Reflexão de Georgino Rocha
para a Festa da Assunção de Nossa Senhora
A liturgia da Igreja celebra neste domingo, 20º do Tempo Comum, a Festa da Assunção de Maria, Mãe de Jesus, festa que a fé cristã foi amadurecendo e Pio XII em 1950 proclamou como dogma, festa que nos faz contemplar Jesus e sua Mãe na glória do Céu, após uma vida de doação sempre crescente ao longo da peregrinação na terra e no tempo. A começar pela visita do anjo Gabriel que a saúda como agraciada de Deus e a convida para ser a mãe de Seu Filho Jesus. Maria fica perturbada, faz perguntas de esclarecimento e dá o seu sim generoso que culmina na festa que hoje celebramos. Entretanto percorre um itinerário histórico, cheio de simbolismo, que fica como via livre e apelativa para todos os discípulos do seu Filho.
A liturgia, quase em linguagem de reportagem, apresenta Maria apressada por montes e vales a caminho da casa de Zacarias para se congratular com Isabel, idosa estéril que vai ser mãe, facto aduzido por Gabriel como sinal de que a Deus tudo é possível. Vamos deter-nos aqui, no encontro destas mulheres, sem qualquer homem presente: Zacarias por estar mudo; José por razões desconhecidas e inexplicáveis. Vamos meditar o diálogo havido entre ambas, e procurar sintonizar com a mensagem do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que ocorre também neste domingo.
“Hoje, refere o Papa Francisco, a Igreja é chamada… a ampliar a sua tenda para acolher a todos. Entre os habitantes das periferias existenciais, encontraremos muitos migrantes e refugiados, deslocados e vítimas de tráfico humano, aos quais o Senhor deseja que seja manifestado o seu amor e anunciada a sua salvação”.
E o Santo Padre destaca na oração que fez para este Dia: “Abençoai todo o gesto de acolhimento e assistência, que repõe a pessoa que estiver em exílio no nós da comunidade e da Igreja, para que a nossa terra possa tornar-se, tal como Vós a criastes, a Casa comum de todos os irmãos e irmãs. Ámen”.
“Bendita és Tu” exclama Isabel em resposta à saudação de Maria; bendita entre as mulheres e bendito o fruto do seu ventre. E aduz, como sinal, a exultação festiva do filho nas suas entranhas. E acrescenta: “Feliz és Tu porque acreditaste que o Senhor realizará o que te foi dito”. Maria liberta o coração em hino de louvor e dá voz aos sentimentos mais profundos que, em versículos de rara beleza, São Lucas recolherá, compondo o Magnificat.
“Bendita és Tu” proclamam, ao longo da história, os discípulos de Jesus, como oração de gratidão filial desde a hora derradeira no Calvário em que João a recebe como Mãe e, nele, toda a humanidade.
“Bendita és Tu” cantam de alegria agradecida as múltiplas vozes do povo na sua piedade mariana ao toque de Trindades nos sinos das nossas igrejas e santuários, na oração em família e nos grupos apostólicos, nas horas de descanso ou de tormenta, na terra firme e no mar tempestuoso.
“Bendita és Tu”, Mãe bendita, que intercedes por estes teus filhos peregrinos para que deixem moldar o coração pelas atitudes e critérios que transmitiste a Jesus em Nazaré e Ele viveu nos caminhos da Galileia onde realizou a missão do anúncio do Reino.
“Bendita és Tu, Maria porque sempre te deixaste guiar pelo Espírito Santo e permaneceste a sua sombra, tanto na tormenta como na bonança, deixando Deus ser Deus e não renunciando a seres tu mesma”. Caminha, também hoje, connosco. Mantém viva e actuante a nossa fé, firme e serena a nossa esperança, diligente a nossa caridade.
Pe. Georgino Rocha