segunda-feira, 7 de março de 2005

Câmara de Aveiro oferece à cidade CASA MUNICIPAL DA CULTURA

Os aveirense já podem contar com mais um espaço cultural. A Casa Municipal da Cultura foi inaugurada no domingo pela autarquia aveirense, ficando desde agora à disposição de toda a população, através da instalação no edifício de 15 instituições. O antigo imóvel do Turismo e que também já albergou a Biblioteca Municipal não deixará de implementar as mais variadas áreas da cultura aveirense, graças a novas possibilidades que foram oferecidas às colectividades culturais concelhias. Estou em crer que, a partir desta inauguração, os aveirenses, e não só, saberão aproveitar esta boa oferta da Câmara Municipal de Aveiro.

LEITURAS

1 – Graça Franco é uma jornalista que gosto de ler. As suas reflexões, que habitualmente publica no PÚBLICO, dizem-me sempre muito. Hoje proponho a leitura do seu texto, intitulado “Ética procura-se com carácter de urgência”. 2 – Uma outra sugestão. No mesmo jornal, vem uma entrevista ao Prof. Adriano Moreira, um intelectual que domina várias frentes e cujo pensamento vale a pena conhecer. Leia, pois, "A experiência do Iraque deve ser a vacina definitiva contra os unilateralismos".

CULTURA à nossa volta

Pintura
Os mais pessimistas têm o hábito de dizer que não há acções culturais à nossa volta, atirando para cima do Estado, autarquias, Igreja e instituições a culpa dessa situação. Nada mais errado. À nossa volta há uma infinidade de propostas de âmbito cultural, espiritual e social, como talvez nunca tenha acontecido na história. Basta olhar e ver o muito que se faz por cidades, vilas e aldeias, para constatar aquela realidade. Só quem não quer ver é que não vê. Desde cinema a teatro, desde dança a música para todos os gostos, desde palestras e seminários a encontros, desde conferências a exposições de pintura, escultura e fotografia, desde festivais de folclore e etnografia a edições de livros e CD, desde revistas a jornais que fazem pensar, desde programas de rádio e de TV a concertos,desde museus a monumentos por todo o lado, de tudo podemos usufruir. Todos os dias os meios de comunicação social nos alertam para os programas mais importantes, para os projectos artísticos mais expressivos, para o trabalho de artistas das mais diferenciadas áreas, para a literatura de grandes e de promissores artistas, para espectáculos de encher o olho e a alma. E depois, clamam que não há nada para ninguém. A verdade é esta: às vezes, são muito poucos os que estão atentos ao que acontece de importante; outros, em número muito mais elevado, ficam só pelo futebol. É pena. Então, o que poderemos fazer? Muito simplesmente oferecer o nosso estímulo a quem participa raramente, ou quase nada, nos projectos culturais que são oferecidos a todos, normalmente por preços modestos ou mesmo gratuitamente. E dizer aos que nos cercam que o homem é um todo: cultural, religioso, social e artístico. E não apenas trabalho, desporto e divertimentos fúteis. F.M.

domingo, 6 de março de 2005

III JORNADAS EUROPEIAS DAS UNIVERSIDADES

PAPA envia mensagem aos universitários João Paulo II deixou ontem um recado aos jovens universitários europeus: "Não existe contradição entre a Fé e a razão." E logo sublinhou que, "apesar de não poder estar presente no meio deles, não deixa de lhes estar próximo através da afeição e das suas orações". Na sua mensagem, dirigida aos universitários europeus, pediu que "nunca deixem de descobrir a verdade da sua existência, porque a Fé a Razão são duas asas que conduzem a Cristo, verdade de Deus, verdade do homem". O Papa recordou, ainda, a importância da busca intelectual como caminho para encontrar Cristo. As palavras do Santo Padre foram o ponto alto destas celebrações das III Jornadas Europeias das Universidades, que preparam a Jornada Mundial da Juventude. Esta Jornada decorrerá na Colónia, Alemanha, no próximo mês de Agosto. Os universitários estiveram presentes na Aula Paulo VI (Vaticano), na Catedral de Bari, Berlim, Bucareste, Kiev, Lisboa, Madrid, Tirana, Zagreb e nos Santuários de Santa Maria da Vitória (Londres) e de Nossa Senhora da Guarda (Génova), para a recitação do terço, cujo primeiro mistério foi rezado a partir da Sé de Lisboa, sob a presidência de D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca. Como sempre, a Mensagem do Santo Padre foi largamente aplaudida, como se o Papa estivesse junto dos jovens universitários.

LEITURAS

Como habitualmente, sugerimos a leitura de dois bons artigos, dos bem conhecidos Frei Bento Domingues, “Deus não fecha ao sábado”, e António Barreto, “Interesses. Ligações”, ambos publicados no PÚBLICO. Neste mesmo jornal, pode ainda ler o artigo de António Marujo, intitulado “Papa terá de reduzir a sua actividade se quiser continuar a liderar a Igreja

JACINTA canta e encanta

Tributo a Bessie Smith
Cantora de jazz Jacinta
Os CD não são como alguns livros, que ficam guardados na estante depois de serem lidos. Os CD são para serem ouvidos com frequência, ou seja, sempre que os apetites musicais os convoquem ou os ritmos nos venham à memória. É assim que costumo fazer. E hoje, num domingo de muita tranquilidade interior, vou ouvir, mais uma vez, Jacinta e o seu Tributo a Bessie Smith. É o seu primeiro CD, mas há outro na forja, para quem gosta de jazz. Jacinta é uma cantora de jazz da Gafanha da Nazaré. Estudou piano e composição na Universidade de Aveiro, onde se licenciou, e distinguiu-se no Chuva de Estrelas. Mais tarde, em 1997, rumou a Nova Iorque, para frequentar a Manhattan School of Music, onde foi premiada com bolsa de estudos. Concluiu o mestrado em Jazz Vocal e tornou-se cantora profissional. A partir daí, começou a cantar, tendo merecido os mais elevados elogios, pela voz potente e bem timbrada e pela forma como a domina. José Duarte, o autor e apresentador do programa "Um, Dois, Três... Cinco Minutos Jazz", considerou Jacinta como "A cantora de jazz portuguesa". O maior elogio que uma artista pode ouvir. Jacinta foi a primeira cantora de jazz do nosso País a gravar na conceituada editora discográfica Blue Note, augurando-se-lhe largo futuro nesta área musical, tal é força da sua arte e da sua vontade. Entretanto, para além de concertos, por Portugal e pelo estrangeiro, Jacinta ainda tem tempo para dar aulas numa escola particular de Aveiro. No próximo dia 10 de Março, participará no Festival de Jazz de Braga.
E agora vou ouvir o CD de Jacinta. E não me canso. F.M.

PORTO: cidade liberal

Pintura da capela da paramentação Estive no Porto, há dias. Nunca me canso de visitar a cidade liberal e invicta. A que recebeu como herança o coração de D. Pedro IV, Rei de Portugal e Imperador do Brasil, a que não permitia que a aristocracia por lá permanecesse mais de três noites e três dias, a capital do trabalho como há tanto se apregoa, e com alguma razão, a dos monumentos carregados de história. Foi uma visita a correr, mas valeu a pena. Olhei de perto o ex-libris da cidade, a Torre dos Clérigos, barroca, original criação de Nasoni, reparei na cadeia da Relação, onde esteve preso o Camilo e sua Ana Plácido, contemplei a igreja dos Congregados que tanto frequentei para participar na missa, quando estudante, e entrei na Sé, que tem ao lado o Paço Episcopal. A Sé é fácil de visitar. Quem for de comboio, pode sair em São Bento e dirigir-se para lá a pé. A Sé vê-se bem, pela sua imponência e antiguidade. De origem românica, data do segundo quartel do século XII, tendo recebido ao longo do tempo diversas alterações. Existe desde os primórdios da nacionalidade. Tudo pode ser apreciado com calma. Há cicerone que explica o essencial, mas temos de fazer perguntas. Na capela do Santíssimo Sacramento podemos admirar um retábulo de prata, cujo sacrário se deve aos ourives Manuel Teixeira, Manuel Guedes e Bartolomeu Nunes e data de 1632 a 1651. É um trabalho muito belo e valioso. Diz-se que os portuenses o pintaram aquando das invasões francesas para esconder a prata. Depois há o museu que nos oferece à vista preciosidades ímpares. Alfaias litúrgicas de várias épocas, paramentos trabalhados a fios de ouro e prata e outras peças de regalar os olhos estão à espera de quem sabe contemplar o belo. Pinturas de diversas épocas e estilos podem ser apreciadas por todo o templo e nas salas e capelas anexas. Numa delas, que hoje é local de paramentação em dias festivos, vimos um conjunto de pinturas laterais de uma beleza rara (ver foto). Vale a pena sair de casa de vez em quando para visitar o que nos enche a alma e nos lembra a história de gente de fé e de trabalho. Voltarei a falar do Porto num dos próximos dias. Fernando Martins Posted by Hello