A decepção de uns e a mediocridade de outros
O Arcebispo de Trento (Itália), D. Luigi Bressam, considerou, num Encontro Inter-religioso Europeu, que decorreu em Itália, entre 22 e 25 de Maio, do presente ano, que os textos dos políticos europeus são “decepcionantes e que os Documentos oficiais europeus não contêm uma “missão” para a Europa e critica a visão “eurocêntrica” dos mesmos.
“São decepcionantes – como diz – porque não têm na mente uma missão para a Europa e só prevêem novas estruturas com uma visão eurocêntrica do mundo, sem estarem prontos para reverem as regras de intercâmbios internacionais e económicos, se estas não tiverem como resultados proveitos para o chamado primeiro mundo.”
Numa altura em que o mundo está a passar por profundas alterações, com dinâmicas sociais e económicas a surgirem a um ritmo vertiginoso e, tantas vezes, inesperado, onde os centros de decisão da economia parecem, cada vez mais, estarem a deslocarem-se para outros países, estas recentes palavras do Arcebispo D. Luigi Bressan são tudo menos portadoras de confiança no futuro.
Durante a sua intervenção, D. Luigi Bressan referiu “que todos nós somos co-responsáveis pela paz e afirmamos o princípio que todas as pessoas têm de ser livres para conseguir a felicidade, de acordo com a sua natureza, como criaturas dotadas de razão e livre arbítrio.”
Contudo, o Arcebispo Bressan, reconhece que na Europa há uma “falta de interesse pela solidariedade e a promoção dos direitos dos outros”, considerando que “o desafio está em construir uma sociedade dinâmica, onde os membros poderão compartilhar uma consciência da sua unidade, apesar das convicções filosóficas, políticas e religiosas.”
Dificilmente o mundo volta a ser o que era e se os líderes europeus fazem de conta que nada de novo e definitivo está a acontecer só se podem estar a enganar a eles próprios.
Quando D. Luigi Bressan diz que os textos políticos europeus são decepcionantes está, pelo menos, a meu ver, a transmitir duas mensagens: que faltam líderes de qualidade à frente dos destinos da Europa e que estes já parecem não saber fazer melhor, nem sequer para defenderem os legítimos interesses dos seus cidadãos, tendo em conta, também os anseios dos outros continentes e países.
Por vezes, dou comigo a pensar quais serão os reais critérios que estão na base da nomeação ou eleição de um determinado líder, político ou não, para as funções que, supostamente irá exercer com honra, carácter, verdade e, quando necessário, até sacrifício pessoal.
Falo assim, porque sei que dirigir seja o que for, muito mais um país, não é uma tarefa fácil, a não ser que esse país, supostamente, não tenha nenhum problema para resolver, pois, como se costuma dizer: “Qualquer um toma o leme quando o mar está calmo.”
Ouvimos dizer, com alguma frequência, que as pessoas mais capazes se afastam da política, não só porque ao exercerem as suas profissões no sector privado ganham muito mais do que em tarefas de governação, assim como dificilmente seriam eleitos, na medida em que não se encaixam, muitos deles, no perfil plastificado e artificial que se foi instituindo e que as empresas de imagem alimentam e o povo parece gostar. Ter uma boa presença, ser fotogénico, possuir uma bonita voz, irradiar dinamismo e nunca se atrapalhar, quando sabe que até está a faltar à verdade, fazem parte deste folclore.
Assim, se a lógica não for sempre uma batata, a conclusão mais óbvia a retirar é que as probabilidades de serem os mais incapazes a acederem às múltiplas áreas de poder é muito grande. É evidente que todos somos responsáveis por este estado de coisas, quanto mais não seja por omissão ou por não termos coragem de dizer que já basta. Nem que, para isso, seja necessário, por vezes, dar um murro na mesa.
Vítor Amorim
O Arcebispo de Trento (Itália), D. Luigi Bressam, considerou, num Encontro Inter-religioso Europeu, que decorreu em Itália, entre 22 e 25 de Maio, do presente ano, que os textos dos políticos europeus são “decepcionantes e que os Documentos oficiais europeus não contêm uma “missão” para a Europa e critica a visão “eurocêntrica” dos mesmos.
“São decepcionantes – como diz – porque não têm na mente uma missão para a Europa e só prevêem novas estruturas com uma visão eurocêntrica do mundo, sem estarem prontos para reverem as regras de intercâmbios internacionais e económicos, se estas não tiverem como resultados proveitos para o chamado primeiro mundo.”
Numa altura em que o mundo está a passar por profundas alterações, com dinâmicas sociais e económicas a surgirem a um ritmo vertiginoso e, tantas vezes, inesperado, onde os centros de decisão da economia parecem, cada vez mais, estarem a deslocarem-se para outros países, estas recentes palavras do Arcebispo D. Luigi Bressan são tudo menos portadoras de confiança no futuro.
Durante a sua intervenção, D. Luigi Bressan referiu “que todos nós somos co-responsáveis pela paz e afirmamos o princípio que todas as pessoas têm de ser livres para conseguir a felicidade, de acordo com a sua natureza, como criaturas dotadas de razão e livre arbítrio.”
Contudo, o Arcebispo Bressan, reconhece que na Europa há uma “falta de interesse pela solidariedade e a promoção dos direitos dos outros”, considerando que “o desafio está em construir uma sociedade dinâmica, onde os membros poderão compartilhar uma consciência da sua unidade, apesar das convicções filosóficas, políticas e religiosas.”
Dificilmente o mundo volta a ser o que era e se os líderes europeus fazem de conta que nada de novo e definitivo está a acontecer só se podem estar a enganar a eles próprios.
Quando D. Luigi Bressan diz que os textos políticos europeus são decepcionantes está, pelo menos, a meu ver, a transmitir duas mensagens: que faltam líderes de qualidade à frente dos destinos da Europa e que estes já parecem não saber fazer melhor, nem sequer para defenderem os legítimos interesses dos seus cidadãos, tendo em conta, também os anseios dos outros continentes e países.
Por vezes, dou comigo a pensar quais serão os reais critérios que estão na base da nomeação ou eleição de um determinado líder, político ou não, para as funções que, supostamente irá exercer com honra, carácter, verdade e, quando necessário, até sacrifício pessoal.
Falo assim, porque sei que dirigir seja o que for, muito mais um país, não é uma tarefa fácil, a não ser que esse país, supostamente, não tenha nenhum problema para resolver, pois, como se costuma dizer: “Qualquer um toma o leme quando o mar está calmo.”
Ouvimos dizer, com alguma frequência, que as pessoas mais capazes se afastam da política, não só porque ao exercerem as suas profissões no sector privado ganham muito mais do que em tarefas de governação, assim como dificilmente seriam eleitos, na medida em que não se encaixam, muitos deles, no perfil plastificado e artificial que se foi instituindo e que as empresas de imagem alimentam e o povo parece gostar. Ter uma boa presença, ser fotogénico, possuir uma bonita voz, irradiar dinamismo e nunca se atrapalhar, quando sabe que até está a faltar à verdade, fazem parte deste folclore.
Assim, se a lógica não for sempre uma batata, a conclusão mais óbvia a retirar é que as probabilidades de serem os mais incapazes a acederem às múltiplas áreas de poder é muito grande. É evidente que todos somos responsáveis por este estado de coisas, quanto mais não seja por omissão ou por não termos coragem de dizer que já basta. Nem que, para isso, seja necessário, por vezes, dar um murro na mesa.
Vítor Amorim