Só o ignorante é intolerante!
Maria Donzília Almeida
"A responsabilidade da tolerância
está com os que têm a visão mais ampla”
George Eliot
A palavra tolerância deriva do étimo latino, tolerare, que significa sofrer ou tolerar pacientemente. Este conceito baseia-se numa aceitação assimétrica do poder. Tolera-se aquilo que se apresenta como distinto da maneira de pensar e de agir de quem tolera; este está numa posição de superioridade, em relação àquele que é tolerado. Pode ou não tolerar.
O Dia Internacional para a Tolerância foi instituído pela ONU como sendo o dia 16 de novembro de cada ano, em reconhecimento à Declaração de Paris, assinada no dia 12 deste mês, em 1995, com 185 Estados como signatários. Foi instituído pela Resolução 51/95 da UNESCO. A Declaração da ONU fez parte do evento sobre o esforço internacional do Ano das Nações Unidas para a Tolerância. Nela, os estados participantes reafirmaram a "fé nos Direitos Humanos fundamentais" e ainda na dignidade e valor da pessoa humana. Também contribuiu para poupar sucessivas gerações das guerras, por questões culturais, para tanto devendo ser incentivada a prática da tolerância, a convivência pacífica entre os povos vizinhos.
Foi então evocado o dia 16 de novembro, quando da assinatura da constituição da UNESCO em 1945. Remetia, ainda, à Declaração Universal dos Direitos Humanos que afirma: os últimos anos têm sido marcados por um acentuado aumento da intolerância, extremismo e violência em todo o mundo. Esta inquietante tendência é estimulada, em parte, pela crescente tendência para definir as diferenças em termos de identidade e não em termos de opiniões ou de interesses. Em consequência disso, indivíduos e comunidades inteiras são atacados e alvo de violência, simplesmente devido à sua origem étnica, religião, nacionalidade ou outra. Essas ameaças, que vão desde o genocídio em grande escala até humilhações provocadas pela intolerância diária, deveriam ser um motivo de preocupação para todos. Cada um de nós deve esforçar-se por defender os princípios da tolerância, do pluralismo, do respeito mútuo e da coexistência pacífica. Devemos estar dispostos a corrigir estereótipos e preconceitos e a defender as vítimas de discriminação.
O combate à intolerância passa, em parte, por garantias jurídicas. O direito à liberdade de culto e o direito à não discriminação por motivos religiosos estão há muito consagrados no direito internacional e muitos países incorporaram-nos na sua legislação nacional.
Mas o direito é apenas um ponto de partida. Toda e qualquer estratégia destinada a facilitar o entendimento deve assentar na educação. Há que aprender a conhecer as diferentes religiões, tradições e culturas, para que os mitos e distorções possam ser vistos como aquilo que são. Devemos criar oportunidades para os jovens, oferecendo-lhes uma alternativa credível ao canto da sereia do ódio e do extremismo. E é preciso que, ao mesmo tempo que protegemos a liberdade de expressão, nos esforcemos para impedir que os meios de comunicação sejam usados para propagar o ódio e humilhar as pessoas.
É importante que os exemplos venham de cima, o que nem sempre acontece em muitos países, onde a mulher é altamente discriminada e violentada, em nome de crenças religiosas fanáticas e extremistas. É forçoso que todos, em todo o mundo tenham direito à educação, pois, só assim poderemos viver numa sociedade justa e equitativa e consequentemente, tolerante.
O que mais se encontra, nas relações humanas, é a crispação de atitudes, em que nos vincos do rosto de quem a ostenta, se lêem os sentimentos de raiva, rancor, inveja e ódio, que tudo somado traduz aquilo que hoje debatemos: a intolerância.
“Só o ignorante é intolerante!” é a frase lapidar que deveria fazer parte das práticas de vida de todas as pessoas, mas mesmo nos países mais avançados, há muitos analfabetos neste domínio. Nem toda a classe docente excedentária, chegaria para instruir esta grande fatia da sociedade!!!
16.11.2010