sexta-feira, 12 de agosto de 2005

Governo à espera de mais dois períodos críticos

As temperaturas sobem a partir de hoje e o risco do regresso dos fogos também
Governo está à espera de risco elevado de incêndios já a partir de hoje. Os indicadores meteorológicos ainda revelam um período perigoso de altas temperaturas em Setembro, o que levou o Executivo a prolongar a época oficial dos fogos de Verão, que só terminará em Outubro. "Não é esta semana de acalmia climatérica que nos pode causar a ilusão de que a ameaça do fogo não se abaterá sobre nós dentro dos próximos dias", disse ontem no Parlamento António Costa, ministro da Administração Interna e primeiro-ministro em exercício durante as férias de José Sócrates.
Respondendo ao CDS/PP e ao PSD, que questionaram o facto de o primeiro-ministro não ter interrompido as férias e acusaram o Governo de "passividade", António Costa revelou que "por mais de duas vezes" José Sócrates lhe telefonou a perguntar se devia interromper as férias. Mas o primeiro-ministro em exercício respondeu "não": "O primeiro-ministro em exercício está aqui. O senhor primeiro-ministro telefonou-me mais de duas vezes questionando-me se devia voltar ou não devia voltar. Eu disse-lhe sempre que não devia voltar. Se alguém cometeu um erro, assumo-o. O senhor primeiro-ministro não veio porque eu entendi que não se justificava", disse António Costa.
(Para ler mais, clique PÚBLICO)

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Um poema de António Nobre

António Nobre 

Passa a procissão
Estralejam foguetes e morteiros.
Lá vem o Pálio e pegam ao cordão
Honestos e morenos cavalheiros.
Altos, tão altos e enfeitados, os andores,
Parecem Torres de David, na amplidão!
Que linda e asseada vem a Senhora das Dores!
Olha o Mordomo, à frente, 
o Sr. Conde. Contempla!
Que tristes os Nossos Senhores,
Olhos leais fitos no vago… não sei onde!
Os anjinhos! Vêm a suar:
Infantes de três anos, coitadinhos!
Mãos invisíveis levam-nos de rastros
Que eles mal sabem andar.

Excerto de Lusitânia no Bairro Latino

UE diz que Portugal desvalorizou área ardida

Posted by Picasa ÁREA ARDIDA ATÉ 31 DE JULHO: 100 MIL HECTARES
As contas oficiais para a área ardida até 31 de Julho deste ano estarão subestimadas em 45%. De acordo com um estudo do Centro Comum de Investigação, da Comissão Europeia, a área ardida contabilizada no global terá sido de 100 mil hectares, enquanto a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) refere apenas 68 166 hectares. Ainda segundo o projecto European Forest Fires Information System (EFFIS), só em grandes incêndios arderam já 76 mil hectares, o que significa uma diferença de 50% em relação aos dados da DGRF que indicam apenas cerca de 50 mil. ~
E se os dados de 2004, ontem divulgados pelo DN, colocavam Portugal numa situação desfavorável face aos outros países da Europa do Sul (Espanha, França, Grécia e Itália), os números de 2005 são ainda mais críticos até 31 de Julho, 60% da floresta ardida em grandes incêndios é portuguesa. Em Portugal, ardeu, por exemplo, o dobro de Espanha, apesar de este país enfrentar também uma situação de seca extrema e ser quatro vezes maior.
As diferenças entre os números nacionais e os do organismo europeu têm a ver com o método de monitorização de áreas ardidas. Assim, no relatório da DGRF, lê-se que "as áreas ardidas de alguns destes incêndios e a sua respectiva distribuição são ainda estimativas, que estão a ser confirmadas pelos correspondentes levantamentos de campo, elaborados por efectivos do Corpo Nacional da Guarda Florestal". Ou seja, os dados são recolhidos no terreno e logo serão mais apurados, mas apenas no médio prazo, já que este é um processo moroso. No curto-prazo, os números provisórios não darão uma dimensão tão aproximada do problema.
(Para ler mais, clique Diário de Notícias)

Um artigo de Sarsfield Cabral, no DN

Posted by Picasa ANTECIPAR
Ainda não sabemos bem como lidar com os imigrantes. Porque o fenómeno é recente e também porque ainda não houve grandes sarilhos sociais e culturais com estrangeiros. Recorde-se o falso "arrastão" de Carcavelos ou a aparente ausência de radicalismo islâmico em Portugal. Mas perfila-se no horizonte um desafio sério. A estagnada economia portuguesa deixou de gerar empregos e tem de deixar de assentar em actividades trabalho-intensivas. O desemprego tende a aumentar nos próximos anos. Não faltarão então acusações demagógicas (e erradas) de que os imigrantes vêm roubar empregos aos portugueses. Aliás, "quando escasseiam os empregos, os mais ameaçados são os imigrantes", escreve Rui Marques, num livro muito útil para conhecer toda esta problemática (Uma Mesa com Lugar Para Todos, Ed. Instituto P. António Vieira).
Hoje, os estrangeiros que cá vivem representam 4% da população - um número já apreciável, embora distante dos que se registam noutros países europeus (19% na Suíça, 8 a 10% na Alemanha, Áustria e Bélgica). Apesar da crise económica e de alguns estarem a regressar aos seus países, esse número irá subir. Porque a tendência é geral - entre 1970 e 2002 duplicou no mundo o número de pessoas a residirem num país diferente daquele em que nasceram. E porque, com a nossa baixíssima taxa actual de natalidade, são necessários mais imigrantes.
O mais difícil está na integração da segunda geração, daqueles que já nasceram aqui mas não se identificam com o nosso país - nem com o dos pais. A nova lei da nacionalidade ajudará, mas muito mais será preciso fazer para evitar reacções de racismo e xenofobia. A primeira condição para tal é tomar consciência de que o problema existe e irá tornar-se mais visível. Ou seja, antecipar as crises e não meter a cabeça na areia.