sábado, 24 de fevereiro de 2007

Um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen


ESCUTO MAS NÃO SEI


Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies no vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita

Apenas sei que caminho como quem
É olhado e amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco

:
In Revista XIS,
última edição,
17-02-2007

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