Onde está a sociedade justa e solidária?
O Governo de José Sócrates decretou a nacionalização do BPN, garantindo que os clientes não serão afectados nos seus depósitos. A CGD vai controlar a situação, depois de terem sido descobertas graves irregularidades, com negócios paralelos e à margem das leis. Que se saiba, os administradores fraudulentos ainda não terão sido incomodados. O Banco de Portugal, que tinha por missão estar atento à vida do banco e de todos os bancos, não deu por nada, ao longo dos anos. A onda avassaladora do liberalismo económico, sem alma e sem regras, deu nisto. O que virá a seguir?
Quando se fala de nacionalizações, em áreas fundamentais da vida económica, muita gente grita que estamos a cair numa sociedade colectivista, que ofende a liberdade e a propriedade privadas. Agora, face à crise que o liberalismo sem regras gerou, pondo em risco os bens, as poupanças das pessoas e até as suas pensões de reforma, todo o mundo se cala, achando bem que o Governo nacionalize o BPN.
Não sei, ninguém sabe, onde está a sociedade justa e solidária. O comunismo real e o capitalismo selvagem faliram. Os economistas não encontram soluções credíveis. Estamos todos suspensos de alguém que nos indique o sistema político-económico que promova o bem comum, a justiça social e a liberdade.
E como já vai sendo hábito, os administradores habilidosos e fraudulentos continuarão por aí impunes. Um desgraçado qualquer que seja apanhado a roubar um pão para matar a fome corre o risco de cair na cadeia, sem apelo nem agravo.
FM