de Teixeira de Pascoaes ao teólogo de Hipona, a Jerónimo ou a São Paulo só deve ter surpreendido quem não tivesse notado como Pascoaes transforma qualquer tema, e o comentário é de Fernando Pessoa, num «degrau para a religiosidade». Pascoaes apontara, com a sua obra poética, um tremeluzente norte à poesia portuguesa, que fora, no século anterior, substancialmente clássica e com ele entrou, «com passo decidido, na pura linha romântica do irracional» . E o irracional é a paisagem onde o sagrado reflorescerá como categoria necessária. O conhecimento mítico-poético e o conhecimento religioso que a Modernidade colocou sob suspeita, considerando-os sombras da razão, regressam como uma arte inexplorada. Entre sentimento e mistério, entre nítido e indeterminado alumiam-se afinidades («Deus é, em nós, como uma lembrança» , há-de escrever Pascoaes. «A atitude divina é anti-racional» ). Busca-se numa experiência originária aquilo que as estratégias do pensar deixam em silêncio e que vem guardado na linguagem densa dos símbolos. Ganha verdade a declaração de Jung: «O século das luzes nada apagou».
Mas não é exactamente de cristianismo que se trata. Já na recepção às biografias que Pascoaes escreveu, criticava-se o facto de ele «tratar os santos com um simples processo poético» . Num artigo dos anos 50, Manuel Antunes classificava tanto Pessoa e Régio como Pascoaes de poetas do sagrado, profundamente religiosos, mas avisando que «nenhum deles conhece o cristianismo (...) existencializado, sensibilizado. Apenas mostraram «através de tenteios, do caminhar nas sombras, do dualismo inquieto, do ansioso interrogar do mistério sentido ou pressentido (...), grande, secreta e inextinguível nostalgia de Deus» . De facto, ao pisar o invulgar território que tinha em S. João de Gatão seu centro magnético, estamos longe da elaboração teológica ou mesmo de uma retórica da experiência religiosa. A Pascoaes a santidade interessou enquanto fantasmagoria. Cada uma das biografias aborda, não a história propriamente dita, nem sequer os meandros labirínticos da legenda, mas a representação imaginária de uma prática da alma. Pois é isso que ele repete: «só me interessam as almas».
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Subsídios para a história da Gafanha


"CASA GAFANHOA", na rua S. Francisco Xavier,
perto da igreja matriz da Gafanha da Nazaré.
Há sinalização adequada


CASA GAFANHOA
foi inaugurada há seis anos

A CASA GAFANHOA, pólo museológico do Museu Marítimo de Ílhavo, completa hoje seis anos, pois foi inaugurada em 11 de Novembro de 2000. Trata-se de um edifício do princípio do século XX, que foi adquirido pela Câmara Municipal de Ílhavo e entregue à administração do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, a entidade que mais lutou por este espaço, que reflecte a vida de um lavrador rico desta região. 
A casa antiga, depois de bem restaurada com todo o respeito pela traça original, mostra um recheio totalmente dominado por móveis e utensílios do princípio do século, num desafio constante à pesquisa e estudo de quanto os primeiros gafanhões nos legaram, mostrando um viver simples, mas prático, que não pode hoje deixar de nos encantar pela simplicidade que se desprende de tudo. 
Recorrendo à minha memória, posso lembrar que nas casas gafanhoas podia ver-se a cozinha com a sua trempe de ferro, panelas de três pés, aparadores, mesa e bancos toscos. Os talheres eram de ferro e alguns de cabo de osso. A um canto havia a cantareira com a respectiva cântara de ir à fonte buscar água, junto à mata da Gafanha, que dava gosto beber pela sua limpidez e frescura (que lhe era dada pela cântara de barro). 

ARTE EM AVEIRO

Pintura de José Maia - "OUTONO" -
publicada pelo jornal Correio do Vouga
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PRIMEIRA BIENAL
INTERNACIONAL
DE ARTE CONTEMPORÂNEA
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A Primeira Bienal Internacional de Arte Contnporânea vai ser inaugurada hoje, pelas 16 horas, em Aveiro, no auditório da Assembleia Municipal, edifício da antiga Capitania. Nessa altura, será divulgado o nome do vencedor do "Prémio Aveiro", no valor de dez mil euros, e dos três artistas que foram distinguidos com menções honrosas. As 77 obras seleccionadas e os trabalhos do artista convidado, Evariste Lichr, podem ser apreciados até 30 de Dezembro nas Galerias da Capitania, Paços do Concelho, Morgados da Pedricosa, Museu da Cidade e Teatro Aveirense. As 77 obras seleccionadas são de 49 artistas. Dessas, 40 são pinturas, 14 são fotografias, 12 são esculturas e 11 são desenhos. Esta Primeira Bienal Internacional é uma iniciativa da Câmara Municipal de Aveiro e do Círculo Experimental de Artistas Plásticos - AveiroArte. Paralelamente à Bienal, há um programa que inclui eventos culturais diversos, que serão anunciados em tempo oportuno.

UM LIVRO DE FLANNERY O’CONNOR


"UM BOM HOMEM
É DIFÍCIL DE ENCONTRAR”

Confesso que não conhecia a escritora Flannery O’Connor, como não conheço, obviamente, muitas outras. Aliás, é impossível conhecer tantos e tantos escritores bons, cujas obras enchem os escaparates das livrarias e… das grandes superfícies comerciais. Esta escritora americana, falecida em 1964 com apenas 39 anos, foi-me revelada pelo padre e poeta José Tolentino Mendonça, em ensaio publicado no caderno “Mil Folhas”, do “PÚBLICO”, com tais encómios, que não pude deixar de comprar este livro, que agora foi editado pela editora Cavalo de Ferro. 
A tradução foi da bióloga e escritora Clara Pinto Correia, que afirmou, a propósito desta preciosidade: “Li as histórias todas, uma por uma, noite dentro, sempre a sentir-me quase na margem do rio por onde se navega para outra dimensão qualquer. Era incrível. Era hipnótico. Era impossível de interromper antes de chegar ao fim e depois eu apagava a luz e ficava a dar voltas na cama (…). 
A minha Flannery morreu em 1964. Descubram-na agora e cada um que julgue por si mesmo.” Senti o mesmo quando li os contos que Flannery criou para quem gosta mesmo de ler. O pormenor das descrições de uma época, cheia de contrastes, e o fascínio dos desfechos dos contos, mais a tranquilidade com que a escritora me envolveu, deixaram-me, realmente, fascinado. 
Na contracapa há uma transcrição do “New York Times”, que é mais um desafio a quem aprecia boa literatura. Diz assim: “Ela não era só a melhor escritora deste tempo e lugar: ela conseguiu expressar algo secreto sobre a América, algo chamado Sul, com um dom transcendente de expressar o espírito real de uma cultura que é transmitido por escritores que se tornam naquilo que vêem. Ela era um génio.”
Esta pode ser uma óptima aposta para um fim-de-semana mais calmo e mais rico. 

Fernando Martins

UM LIVRO PARA O NATAL

Uma obra a lançar dia 23 de Novembro
"UM MENINO
CHAMADO NATAL"
Com texto de Joaquim Franco e fotos de Elísio Assunção e Ana Paula Ribeiro será lançado a 23 de Novembro, às 18.30 horas, na Livraria Bertrand do Centro Comercial Vasco da Gama, a obra “Um Menino chamado Natal”. Fazem a apresentação a pintora Emília Nadal e o jornalista António Marujo. Com 33 representações artísticas do Presépio e “palavras” que o fazem actual, este livro pretende ser um contributo para proclamar um Natal que, antes de ser a festa da família, da solidariedade, da boa-vontade, das juras mútuas de respeito e amizade, já era o que sempre foi: a celebração de um “nascimento”… “Um Menino chamado Natal” é um projecto de duas editoras – a Lucerna e a Sociedade Bíblica – com uma mensagem de motivação ecuménica, vocacionado para toda a sociedade.
Pelas referências que me chegam, este pode ser um livro para todas as idades e bem adequado para prendas de Natal, época propícia à demonstração das amizades e dos amores. Em vez de tantas futilidades que às vezes ofertamos, penso que esta obra pode ser uma óptima prenda de Natal.
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Fonte: Ecclesia