quinta-feira, 28 de abril de 2005

Bênção dos Finalistas na Universidade de Aveiro


A grande festa é já no dia 8 de Maio 

  No próximo dia 8 de Maio, domingo, vai realizar-se a grande festa da Bênção dos Finalistas, na Alameda da Universidade de Aveiro, presidindo à cerimónia D. António Marcelino. Os preparativos estão em marcha, no Centro Universitário Fé e Cultura, sob a batuta do padre Alexandre Cruz e com a participação de muitas dezenas de universitários das escolas superiores de cidade dos canais. Para esta festa, ponto único de quem salta da Universidade para a vida, estão convidados todos os estudantes e seus familiares e amigos, bem como a Reitora, Prof. Doutora Helena Nazaré, demais professores e funcionários, porque a alegria dos que concluíram os seus cursos se deve estender a todos os que, com eles, partilharam saberes, experiências, alegrias e até, porventura, algumas tristezas. Para além da mensagem do Bispo de Aveiro, que é sempre uma reflexão oportuna para quem tem de enfrentar a vida do trabalho e da investigação, não faltarão os cânticos litúrgicos, que estão a ser bem ensaiados pelos próprios universitários, entre outros motivos de interesse e adequados à Eucaristia, que terá início pelas 11 horas. Significativo será, também, o momento do Crisma de alguns estudantes, que foram preparados para receberem este sacramento que faz deles testemunhas de Cristo, agora mais responsavelmente.

Fernando Martins

quarta-feira, 27 de abril de 2005

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Posted by Hello Caramulo: aldeia perdida no vale

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Posted by Hello Caramulo: cimo do monte

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Posted by Hello Caramulo: Cabeço da Neve

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Posted by Hello Caramulo: golfinho nada no verde da serra

SERRA DO CARAMULO

Espigueiro só decorativo CARAMULO: A voz do silêncio por ali se faz ouvir
Quem nasceu e vive com o som do mar a embalar o seu adormecer, e sente, ao acordar, as ondas a espraiarem-se no areal, não pode deixar de sonhar, também, com a silhueta dos picos da serra, que ao longe nos desafia. A primeira vez que fui à serra e à medida que me aproximava dela, os meus olhos de menino pouco viajado ficaram deslumbrados. Senti um não sei quê na alma, um prazer inexplicável que ainda hoje, tantos anos depois, é um mistério no meu espírito. À serra vou sempre que posso e às vezes até juro a mim mesmo que um dia por lá hei-de ficar uns tempos largos, para calcorrear montes e vales, entre vegetação luxuriante ou entre penedos com formas estranhas de figuras fantásticas que enriquecem o imaginário de qualquer um. Ontem fui ao Caramulo à procura desses ares límpidos, alimentados, e de que maneira, pelo verde que tudo enche, ao som de regatos que deslizam do cimo dos montes, por entre pedregulhos que amplificam o cantar da água saltitante que apetece beber a toda a hora. E quando a sede aperta, como apertou depois de um almoço de vitela assada que só por ali tem um sabor como em nenhuma outra parte, então foi um regalo beber uns bons copos de água de fonte natural, recebida em bilha de barro vermelho que a tornou mais fresca. Campo de Besteiros, São Tiago de Besteiros, Guardão, Janardo, Pedronhe e Cabeço da Neve foram alguns recantos da Serra do Caramulo, que uma vez mais pude contemplar em dia partilhado com amigos que não esconderam o sortilégio que estas terras transmitem a todos os que chegam. Ruas e estradas amplas ao lado de ruelas empedradas que lembram tempos ancestrais, histórias de lutas travadas entre íncolas serranos e povos invasores, casario a cair de podre porque gente teve de emigrar, habitações com sinais de quem regressou à terra depois de muito trabalhar e de lutar na estranja, sanatórios abandonados porque os tuberculosos já se curam em casa, sem a ajuda dos ares puros da serra, de tudo um pouco se foi fixando na retina dos meus olhos, que nunca se cansaram de apreciar de miradouros naturais a paisagem a perder de vista. Para os contemplativos, a Serra do Caramulo é uma bênção de Deus. Ali, longe dos habituais horizontes, sinto que a beleza não adulterada pelo mau gosto, em muitíssimos recantos, oferece a quem a visita a imagem do divino, que o céu contempla e abençoa com nuvens que baptizam aspergindo tudo e todos. A voz do silêncio que tantas vezes se fez ouvir, aqui e ali perturbada pela cantilena da água que descia apressada do cimo dos montes, à cata de gente que a saboreasse, ainda mais me convidava a cultivar a necessidade de voltar. O que farei sempre que puder, para encher os pulmões de ares puros e os pensamentos do aconchego do bem e do belo. Fernando Martins

Um artigo de Sarsfield Cabral, no Diário de Notícias

--- Contradição
A imagem, ou o cliché, do novo Papa é de um conservador intolerante. Duvido que Bento XVI confirme tal ideia, mas esta levou muitos a falarem em divergência crescente entre a Igreja católica e o mundo moderno. Não é novidade divergências grandes existiram até ao Concílio Vaticano II, sobretudo em torno de questões filosóficas. E a Igreja teve aí algumas responsabilidades. Hoje, a referida incompatibilidade diz mais respeito a questões como o celibato dos padres, regras de moral sexual, posição perante a vida, etc. São temas importantes, mas nem todos do cerne da fé - embora alguns campeões do "religiosamente correcto" e da "estrita observância" transmitam a falsa sugestão de a fé ser um moralismo.
Mas há contradição entre o cristianismo e o "mundo". Cristo não morreu na cruz por acaso. A proposta cristã, implicando a entrega de si próprio ao serviço dos outros, é incompatível com o hedonismo individualista ou com o uso do poder - qualquer poder, até o religioso - para esmagar terceiros. Como é incompatível com o relativismo. Se tudo se equivale, se as opções morais dependem apenas de tendências, gostos ou simpatias, então não poderemos evitar as piores barbaridades. A Igreja combateu o relativismo desde os sofistas gregos até aos pós-modernos actuais (como R. Rorty), passando por David Hume no séc. XVIII. São oposições de sempre, mais visíveis hoje apenas porque deixaram de vigorar sociologicamente antigas normas e referências.
Na esteira do Concílio, a Igreja deve abrir-se ao mundo. Não pode fechar-se numa atitude sectária e farisaica de um pequeno grupo de puros iluminados vivendo entre os pecadores. Mas se aceitasse os critérios dominantes na sociedade, que privilegiam o interesse egoísta, iria trair o Deus revelado por Cristo como doação radical.