Os milhões do futebolista e as perguntas a propósito
A revista “Sábado” dedica várias páginas do seu último número (9/16 de Junho), aos milhões de Cristiano Ronaldo e à sua proveniência. 30 milhões de euros por ano, 82 mil por dia, 3500 por hora, 57 por minuto, 1 por segundo! Assim se lê logo na capa.
Uma torneira que jorra sempre e já se prevê que o Mundial vai engrossar ainda mais o jorro já bem abundante.
Ouvi uma longa entrevista e o rapaz até aparece sensato, simples e cordial. Muito ligado à mãe e aos irmãos. E com sorte por beneficiar de quem o aconselha nos investimentos que faz e impede que tanto dinheiro depressa o leve o vento.
Apesar disto tudo, não se podem iludir perguntas normais sobre a desproporção do que se faz e se ganha, a diferença de remunerações entre colegas porventura menos habilidosos, mas não menos eficientes em campo, o como é dos impostos, o receber milhares por emprestar a cara a uma entidade bancária que, como outras, suga nos juros e aperta o gasganete aos aflitos, o descontrolo social entre o que faz tanta gente e os ordenados que recebe quem trabalha, o fazer do futebol a mais importante actividade social…
E, em relação ao jovem futebolista, a ostentação do supérfluo, os tiques e exageros de um novo-riquismo, as vivendas luxuosas, os carros topo de gama, as viagens de avião privado… E já nem se fale das mulheres encandeadas e do histerismo que as toca.
Mas há ainda a perguntar por onde passa o ideal de vida a propor à gente nova. A verdade é que Ronaldo é para muitos portugueses, embebedados pelo futebol, o herói nacional que tem valor e sorte…
António Marcelino