UMA EFEMÉRIDE QUE PRETENDE
CHAMAR A ATENÇÃO DE TODOS
Maria Donzília Almeida
Comemora-se a 4 de janeiro, de cada ano, o Dia Mundial do Braille, uma efeméride que pretende chamar a atenção de todos, para os problemas dos cidadãos invisuais e da responsabilidade que nos envolve nesta problemática, com milhões de seres em todo o mundo.
Visa-se a união de esforços para a construção dos caminhos onde se afaste a discriminação e as múltiplas barreiras que, no quotidiano, os invisuais encontram e que urge eliminar em prol de uma sociedade mais democrática, mais justa, mais fraterna e solidária. .
O Método de Braille, foi inventado por Louis Braille, um benemérito da Humanidade, que cegara aos 3 anos e viria a falecer, em Paris, em 1852, apenas com 43 anos de idade. Constituiu um importante apoio, permitindo um vasto número de actividades (leitura, integração profissional, música, lazer, etc).
Professor durante a sua curta vida, Louis Braiile, que foi também um exímio compositor, criou livros para facilitar o ensino. Elaborou com Foucault, um novo alfabeto para invisuais, também aplicado à música, à estenografia e ao cálculo, abrindo um tempo novo para os portadores da cegueira.
Nasceu em 4 de Janeiro de 1809 em Coupvray, na França, a cerca de 40 quilómetros de Paris. O seu pai, Simon-René Braille, era um fabricante de arreios e selas. Aos três anos, provavelmente, ao brincar na oficina do pai, Louis feriu-se no olho esquerdo com uma ferramenta pontiaguda, possivelmente uma sovela. A infecção que se seguiu ao ferimento alastrou-se ao olho direito, provocando a cegueira total.
Na tentativa de que Louis tivesse uma vida o mais normal possível, os pais e o padre da paróquia, Jacques Pallury, matricularam-no na escola local. Louis tinha enorme facilidade em aprender o que ouvia e em determinados anos foi seleccionado como líder da turma. Com 10 anos de idade, Louis ganhou uma bolsa do Institut Royal des Jeunes Aveugles de Paris .
Em 1821, quando Louis Braille tinha somente 12 anos, Charles Barbier, capitão reformado da artilharia francesa, visitou o instituto. Aí apresentou um sistema de comunicação, chamado de escrita nocturna, também conhecido por Serre e que mais tarde veio a ser chamado de sonografia. Tratava-se de um método de comunicação tátil que usava pontos em relevo dispostos num rectângulo com seis pontos de altura por dois de largura.
Assim, nos dois anos seguintes, Braille esforçou-se em simplificar o código. Por fim desenvolveu um método eficiente e elegante que se baseava numa célula de apenas três pontos de altura por dois de largura. Excepto algumas pequenas melhorias, o sistema permanece basicamente o mesmo até hoje.
Na França, a invenção de Louis Braille foi finalmente reconhecida pelo Estado. Em 1952, seu corpo foi transferido para Paris, onde repousa no Panthéon.
O código Braille
O nome "Louis Braille" em braille.
Sendo um sistema realmente eficaz, por fim tornou-se popular. Hoje, o método simples e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra escrita disponível a milhões de deficientes visuais, espalhados pelo mundo.
A visão é um dom tão precioso que o povo sintetizou de forma sábia o seu valor: “Em terra de cegos, quem tem um olho é rei”! E para terminar, direi que “Pior que ser cego, é aquele que não quer ver!”
Neste contexto, recordo a Ana Maria, uma colega cega, nos tempos da FLUC, que utilizava uma prancha própria e um estilete para tirar apontamentos. Durante as aulas, ouvíamos o som estridente e repetitivo, do martelar das letras em Braille... e a persistência de quem teve que aprender processos alternativos de escrita! A Louis Braille, ficou a dever a conclusão do seu curso de Filologia Germânica.
04.01.2012