sábado, 26 de fevereiro de 2005
LEITURAS
Hoje há muito para ler, porque há tempo e jornais e revistas a desafiarem-nos. O que eu achar melhor, aqui vou sugerindo.
Para começar, um conjunto de textos, de António Marujo, publicados no PÚBLICO, sobre a situação clínica do PAPA, e não só.
No mesmo jornal, de Helena Matos, "Eng., não nos desengane!"
No Diário de Notícias, leia "E agora, José?"
"CONVERSAS" NO CUFC
Padre Alexandre Cruz e Dra. Margarida Cardoso
O BUDISMO aposta na serenidade plena
Margarida Cardoso, da União Budista Portuguesa, esteve no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), na quarta-feira, à noite, para falar sobre Budismo. Com uma sala cheia, presidiu à "conversa" o Padre Alexandre Cruz, director daquele centro, que salientou a premência de todas as religiões e filosofias se unirem para a defesa de uma ética universal. Moderou António Martins, docente da Universidade de Aveiro, que sublinhou a importância de conhecermos outras formas de pensar, para convivermos com os outros, sendo mais tolerantes.
O primeiro desafio para se perceber o Budismo partiu de um convite, original entre nós, lançado pela palestrante: "Sentados comodamente, mãos sobre os joelhos, olhos fechados; vamos sentir o ar a entrar e a sair pelas narinas; vamos ouvir o barulho da sala... e agora o silêncio; deixemos entrar os pensamentos...". Isto, porque o Budismo é essencialmente uma filosofia de vida, uma prática enriquecida por experiências de meditação, um estado de consciência límpido, luminoso, de compaixão e de sabedoria, frisou Margarida Cardoso.
A convidada do CUFC recordou que Buda, meio milénio antes de Cristo, abandonou os prazeres para procurar a iluminação, que só será conseguida através da atenção que prestarmos a "grandes verdades", as quais nos conduzem à libertação interior absoluta. Disse que o sofrimento tem origem no desejo, que a eliminação do desejo leva ao fim do sofrimento, e que, quando atingirmos esta fase, ao longo de uma caminhada de intenções, acções, recolhimento e concentração puros, alcançaremos o nirvana, ausência total da dor, meta perseguida pelos budistas.
Questionada sobre o dia-a-dia, entre os ocidentais, da vivência budista, Margarida Cardoso referiu que todos têm "vidas normais, com casa, família e trabalho". Reúnem-se para meditar, para se tornarem "mais conscientes do momento presente", tendo sempre em conta a busca das "boas relações com as pessoas", o interesse por tudo quanto os rodeia, segundo uma ética assente na positiva. "Não basta não roubar; temos de ser generosos", adiantou. "Os budistas ultrapassam com mais facilidade as situações de stresse, porque aprendem a relaxar nos encontros de meditação, também conhecidos por yoga", disse.
Sobre a vida para além da morte, Margarida Cardoso afirmou que defendem o renascimento, que definiu como "ciclos de existência sem fim". Referiu que, quando nós morremos, "se é que morremos", o que vai permanecer são "marcas, fluxos de energia e de consciência, que são a nossa continuidade, o nosso renascimento". Não aceitam Deus, nem qualquer ente criador, "porque o grande arquitecto é a mente humana", sublinhou. Mas também não são dogmáticos, até porque há imensos mestres e escolas budistas que têm, como matriz comum, tão-só a procura da perfeição, que conduzirá à iluminação, ao nirvana, que é, afinal, a serenidade plena.
Fernando Martins
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005
Renúncia não entra nos planos de João Paulo II

ANTOLOGIA
Cesário Verde
Ave Maria
Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Batem carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinir de louças e talheres
Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.
Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
NB: Para recordar Cesário Verde, na celebração dos 150 anos do seu nascimento

O que se espera de José Sócrates?
* Que dê prioridade a reformas estruturais, sempre adiadas;
* Que o ministro das Finanças tenha capacidade e determinação para combater, de uma vez por todas, a fuga ao Fisco;
* Que o ministro da Economia saiba atrair investimentos para o País;
* Que aposte nos melhores políticos e nos melhores técnicos, do PS e independentes;
* Que acabe com a burocracia e com o Estado escandalosamente gastador;
* Que não siga a política do clientelismo;
* Que não substitua gente competente, só porque não pertence ao PS;
* Que não adie para amanhã, o que pode fazer hoje. O povo está farto de esperar;
* Que não esqueça que a Educação e a Cultura são fundamentais à sobrevivência de uma nação;
* Que tenha sempre em conta a luta contra a pobreza e que olhe mesmo para os que passam fome;
* Que respeite os princípios que enformam a sociedade portuguesa.
LEITURAS
No EXPRESSO pode ler que Portugal é um país pouco inovador.
No mesmo jornal, pode ler um artigo de José António Lima, intitulado Colapso Absoluto.
BlogAveiro já está à nossa espera
A partir de amanhã, sábado, dia 26, o BlogAveiro passa a esperar por todos os amigos de Aveiro e da sua região na morada . Gerado na turma de Fotojornalismo 2004/2005 do Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (ISCIA), não se fica pela cidade da Ria, mas vai saltar por mar e serra à cata do que é belo. Mas também do que constitui a matriz cultural das nossas gentes.
Como se lê em texto de apresentação, que nos chegou através do ciberespaço, ali se encontram "Viagens encantatórias pelas aldeias perdidas da Serra da Freita, retratos das gentes do Caramulo, mail'o Senhor Manuel, as moreias mais as pedras-parideiras; gotas que se contam e outras que se esparramam pixéis fora; fotos-miradouro para delícias paisagísticas várias, e outras brotando de espelhos-de-água; fotos pintadas com luz, penumbras e neblina; mordendo o chão para fotografar o repuxo, engolindo poeira para abocanhar a cratera, voando sobre carris, acariciando as nervuras do desenho azulejado".
Vale a pena visitá-lo, com regularidade, para melhor conhecermos a nossa terra e a nossa gente. Também para nos conhecermos a nós próprios.
A apresentação oficial do BlogAveiro, projecto coordenado por Dinis Manuel Alves, docente da disciplina de Fotojornalismo, decorrerá no próximo dia 26, pelas 11 horas, no Hall do Grande Auditório do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro.
Foto: De Sónia Rebelo, no BlogAveiro



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